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A NiT falou com Katie Stevens, a estrela de “Faking IT”

É viciada em pastéis de nata e, aos 16 anos, ficou em nono no "American Idol". A luso-descendente regressa com a segunda temporada esta quinta-feria, a 3 de setembro.

Foi a música “At Last”, de Etta James, que lhe garantiu o passaporte para Hollywood na nona edição do “American Idol”. Na altura, Katie Stevens tinha apenas 15 anos e mal acreditava que estava a participar num dos programas de maior audiência nos Estados Unidos. Uma das juradas, Kara DioGuardi, disse-lhe que era uma das “mais talentosas miúdas de 16 anos [que fez parte das gravações] que alguma vez tinha visto”. Ficou em oitavo, fez uma tournée por diversos estados com os melhores concorrentes e agora está a preparar o primeiro álbum de originais.

Entretanto começou também uma carreira como atriz e em 2014 conseguiu o papel de Karma Ashcroft, uma das protagonistas da série “Faking It”, cuja segunda temporada estreia em Portugal, na MTV, a 3 de setembro.

Em casa fala inglês mas é viciada em pastéis de nata. Tudo porque a mãe, Clara, é portuguesa e Katie tinha uma relação muito próxima com a avó materna, que passou anos a contar-lhe histórias da Lousã, onde cresceu. Foi lá que esteve durante as férias que passou em Portugal em junho, altura em que falou também à NiT dos seus futuros projetos.

O álbum ainda não tem data de lançamento, porque Katie Stevens quer “dar aos fãs um disco perfeito”, e não terá temas em português. “Só sei mesmo cantar o hino”, lamentou. No fim da entrevista tinha à sua espera CD de João Só e dos D.A.M.A., que a MTV lhe entregou. “Ah que bom, já tenho o que ouvir quando voltar para Los Angeles.”

Antes da estreia de “Faking It”, que nos Estados Unidos já foi renovada para uma terceira temporada, leia a entrevista de Katie Stevens e veja o vídeo.

Começou a cantar aos cinco anos? Lembra-se da música?

A primeira música que cantei foi o hino norte-americano e foi em público. Eu costumava cantar para os meus pais, para a família mas a primeira vez que cantei para mais pessoas foi numa festa onde estava o governador do meu estado. E estava tão nervosa que o meu irmão e os meus primos tiveram de ir para trás de mim para me ajudarem a cantar. Foi muito importante porque era muito nova. Ali apanhei o bichinho e tinha de continuar a atuar.

Sempre teve o sonho de fazê-lo como carreira?

Sempre adorei cantar e representar e sabia que queria trabalhar na indústria de alguma forma. Aos 15 anos fiz uma audição para o “American Idol” e nunca pensei passar mas ganhei o passe para a Califórnia. A partir daí decidi que queria experimentar representar e comecei a fazer castings. Quatro anos depois, isso levou-me à série “Faking It”.

Sempre teve apoio da sua família?

Sempre souberam que este era o meu sonho e acompanham tudo. A minha mãe acompanhou-me durante todo o “American Idol”. Ela era trabalhadora por conta própria portanto foi fácil de conciliar mas fez muitos sacrifícios. A minha família vive no Connecticut e ela teve de deixar a minha avó, que estava doente na altura, portanto estarei para sempre agradecida.

Como se adaptou à mudança para Los Angeles?

Tinha 15 anos quando fui para participar no “American Idol” e fiz 16 na altura das gravações. Quando fui eliminada voltei ao Connecticut durante três meses mas depois fizemos o “American Idol Tour” (com os dez melhores participantes) por todo o continente e regressei a Los Angeles. Ia inscrever-me na faculdade mas a minha mãe disse-me: “Porquê desperdiçar dinheiro e tempo na universidade se é isto que queres fazer?Podes estudar na mesma e tirar um curso online.” Ela apoiou-me e ajudou-me na mudança.

O que foi mais difícil na adaptação?

Sou de uma cidade muito pequena, conhecia toda a gente lá e tinha a minha família. O mais difícil foi adaptar-me a uma cidade grande, saber para onde tinha de ir. É preciso algum tempo, sobretudo quando somos tão jovens, mas acho que correu bastante bem.

Como é a rotina lá agora?

Tenho muitas saudades da minha família mas os meus pais fazem férias na Califórnia e o meu irmão agora mudou-se para lá, portanto agora vivemos juntos. Estamos ao pé da única padaria portuguesa em Los Angeles, a Natas. Gosto de ir lá beber uma bica, comer um pastel de nata. Vamos à praia, faço audições, tenho aulas de representação.

Manteve o contacto com alguém do “American Idol”?

O júri vemos exatamente ao mesmo tempo que os espectadores, não ficamos com o número deles. Mas com os concorrentes sim. Ainda faço com o Lee [DeWyze], que ganhou, e também com a Didi Benami e o Andrew Garcia. Estamos espalhados por todo o país mas falamos ao telefone.

Como é um dia de filmagens em “Faking It”?

Acordo muito cedo, às 5h. É fácil porque só tenho de acordar, depois alguém trata da maquilhagem, do cabelo. Começamos a filmar às 7h e às vezes acabo às 19h, 20h. Mas como é divertido, não é uma obrigação, não sito que seja um trabalho. Filmamos durante cerca de dois meses e é ótimo porque nos tornámos também uma família.

O que é que se pode esperar da sua personagem, Karma Ashcroft, nesta segunda temporada, que estreia em Portugal a 3 de setembro?

A Karma fez muitos erros e agora vai tentar reparar as amizades. A Amy e o Liam também têm um segredo enorme — que os fãs conhecem mas a Karma não.

Está agora a gravar o primeiro álbum de originais. Que projetos tem mais para o futuro?

Agora só estou focada na música. Estou a gravar em Nashville, no Tennessee, porque é country mas uma espécie de country pop, como a Carrie Underwood. São músicas que conta, uma história com que as pessoas se podem identificar. Estou a escrever mas é devagarinho. Depois o meu namorado, que é guitarrista, faz a produção.

Tinha letras guardadas há vários anos que vai usar agora?

Partes de letras que fiz quando era mais nova, mas não são músicas completas.

Já consegue acreditar que vive rodeada de celebridades?

Não fui criada numa época onde existia Twitter e coisas assim. Eu era fã das pessoas mas não tinha esse tipo de ligação. Há uns fiz parte de um musical e conheci o Lance Bass, dos N*Sync, que eu adorava quando era mais nova. Foi ao meu espetáculo para me ver e eu, a cantar em frente, fiquei muito nervosa. Era um musical do filme “Cruel Intentions”, com a Reese Whiterspoon, Sarah Michelle Gellar e Selma Blair. Elas também foram ver e falei com a Sarah Michelle Gellar. Quero pensar que estava a falar à vontade mas estava mesmo nervosa. Veio a Reese Whiterspoon, que eu adoro e é mesmo famosa, e eu não estava a acreditar. Mas eram tão simpáticas. A Sarah deu-me o e-mail dela e no dia seguinte recebi um e-mail dela a dizer que o musical era uma maravilha.

Como é a relação com os seus fãs?

Nas férias, o meu namorado pôs uma foto no Instagram, só do mar e de uma rua, eu estava na casa da minha tia. Depois nos comentários vi um que dizia: “Estou em Portugal, estou à tua procura.” Isso a mim mete-me um bocadinho de medo. Depois a minha tia disse que foram duas miúdas a casa dela à minha procura. A Internet mete-me um bocadinho de medo porque é tão fácil receber informação assim. Lembro-me de um dia em que fui para Miami, não publiquei nada acerca disso mas depois, quando desembarquei em Los aAngeles, fui buscar as malas e ouvi “Katie”. Era um fã que sabia o meu voo e foi lá para me conhecer. É incrível ter fãs apaixonados, não é que nos queiram fazer mal mas é estranho.

Qual é a primeira coisa que faz quando chega a Portugal?

Desta vez fui comer bife na pedra, mas adoro sempre os pastéis de nata e a sopa da minha tia. A última vez que tinha vindo foi há quatro anos mas agora foi diferente. Como agora estou a trabalhar, paguei a viagem sozinha. A primeira vez que vim tinha 11 anos e a recordação que me ficou foi de nadar com os meus primos na praia. Aí era novinha, não sabia falar perfeitamente português e eles não falavam inglês — só sabiam contar até dez. Não era fácil comunicarmos mas a minha avó estava sempre a corrigir-me.

Tem esta ligação com Portugal muito graças à sua avó.

Ela falava muito da história de amor com o meu avô. Ela era mais velha, eles eram vizinhos aqui na Lousã. A minha avó não gostava dele, gozava e batia-lhe. Quando ele tinha 17 anos foi para os Estados Unidos, voltou dez anos depois e pediu-a em casamento. Foi assim que foram para os Estados Unidos. Agora ir à Lousã e ver os sítios onde ela foi criada, a casa do meu avô ainda está lá, a igreja onde ela fez a comunhão… Ela morreu em abril, portanto foi muito emotivo. Tenho muitas saudades dela, queria que ela estivesse cá connosco mas agora está a ter uma festa no céu.

Conhece músicas portuguesas?

A minha prima está sempre a cantar mas eu não conheço. Só o hino, esse sei cantar.

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