Música

Testámos a nova app de concertos e nunca estivemos tão perto do palco

Agir foi o primeiro músico a atuar através da Best Seat. Vêm aí nomes internacionais.

Aqui não há a adrenalina dos momentos que antecedem a entrada de um músico em palco, a energia de um público que salta todo ao mesmo tempo ou que canta os refrões em sintonia. Mas também não há a necessidade de nos colocarmos em bicos de pés, não há filas para a casa de banho nem 58 filas de pessoas à nossa frente.

É confortavelmente sentados (ou em pé quando a música o justifica) no sofá da nossa sala que esperamos pelo início de cada concerto da Best Seat, a nova app inteiramente portuguesa que, de forma gratuita, dá acesso a concertos exclusivos, onde o público até pode interagir entre si e com a banda.

Agir é o primeiro convidado e o cronómetro no ecrã central da aplicação faz a contagem decrescente para as 21 horas desta terça-feira, 5 de abril. Inicialmente aparece Mia Rose, a apresentadora que vai introduzir, em cada concerto, os músicos e que explica (também em inglês) como funciona a interação e mostra o estúdio. O espaço é muito maior do que se podia esperar para um concerto exclusivo para uma app. Há lugar para um pianista, um guitarrista, um baterista e um DJ e lá atrás estão vários ecrãs gigantes.

Agir entra às 21h03 e nessa altura já há 167637 palmas e 165676 corações — estas são as duas interações mais simples e imediatas, basta clicar num dos ícones para enviar incentivos durante a atuação.

No lado direito do ecrã (se estiver a ver no computador) ou na metade inferior do ecrã do telemóvel é sempre possível perceber a percentagem de homens e mulheres online — por esta altura são 33% contra 67%. Um segundo gráfico mostra que há 93% espectadores em Portugal e 7% no estrangeiro. Os dados são constantemente atualizados mas fica a faltar um que indique o número de pessoas que estão ligadas ao mesmo tempo: apenas com percentagens não é possível perceber se somos mil ou dez mil.

Num chat, há dezenas de pessoas a queixarem-se do “erro 302”, não conseguem ouvir ou ver a imagem. Ainda assim, eu não detetei qualquer falha na ligação, nem no portátil nem no telemóvel, que fui alternando ao longo da transmissão. Apenas no final, quando Agir já não estava a cantar, a imagem falhou mas com um simples refresh, tudo regressou ao normal três segundos depois.

O concerto dura uma hora, sem intervalos nem publicidade, e segue-se uma entrevista de 15 minutos

“Agir, dá-me a tua camisola”, “és lindo” ou “diz olá à minha prima” são apenas algumas das mensagens que o público envia e que o músico vê em tempo real. À sua frente, no chão, estão três ecrãs: um tem os gráficos com as percentagens do público, o outro revela o número de aplausos e corações e o terceiro as mensagens.

É assim que ele inclui muitas vezes o nome dos fãs no meio das letras de temas como “Tempo é Dinheiro” ou “Ela Parte-me o Pescoço”. Entre eles, aproveita para responder a algumas questões.

Na primeira tentativa de enviar um comentário, desaparece-me toda a caixa de texto do ecrã. No entanto, no telemóvel esta funcionalidade cumpre o objetivo na perfeição. Nota-se que a app está sobretudo pensada para tablets e telemóveis e muito menos para computadores. No telefone tudo é mais bonito e fácil, um clique chega para consultar a biografia, discografia e fotos de Agir.

Os fãs mais entusiastas — ou seja, os que aplaudem mais ou mandam mensagens — podem também receber uma recompensa no final, como um encontro com o cantor, e sobem no ranking consoante o seu nível de participação.

Foi também o que aconteceu a Clara Sá, que ganhou um passatempo e se senta ao lado de Agir em palco, enquanto este canta “Como Ela é Bela”. Há ainda outras surpresas, como um dueto com Carolina Deslandes, em “Mountains”, e a apresentação de um tema novo, em exclusivo para o público do Best Seat, “Maroto”.

A qualidade do som é boa, a iluminação e a imagem também. Contudo, a transmissão no telemóvel está bastante mais atrasada no telemóvel do que no computador.

O concerto dura exatamente uma hora, sem intervalos nem publicidade, e segue-se uma entrevista de cerca de 15 minutos conduzida por Mia Rose.

No final da atuação, um pop-up no ecrã lança uma pergunta: “Quem gostarias de ver no próximo Best Seat? Shawn Mendes, Fergie ou Nick Jonas?” As hipóteses podem dar indícios sobre um dos futuros convidados, já que os criadores da app têm previstas atuações de músicos estrangeiros brevemente, como já explicou à NiT Frederico Fernandes.

No final, há mais de quatro milhões de palmas e os gráficos indicam agora que estão online 69% de mulheres, contra 31% de homens, e que 90% do público está a ver a emissão em Portugal.

Não será nunca a mesma coisa do que ver assistir a um concerto ao vivo, é verdade, mas é uma alternativa ótima quando não há tempo ou orçamento (aqui tudo é gratuito) para ir a um espetáculo. Melhor ainda para quem não está na mesma cidade.

No primeiro lugar do ranking da interação no concerto de Agir fica João Raimundo, com 73 mil cliques. Eu fico em 1637.º lugar, com apenas 107 interações. Para a próxima, está visto, se quiser uma posição menos vergonhosa, vou ter de enviar corações ou palmas ao ritmo de cada batida da música.

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