Tem cabelo volumoso, brincos grandes, plataformas e muito estilo. Mas também é detetive, usa roupa escura e combate o crime entre super-heróis. Susan Heyward é, na verdade, estas duas duas personagens em séries diferentes, ambas transmitidas atualmente no TVSéries.
Na primeira, “Vinyl” — que se passa em Nova Iorque, numa editora de música, em plena década de 70 —, a atriz é Cece, a fiel secretária do protagonista, Richie Finestra (Bobby Cannavale), que sabe sempre o que fazer para resolver as piores asneiras do chefe. Na segunda, “Powers”, é Deena Pilgrim, o elemento cómico da dupla que faz com Christian Walker (Sharlto Copley) e que tem de controlar os impulsos e as zangas entre super-heróis.
Este é a primeira série de ficção da PlayStation e nem a própria Susan Heyward acreditava que teria grande futuro. No entanto, o projeto avançou mesmo para uma segunda temporada. Antes da estreia no TVSéries, esta sexta-feira, 10 de junho, às 22h15, leia a entrevista à atriz, que falou com a NiT por telefone.
No primeiro casting de “Vinyl” usou brincos grandes, cabelo volumoso. Para “Powers” levou um casaco de cabedal. Faz sempre grandes produções para se colocar logo na pele da personagem?
Vou tão longe quanto acho que entendo aquela personagem. Se achar que não a percebo totalmente, arrisco menos. Não é que exagere no look, mas gosto de me sentir confortável para que possa surpreender as pessoas. Em “Vinyl” eu sabia que aquele mundo seria sobre Rock n’ Roll e looks muito exagerados. Em “Powers” não tinha bem a certeza do que o universo ia ser mas para conseguir um pouco das característica que eu achava que a Deena ia ter, o meu blusão de cabedal favorito da Marshalls foi simplesmente a coisa certa para usar.
Quando começaram as gravações, a personagem correspondeu àquilo que já tinha imaginado na sua cabeça?
Não, nunca corresponde. Com o que se recebe dos guionistas e o que os nossos colegas de cena fazem, construímos sempre algo diferente daquilo que tínhamos em mente. É isso que adoro no meu trabalho, o facto de poder colaborar com pessoas tão diferentes e de, juntos, criarmos algo infinitamente melhor do que o que teríamos feito sozinhos.
É por isso que adora os ensaios, porque pode sempre mudar alguma coisa?
Sinto que nos dá um pouco mais de controlo sobre a história que queremos contar. De vez em quando é bom improvisarmos e surpreendermo-nos a nós próprios mas eu adoro os ensaios porque conseguimos perceber e definir o rumo da personagem.
Como é que a Deena evoluiu na segunda temporada de “Powers”?
A segunda temporada é maior, deixamos a divisão de Powers e vamos para outros sítios, as coisas estão mais complicadas. Conhecemos mais personagens e podemos ver as antigas a darem tudo por tudo para manterem a cidade segura.
“Powers” é a primeira série ficcional da PlayStation. No início não teve medo que isto não passasse de uma experiência?
Com todos os conteúdos novos há muitos riscos e eu entendo isso. Experimentamos algo e, se não funcionar, tudo bem. Nunca saberemos a não ser que tentemos. Estava empolgada por experimentar algo novo, fico muito feliz pelo facto de a PlayStation considerar que construímos algo a que vale a pena regressar. O nosso trabalho é mais divertido quando arriscamos um pouco.
Estava à espera que a série fosse renovada para uma segunda temporada?
Não tinha a certeza. No final da primeira temporada fui-me embora a sentir que aquilo era como uma moeda a girar no ar e que quando caísse no chão podia ficar virada para o “sim” ou para o “não”. Realmente não fazia ideia. Construímos algo tão específico na primeira temporada, era fácil imaginar um mundo em que as pessoas achassem: “Ah, isto é inesperado. Ok, não precisamos de ver mais.” Ou então um mundo diferente, em que as reações fossem: “Ah, não estávamos à espera disto. Vamos ver mais.” Sempre soube que dependeria do que os tipos lá em cima [da produtora, do canal] decidissem. E eles quiseram mais uma ronda.
Está neste momento em duas séries muito diferentes, “Powers”, sobre super-heróis, e “Vinyl”, passado numa produtora de música nos anos 70. Como é que concilia tudo isto e muda o chip de uma personagem para a outra?
O mais difícil é gerir os horários e as gravações, ambas são produções muito grandes e têm necessidades específicas. Estou muito agradecida a todos eles por terem feito o esforço de me partilharem durante um pouco no ano passado. Não é fácil, é muito duro até, mas eu adoro o meu trabalho. Quando temos equipas diferentes que nos ajudam na roupa, na maquilhagem, que nos ajudam a construir as personagens, parece que estamos a comer as nossas duas refeições favoritas. Quando trabalhamos com pessoas tão incríveis como estas só queremos dar o nosso melhor e não nos confundimos porque as histórias são completamente diferentes e o objetivo de cada é muito distinto.
Mas faz algo para limpar a cabeça, passar da Deena para a Cece?
Adoro fazer ioga sempre que posso, ajuda o meu corpo a encontrar o equilíbrio e a pensar com clareza. Especialmente para personagens como a Deena, em cima de quem as expetativas estão sempre muito elevadas, e que tem de ser até agressiva por vezes, para que eu consiga vir para casa sem essa raiva, tento exercitar-me para ter a certeza de que consigo libertar a energia. O que eu também adoro na Deena é poder sempre voltar ao material dos comics, consigo perceber os elementos que tiramos da história original e a que damos uma vertente mais fresca na série. Gosto muito de ler para ter a certeza de que me mantenho fiel ao essencial.
Se pudesse ser uma super-heroína, qual é que escolhia?
Cresci a adorar a Storm, do universo de “X-Men”, que é na verdade quase o oposto da Deena Pilgrim. É como uma força apaziguadora enquanto líder, as pessoas seguem-na e adoro como ela consegue controlar certos elementos para obter aquilo que quer. A Deena tem de representar muito para ter a certeza de que as pessoas lhe prestam atenção.