Música

A história de Olivia Rodrigo: a atriz da Disney que virou estrela da música pop

Foi a grande revelação de 2021. Nomeada para 7 Grammy, bateu recordes do Spotify e é a Mulher do Ano para a revista “Billboard”.
A artista tem 18 anos.

Nos últimos dias, Olivia Rodrigo foi considerada a Mulher do Ano pela revista “Billboard”. Ao longo de 2021, esta jovem de 18 anos afirmou-se como uma das maiores estrelas pop do mundo — e já se tornou um ícone para a sua geração. A sua história ainda é curta, mas recheada de grandes feitos.

Olivia Isabel Rodrigo nasceu em 2003 na Califórnia, nos Estados Unidos. Cresceu na zona de Temecula, filha de um terapeuta familiar de origem filipina e de uma professora de origens germânicas e irlandesas. Foi logo na creche que começou a ter sessões de canto. Pouco tempo depois, já frequentava aulas de piano. Com seis anos, na escola, cantava e participava em peças de teatro. Aos 12, começou a aprender guitarra.

Ao longo da infância e adolescência, foi bastante influenciada pela música que os pais ouviam — sobretudo ligada ao rock. Desde os Pearl Jam aos Green Day, passando pelos The White Stripes e os No Doubt, foram muitas as bandas que fizeram parte da sua educação musical familiar. O primeiro concerto a que assistiu foi uma atuação dos Weezer.

Depois, Olivia Rodrigo começou também a interessar-se por sonoridades mais country, especialmente quando se tornou uma das maiores fãs de Taylor Swift — compositora pop com alguma estética country.

Tinha apenas 12 anos quando protagonizou o primeiro anúncio publicitário — para a Old Navy. No mesmo ano estreou-se num pequeno filme, “Grace Stirs Up Success”, onde interpretou a protagonista. Em 2016, mudou-se para Los Angeles quando foi selecionada para interpretar a personagem Paige Olvera, que tocava guitarra, na série da Disney “Bizaardvark” — trabalhou nesse projeto durante três anos.

Quando saiu de “Bizaardvark”, conseguiu um papel numa produção maior da Disney, a série de “High School Musical”, onde continua até hoje. Para a banda sonora da produção, compôs o tema “All I Want” e co-escreveu “Just for a Moment”, com o seu colega Joshua Bassett.

O seu talento era evidente e foi isso que levou a Interscope e a Geffen Records a quererem assinar um contrato com Olivia Rodrigo em 2020. Viam-na como mais uma estrela da Disney que podia dar o salto para uma enorme carreira na música — como Demi Lovato ou Miley Cyrus, além de casos mais antigos, como os de Justin Timberlake, Christina Aguilera ou Britney Spears. Mas, ao mesmo tempo, Rodrigo explicou que ficou interessada no acordo porque a viam sobretudo como uma compositora talentosa — e não apenas como uma intérprete com potencial para ser uma estrela pop.

A vida de Olivia Rodrigo mudou completamente a 8 de janeiro de 2021, quando lançou a música “Drivers Licence”. A canção bateu duas vezes o recorde do Spotify de mais streams numa única semana — a 12 de janeiro já tinha sido ouvida mais de 17 milhões de vezes na plataforma de streaming. No espaço de sete dias, eram mais de 80 milhões de plays, o que também foi um recorde. Conquistou sobretudo um público jovem.

“Tem sido absolutamente a semana mais louca da minha vida. A minha vida inteira mudou num instante”, disse a cantora e atriz ao “The New York Times” na altura. Apesar de haver inúmeras histórias de sucesso repentino, não é de todo habitual que algo assim aconteça com o lançamento de um primeiro single por parte de um artista.

O TikTok terá contribuído para o sucesso de “Drivers Licence” — uma vez que se tornou num dos temas mais usados para vídeos na rede social. E o programa “Saturday Night Live” fez um sketch baseado na canção. Apesar de nunca ter sido confirmado, muitos fãs acreditam que a música que aborda um desgosto amoroso foi inspirada numa alegada relação de Olivia Rodrigo com o colega Joshua Bassett.

Em abril, lançou o segundo single, “Deja Vu”, que foi mais um enorme sucesso. No mês seguinte chegou “Good 4 You”, outro êxito, ainda que tenha tido uma vida atribulada. Olivia Rodrigo teve de creditar a banda Paramore, já que o seu tema era bastante semelhante a “Misery Business”.

“É desapontante que, em geral, as pessoas descredibilizem as habilidades e o talento de jovens mulheres. Toda a música é inspirada por outra música, e acho que seria muito fixe se uma rapariga daqui a 15 anos quisesse criar uma canção inspirada em algo que eu criei. É esse o objetivo da criatividade”, disse numa entrevista ao “LA Times”, publicada em dezembro.

Não só criou do nada uma legião de fãs, como foi bem recebida pela crítica musical. Isso acentuou-se ainda mais com o lançamento do disco de estreia, “Sour”, editado a 21 de maio de 2021. Foi um dos álbuns do ano para várias publicações especializadas.

Caracterizada como “a voz da sua geração”, criou um disco intenso que inclui alguma angústia típica da adolescência — com influências de pop punk — mas também baladas pop que abordam desgostos de amor de forma realista (e não melodramática). Pegou nas suas vulnerabilidades e inseguranças e construiu canções a partir delas. Taylor Swift, Lorde e até nomes como Avril Lavigne ou Fiona Apple foram algumas das influências. Taylor Swift já mostrou publicamente orgulho pelo que Olivia Rodrigo tem feito.

No final do ano, o impacto que teve é incontornável. “Sour” foi o álbum mais ouvido do Spotify em 2021 — e “Drivers Licence” foi o tema mais escutado do ano na mesma plataforma. A revista “Time” elegeu-a como a Entertainer do Ano. Tornou-se de imediato uma personalidade consagrada. Tanto que foi convidada pela Casa Branca e pelo presidente americano Joe Biden para ser uma das artistas a fazer campanha a favor das vacinas para a Covid-19.

Olivia Rodrigo anunciou uma tour internacional para este ano, que vai passar pela Europa — nomeadamente pela Alemanha, Suíça, Itália, França, Bélgica, Reino Unido, Irlanda e Países Baixos — mas não por Portugal.

A artista também aguarda ansiosamente, com certeza, pela próxima cerimónia dos Grammys, que está marcada para 4 de abril. Olivia Rodrigo está nomeada para as quatro principais categorias — Melhor Álbum do Ano, Melhor Gravação, Melhor Canção e Melhor Nova Artista. E ainda concorre noutras três.

Até agora, a sua mudança de vida tem sido bastante positiva, como concluiu na entrevista ao “LA Times”. “Toda a gente diz: que vida estranha, não é? Mas provavelmente não é assim tão diferente da mudança drástica que outro miúdo de 18 anos teria se fosse para a universidade.”

Já pensou em juntar-se novamente ao produtor Dan Nigro, com quem fez “Sour”, para criarem um segundo álbum — tiveram até a ideia de alugar um Airbnb em Itália para se concentrarem completamente no disco. Contudo, agora está mais focada na terceira temporada da série de “High School Musical”, da qual continua a ser uma das protagonistas.

“Mas nunca faço uma pausa da música. Quando gravei a segunda temporada, compus umas cinco músicas do meu álbum. Por isso acho que até vou ser mais produtiva. Mas, quem sabe? Ainda só faço isto há um ano. Ainda tenho muita coisa para perceber.”

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