Cinema

A elogiada nova curta-metragem de Wes Anderson já chegou à Netflix

Chovem elogios a "A Incrível História de Henry Sugar", a primeira curta de um quarteto de adaptações da obra de Roald Dahl.
Cumberbatch é o protagonista.

Passaram cerca de três meses desde que o último filme de Wes Anderson, “Asteroid City”, chegou aos cinemas, mas o cineasta não abranda e acaba de lançar mais uma obra. “A Incrível História de Henry Sugar” surpreendeu no Festival de Cinema de Veneza e chega agora diretamente ao streaming esta quarta-feira, 27 de setembro.

O filme de antologia é uma adaptação de um dos contos de Roald Dahl, retirados da compilação de 1977 “The Wonderful Story of Henry Sugar and Six More”, e divide-se em quatro partes, numa produção com uma duração total de apenas 37 minutos. Esta é a segunda adaptação da obra de Dahl com a assinatura de Anderson, na sequência do filme nomeado para os Óscares em 2009, “O Fantástico Senhor Raposo”. O projeto conta com Benedict Cumberbatch no papel principal, acompanhado de um elenco de luxo com Ralph Fiennes no papel do próprio Dahl, Dev Patel,Ben Kingsley, Rupert Friend, Asa Jennings e Richard Ayoade.

Henry Sugar, o protagonista, descobre um relatório médico sobre um homem indiano que é capaz de ver, mesmo com os olhos tapados. Henry, um viciado no jogo que nunca trabalhou na vida, percebe que, a ser verdade, pode tratar-se de um dom que se traduzirá em dinheiro, muito dinheiro.

Ao longo de três anos, Sugar dedica-se a estudar o método de meditação na origem do dom e também ele acaba por ganhar a capacidade de ver sem usar os olhos. Um truque que lhe permite, por exemplo, ver que cartas e naipes se escondem nos jogos dos outros — e até prever o futuro.

Com o seu novo e prodigioso talento e com muitos maços de notas no bolso, acaba por ficar com outra perspetiva sobre a ganância dos que o rodeiam. Rapidamente percebe que o jogo perde a piada e decide fazer algo de bom com o dinheiro, o que o leva numa aventura inesperada.

Anderson há muito que pretendia adaptar a coleção de contos de Dahl, sobretudo após conhecer Lindsay Dahl, a viúva do famoso escritor, durante as gravações de “The Royal Tenebaums”. “Eles reservaram esta história para mim porque éramos amigos. Lindsay passou de certa forma o testemunho a Luke, o neto de Dahl. Eu sabia que tinha isto à minha espera, mas ainda não tinha descoberto a melhor forma de abordar o conto. Sabia que o que gostava na história era a forma como estava escrita, as palavras de Dahl. E de repente encontrei a resposta.”

Foi então que surgiu outro problema. “Quando estava pronto para o fazer, a família Dahl já não tinha os direitos do conto. Tinham vendido tudo à Netflix. Não havia mais nenhum lugar onde se pudesse fazer o filme, mas como é uma curta de 37 minutos, acabou por ser o lugar perfeito para o fazer porque não é realmente um filme”, explicou.

A fórmula que encontrou foi além dos meros diálogos e enredos criados por Dahl. Quis também incorporar a prosa descritiva do autor e colocá-la na boca das personagens, o que permite que narrem as próprias ações à medida que acontecem. Uma ideia que encaixa na perfeição no estilo peculiar de Anderson.

“Sinceramente, não via como o poderia fazer se não fosse através da voz do autor. A maneira como Dahl conta a história é precisamente o motivo pelo qual eu gosto tanto dela”, contou “The New York Times”.

A história de Dahl e de Henry Sugar será a primeira adaptação de uma quadrilogia que inclui outros três contos que a Netflix adquiriu. O mais recente lançamento será o mais longo e seguir-se-ão “The Swan”, “The Ratcatcher” e “Poison”.

Em fevereiro, o legado de Roald Dahl foi manchado pela controvérsia da “adaptação aos novos tempos”. As notícias de que os livros infantis iam ser reescritos para remover linguagem considerada ofensiva provocou uma autêntica batalha na comunicação social entre os que consideravam a ação adequada e os que o consideravam um ultraje. Questionado sobre acaso, Wes Anderson firmou que obras de arte concluídas não devem ser retocadas ou modificadas. “Sou, provavelmente, a pior pessoa a quem deve perguntar sobre isso, porque se me perguntarem se Renoir deveria poder retocar um dos seus quadros, eu diria que não. Está feito.”

“Não quero que o artista modifique o seu trabalho. Compreendo a motivação para que isso possa acontecer, mas eu sou da escola na qual, quando a obra está concluída, fazemos parte dela. Quando está feito, está feito (…) E mais: ninguém que não seja o próprio autor deveria estar a modificar o livro de outro.”

Como tem sido habitual, a obra de Anderson está a agitar a crítica. Com uma nota de 96 por cento no agregador de críticas Rotten Tomatoes, é fácil encontrar elogios nas mais de duas dezenas de críticas já publicadas.

“Uma deliciosa primeira parte num planeado quarteto de curtas-metragens. As sensibilidades de Anderson e Dahl continuam a ser um par perfeito”, descreve a “Empire”. “O livro é um dos mais doces alguma vez escritos por Dahl. E agora torna-se num dos mais precisos e perfeitos tiros de Anderson”, nota o “The Times”.

Carregue na galeria para conhecer as novas séries que chegam à televisão em setembro.

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