Magras, altas e esbeltas. É, por norma, esse o perfil que se associa às mulheres com lugar reservado nas passerelles da Semana da Moda de Nova Iorque. Mas, aos poucos, essa rigidez vai-se esbatendo, sobretudo graças ao exemplo de jovens como Monika Myers.
A adolescente canadiana tem apenas 14 anos, mas viajou de Toronto, no Canadá, diretamente para um dos maiores eventos mundiais da indústria da moda. Nova Iorque, que recebeu o evento em setembro, conta com diversos desfiles e foi num desses momentos, patrocinado pela Primark, que a jovem teve a oportunidade de uma vida.
“Os meus amigos nem queriam acreditar na minha transformação, ao verem-me com um véu lindíssimo, com pestanas falsas e com aquele penteado”, comentou a jovem, citada pelo “The Daily Mail”. Além do desfile da Primark, Myers foi escolhida para participar no evento de Wanda Beauchamp Couture.
“Foi incrível. Vesti imensas roupas bonitas e conheci muita gente fixe. Senti-me com uma princesa, com duas pessoas a arranjarem-me o cabelo e a fazerem a maquilhagem”, contou. “Não me senti nada nervosa. Sou corajosa e bonita.”
Esta não foi, contudo, a primeira aventura da jovem na moda. Já participou em diversos eventos de moda no Canadá, inclusive na Semana da Moda Infantil de Toronto. Apaixonada pela moda, diz inspirar-se noutras modelos com síndrome de Down, como Madeline Stuart ou Ellie Goldstein.
Além de guiar pelo exemplo, Myers é a cara de uma iniciativa própria, chamada “I Am Brave and Beautiful”, “Sou Corajosa e Bonita”, que ajuda outros jovens na mesma condição a concretizarem os seus sonhos. Hoje, também ela é uma modelo profissional, contratada pela agência internacional Zebedee.
“Ter uma filha com síndrome de Down, tende-se a não viver a vida com muita pressa. Vive-se no momento”, explica ao diário britânico a mãe, Stephanie Myers. “Quando a vejo a fazer coisas que nunca sonhei que ela pudesse fazer, fico imensamente orgulhosa. Estou tão orgulhosa dela e acho que ela também está orgulhosa de si própria.”
A jovem, que sempre adorou tudo o que tenha a ver com maquilhagens, vestidos e penteados, estreou-se nas passerelles com apenas dois anos. “Quando a vi a desfilar, emocionei-me e agora quando a vi na Semana da Moda de Nova Iorque, fartei-me de chorar”, conta a mãe, enquanto sublinha a notória diferença na mentalidade destes eventos.
“Ela é a primeira canadiana com síndrome de Down a desfilar. Perceber que começam a existir estas mudanças na indústria é espetacular”. E acrescenta: “Faz-nos realmente perceber que somos todos iguais e ver o quanto ela gostou da experiência, torna tudo muito especial.”