Cinema

A tradição já não é o que era — este ano a passadeira dos Óscares não será vermelha

A organização justifica a mudança de cor com a tentativa de resolver um problema da cerimónia identificado há muitos anos.
Charlize Theron, em 2016.

A passadeira vermelha é dos elementos que não podem faltar numa cerimónia glamorosa, sobretudo se estivermos a falar da gala de entrega dos prémios mais famosos da indústria cinematográfica. Porém, aquilo que tomámos por certo nas últimas décadas vai deixar de o ser. Afinal, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. E este ano, a vontade da organização da 95.ª edição dos Óscares foi mudar a cor do tapete que os nomeados, convidados e demais participantes vão pisar.

Jimmy Kimmel, o anfitrião escolhido para o evento, anunciou a novidade na passada quarta-feira, 8 de março. O apresentador esteve no Teatro Dolby, em Los Angeles, a mostrar os preparativos para a gala deste ano e deixou todos surpreendidos. A tradicional red carpet foi substituída por uma passadeira cor de champanhe. A organização resolveu acabar com uma tradição com mais de 60 anos e decidiu alterar o cenário que irá acolher as celebridades. O desfile à entrada do recinto é um momentos mais mediáticos do mundo — e muitos interrogam-se como irá decorrer o photocall.

“As pessoas têm-se perguntado: ‘Vai haver algum problema este ano? Haverá alguma violência? Obviamente, esperamos que não”, explicou Kimmel durante a apresentação. “Mas se houver, penso que a decisão de ter uma carpete champanhe em vez de uma passadeira vermelha mostra quão confiantes estamos de que não haverá derramamento de sangue”, acrescentou.

O anfitrião brincou ainda com a singularidade da cor escolhida: “É o tipo de coisa que só se vê em Hollywood e em todas as casas de sonho na América”.

A ideia partiu da diretora da revista “Vogue” na Costa Oeste dos Estados Unidos da América, Lisa Love, e do diretor criativo da Met Gala, Raúl Àvila, revelou a Associate Press.

Lisa Love e Raúl Àvila foram escolhidos como consultores para ajudarem a resolver um problema identificado há anos na cerimónia de entrega de prémios — a hora a que o evento começa. As novidades não se ficam apenas pela cor da passadeira. A Academia decidiu também cobrir toda a zona da receção aos convidados, para criar um ambiente mais glamoroso e escuro. O objetivo é criar a ilusão de que a cerimónia começa à noite, embora arranque a meio da tarde.

Lisa Love justificou as alterações com o desejo da organização de transformar um evento de dia num de noite: “Isto sempre foi um problema desde o início: os Óscares começam muito cedo, com sol e calor, mas estão todos vestidos para um evento noturno, por isso era necessário fazer alguma coisa.”

Começaram por escolher a cor da tenda, que teria de ser escura para filtrar a radiação solar. “Imaginei algo que nos projetasse para o pôr-do-sol, um tom de açafrão. Depois pensamos: ‘onde vemos os melhores pores-do-sol?’ Em praias com areia branca e com uma taça de champanhe na mão, durante a golden hour. E surgiu a ideia do dourado”, explicou Lisa Love em entrevista ao “Hollywood Reporter”. Depois de escolhida a cor, fizeram cinco testes com tons semelhantes, para chegarem à tonalidade perfeita, que resultasse também em fotografias.

À Associate Press, Love afirmou que a decisão de mudar a cor da passadeira de vermelho para champanhe poderá ser revertida em edições futuras. E sublinhou que faz sentido continuar a ser designada por red carpet, uma vez que a expressão “é associada ao momento da chegada dos nomeados aos espectáculos”.

O desfile na passadeira vermelha da 95.ª edição dos Óscares começa às 15h30 (20h30 em Portugal) deste domingo, 12 de março, e a cerimónia de entrega dos prémios será transmitida a partir do Teatro Dolby, às 20 horas, uma da madrugada em Portugal.

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