Depois de quase dois meses, o mediático julgamento de P. Diddy, de 55 anos, está a chegar ao fim. Nesta quarta-feira, 2 de julho, foi deliberada a sentença, depois de o júri, presente no tribunal federal de Manhattan, em Nova Iorque, chegar a um veredicto. Sean Combs não será condenado a prisão perpétua, já que foi ilibado de três dos cinco crimes de que estava acusado.
Entre as acusações estavam: conspiração para extorsão; tráfico sexual através da força, fraude ou coação (relacionado com a ex-namorada Cassie Ventura, cantora de R&B); transporte com o propósito de envolvimento em prostituição (também diz respeito a Ventura); tráfico sexual através da força, fraude ou coação (sobre “Jane”, uma das vítimas cuja identidade não foi revelada); e transporte com o propósito de envolvimento em prostituição (também relacionado com “Jane”).
O rapper norte-americano, que se declarou inocente de todas as acusações, foi dado como culpado de dois dos crimes, relacionados com ajuda à prostituição. Diddy foi acusado do crime de transporte com o objetivo de promover a prostituição, tanto de Cassie Ventura, como de “Jane”. Desta forma, deverá enfrentar 20 anos de prisão, 10 por cada um dos crimes.
Por outro lado, foi absolvido das restantes acusações, isto é, dos crimes de conspiração para extorsão e de tráfico sexual, os mais graves.
Assim, Diddy evita uma sentença mínima obrigatória de 15 anos, já que foi absolvido do crime de tráfico sexual. O músico poderia ter recebido pena de prisão perpétua, caso tivesse sido condenado por conspiração para crime organizado.
Depois da leitura do veredicto, o advogado de defesa Sean Combs, Marc Agnifilo, pediu ao juiz, Arun Subramanian, que o músico fosse libertado sob fiança (de um milhão de dólares), uma vez que esta é a primeira condenação do seu cliente.
Os procuradores afirmaram que, durante duas décadas, o rapper usou o seu poder, riqueza e contactos, para forçar duas das suas parceiras a participar em encontros sexuais, alimentados por drogas, muitos deles realizados nas festas chamadas de “Freak Offs”, mas também em hotéis.
A lista de acusações reúne homens e mulheres entre os 9 e 38 anos, que se queixam de ter sido drogados e forçados a atos sexuais durante as festas organizadas pelo norte-americano. Os encontros seriam todos filmados e depois usados para chantagear as vítimas.
Cassie Ventura, ex-namorada do artista e testemunha-chave no processo, acusou o rapper de agressões físicas repetidas e coerção para participar em rituais sexuais humilhantes. A acusação alega que Combs terá forçado várias mulheres a participar nas festas onde os participantes eram filmados em atos sexuais.
A cantora revelou o horror que diz ter vivido às mãos do rapper. Segundo o seu testemunho, os abusos terão começado logo no início da relação, que durou uma década, e começou quando tinha apenas 19 anos.
A ex-namorada descreveu a conduta agressiva de Combs como algo recorrente durante a relação. Na queixa, Cassie alega que o músico a terá drogado e espancado, além de a forçar a ter relações sexuais com outros homens, enquanto a filmava. A relação entre os dois começou em 2007 e terminou em 2018, mas a história não se limita a este desfecho. Após a separação, o artista terá forçado a entrada na casa de Ventura para a violar.
Outra figura central no julgamento é “Jane”, a mais recente ex-namorada do produtor musical, cuja identidade se mantém secreta. A vítima falou do modo como foi aliciada para um mundo de festas sexuais e abuso. “Jane” terá conhecido o produtor durante uma vagem com amigas a Miami, em 2020. Ter-se-ão envolvido desde 2021 até setembro de 2024, quando P. Diddy foi preso.
A vítima, que é mãe solteira, teria dito em tribunal que a dinâmica da relação começou a mudar logo durante o primeiro ano, quando Combs a terá pressionado a ter relacionamentos sexuais com outros homens. Estes encontros, que às vezes chegavam a durar 24 horas, eram momento de grande ansiedade para a vítima. “Jane” afirmou que era drogada e forçada a envolver-se em orgias e deixou claro que, quando aceitava participar nas Freak Offs, fazia-o sob grande pressão emocional.
Durante o julgamento, que começou a 5 de maio, P. Diddy recebeu uma advertência do juiz por interagir com dois membros do júri, no que foi descrito como “um aceno energético” que não passou despercebido na sala. Foi ainda feita uma ameaça de que o produtor musical seria expulso se alguma interação se voltasse a repetir.
Já a 30 de junho, durante o primeiro dia de deliberação, o juiz teve de intervir e interromper o processo por uma hora, alegadamente por existir complicações com um dos elementos do júri que parecia incapaz de seguir alguns dos procedimentos legais exigidos à sua posição