Questões como a sustentabilidade e a preocupação com o ambiente estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia. Há quem faça disso um lema de vida e leve muito a sério todas as escolhas que faz, mas também há quem tente ir mudando alguns detalhes que para poder viver de forma mais sustentável. Se esse é o seu caso, provavelmente estará a pensar mudar alguns hábitos de consumo e em especial o que diz respeito à roupa.
Neste campo, a informação é muita e variada. Sabemos que a indústria da moda tem ganhado cada vez mais protagonismo e que as fast fashion tornaram mais fácil o acesso a roupa gira e barata. Ao mesmo tempo, isso aumentou o problema do desperdício e dos gastos de produção pouco amigos do ambiente.
É possível ter uma vida mais sustentável escolhendo tecidos diferentes dos que usa habitualmente, reduzindo o consumo ou até simplesmente tendo em atenção algumas das tarefas diárias. Para não ficar perdido e sem saber muito bem como começar, convém saber alguns dos pontos onde pode realmente mudar o seu comportamento, até sem grande esforço.
Evite lavagens desnecessárias
De uma forma simples, pode começar a diminuir a sua pegada ecológica e a ser mais sustentável com pequenas coisas como a lavagem das peças. Sempre que puder, evite lavá-las desnecessariamente — além de poupar a roupa em si, vai também reduzir o consumo de água, detergente e energia da máquina. Neste ponto, é importante também que as lavagens sejam feitas a baixa temperatura e que, caso a sua máquina tenha essa opção, escolha um programa eco.
Com estes passos simples vai poupar não só nos gastos de água, luz e detergente mas também nas próprias peças, que ao não se estragarem tanto vão ter uma vida maior e evitar que precise de comprar mais roupa sem necessidade. Lavar as peças do avesso também ajuda a manter as cores e o exterior em bom estado. Pode acrescentar a esta rotina os sacos especiais de lavagem onde colocar a roupa: vão proteger as peças e ainda evitar que os microplásticos libertados pelos tecidos acabem nos oceanos. Sim, pode parecer absurdo, mas há estudos que dizem que por cada lavagem podem ser libertados entre dez e 12 milhões de fibras.
Aprenda a remendar em casa
Dentro destes pequenos cuidados que podemos ter, aprender a fazer arranjos ou conhecer uma boa costureira pode fazer milagres. Muitas vezes deixamos peças encostadas porque estão descosidas, têm falta de botões ou a bainha por fazer. Isso significa que vamos acumular e acabar por comprar outras roupas, o que não é nada bom para o ambiente.
Ou seja, mais vale recuperar o que já temos. Numa outra perspetiva, podemos até usar esses conhecimentos para alterar peças que temos guardadas e dar-lhes uma nova vida. Poupamos e ainda ficamos com peças únicas e exclusivas no armário.
Agora que percebeu o que pode fazer com a roupa que tem, é provável que continue a querer comprar algo novo para diversificar o guarda-roupa e não tem de condenar-se por isso. Basta que faça compras mais conscientes.
Compre de forma consciente
Isso implica pensar em várias questões como o facto de que menos é mais. Ou seja, opte por comprar menos, fazer escolhas mais pensadas e investir em peças de maior qualidade. Embora possam ser mais caras do que o pronto a vestir massificado, também vão durar mais e com isso rentabilizar mais o seu preço e diminuir o impacto ambiental da produção.
Então, em que peças devemos investir? A resposta não é totalmente linear nem igual para toda a gente. Primeiro, pense que deve gastar mais dinheiro em peças a que vai dar mais uso e não investir boa parte do seu orçamento naquela roupa de cerimónia que usa apenas uma vez.
Depois, há opções que não implicam o desperdício provocado pela produção de novas peças, como comprar roupa vintage, por exemplo. Está na moda e ainda ajuda nesta jornada da sustentabilidade. Além desta ideia, pode sempre trocar roupa com amigos e familiares ou comprar em lojas de roupa em segunda mão. Para aquelas peças mais extravagantes ou caras que só usa uma vez, como roupa de cerimónia ou para um evento específico, a solução pode passar por alugar roupa. É prático, amigo do ambiente e tem a vantagem de conseguir usar marcas mais caras sem gastar aquilo que realmente custam.
Há mais dois truques a que deve recorrer na hora de comprar roupa nova. Escolha preferencialmente peças intemporais porque vai conseguir usá-las mais vezes sem ficar com um visual demasiado datado. Depois, pense sempre na regra dos 30, ou seja, se a peça vai durar 30 lavagens em bom estado e se é algo que realmente vá usar pelo menos 30 vezes.
Por fim, pense bem antes de cada compra, faça comparação de preços e investigue as marcas para perceber se também têm cuidados com a sustentabilidade, como é que escolhem os fornecedores, os tecidos, o tipo de produção e tudo o que possa implicar um maior ou menor impacto ambiental.
Privilegie os tecidos sustentáveis
No campo dos tecidos, não pense que apenas por escolher matérias naturais vai estar a ser mais sustentável porque isso nem sempre é verdade. Produzir algodão, mesmo aquele que diz orgânico, nem sempre é melhor do que poliéster. A Trusted Clothes, por exemplo, tem uma lista que pode consultar onde explica quais são os melhores tecidos para usar quando procuramos sustentabilidade. Em geral, tecidos de linho, de cânhamo, de bambu, alpaca, lyocell, tencel, lã orgânica ou seda são boas opções. O mesmo é válido, claro, para aqueles que resultam de diversos processos de reciclagem.
Não se esqueça também de procurar a etiqueta Oeko-Tex quando for comprar roupa nova. Isso quer dizer que aquele tecido não foi fabricado com químicos nocivos, o que é bom tanto para a sua pele como para os oceanos, para onde vai a água — possivelmente contaminada — de cada lavagem. Em suma, garante que esta escolha é o mais sustentável possível.
Agora que sabe o que fazer para encher e cuidar do seu armário, não se esqueça de dar um bom fim à roupa que já não quiser. Pode vendê-la em segunda mão, dar ou trocar com amigos, doar a quem mais precisa ou simplesmente reciclar (há pontos específicos para isso e algumas marcas também têm essa opção nas suas lojas). Só não, vale deitá-la diretamente no lixo.