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O maior arrependimento da vida de Al Pacino? Não ter casado com Diane Keaton

Foi a maior história de amor dos dois atores, que começou no set de "O Padrinho". Keaton morreu a 11 de outubro, com 79 anos.

Durante anos e já com o seu romance deixado para trás, viveram a poucos quilómetros um do outro em Beverly Hills, mas nunca mais trocaram uma palavra. “Não tínhamos nada a dizer um ao outro. Dissemos tudo o que tínhamos a dizer na altura”, recordou Al Pacino. A frase é reveladora da relação intensa que o ator e Diane Keaton alimentaram. Uma ligação que começou no set de “O Padrinho”, na década de 70, atravessou décadas e marcou os dois de formas bastante diferentes. Terminou com um arrependimento que ficará sempre por resolver.

Foi precisamente esse arrependimento que o ator de 85 anos confessou ao saber da morte de Keaton, no passado sábado, 11 de outubro. A atriz, vencedora de um Óscar por “Annie Hall” (1977), morreu aos 79 anos e obrigou Pacino a refletir sobre a decisão que nunca tomou.

Segundo um amigo próximo, citado pelo “The Daily Mail”, Keaton terá mesmo sido “o amor da sua vida”, a “quem ele sempre definiu como ‘uma mulher incrível’”. Os dois mantiveram uma relação intermitente entre 1971 e 1987, até que Keaton disse basta. “Casa comigo ou então…”, terá dito. Pacino não se deixou amarrar e foi-se embora. “Sei que ele se irá sempre arrepender de não ter dito sim quando teve a oportunidade”, revelou a mesma fonte.

Foi no início dos anos 70 que os dois se conheceram, durante as gravações de “O Padrinho”. Ela era Kay Adams, a mulher que acreditava no lado bom de Michael Corleone, o homem que se tornaria numa das mais icónicas personagens da história do cinema. A química no ecrã rapidamente se estendeu para lá das câmaras.

Keaton confessou em várias entrevistas que se sentiu imediatamente atraída por Pacino. “Deixei-me arrebatar logo desde o início pelo Al”, contou Keaton ao “The Telegraph em 2013. Anos mais tarde, voltaria a falar sobre o romance. “Tinha uma paixoneta. Ele era charmoso, hilariante, não se calava um segundo. Mas havia um lado dele que era como se fosse um pequeno órfão perdido, um louco, idiota, mas incrivelmente sábio ao mesmo tempo. E lindo. Eu estava louca por ele.”

O namoro começou depois das gravações de “O Padrinho: Parte II”, em 1974, e estendeu-se ao longo de 15 anos, com alguns solavancos pelo meio. Apesar de estar a fazer história no cinema, Keaton só tinha olhos para uma coisa: Al Pacino. “Para mim, em cada um dos filmes, só havia uma coisa que me interessava, o Al”, notou na sua autobiografia.

Apesar da ligação emocional, os dois atores tinham visões diferentes sobre o futuro. Keaton queria casar. Pacino, não. A atriz chegou mesmo a fazer-lhe um ultimato, já nos anos 80, quando sentiu que tinha de tomar uma decisão. “Esforcei-me mesmo [na relação] com ele, mas acabou por não acabar da melhor forma”, diria mais tarde. A atriz queria que ele mudasse, mas Pacino nunca foi homem de se deixar pressionar. “Ele sempre caminhou ao seu próprio ritmo. Ninguém lhe dizia o que tinha que fazer”, confessou um amigo do ator.

A infância de Pacino, marcada pela ausência do pai, moldou a sua visão de compromisso. Apesar de ter tido quatro filhos com três mulheres diferentes, nunca se casou com nenhuma.

Do lado de Keaton, o casamento também nunca chegou. Durante anos, insistiu que não era algo essencial na sua vida, embora todos os que a conheciam soubessem que teria aberto uma exceção com Pacino. “A Diane via-se a casar com Al, a ter um casamento e a terem filhos juntos”, contou ao diário britânico uma amiga da atriz.

Apesar das divergências, houve momentos em que Keaton foi fundamental na vida do ator, até financeiramente. Após a estreia de “O Padrinho”, Pacino passou por dificuldades económicas. Num excerto da sua autobiografia, “Sonny Boy”, recorda como Keaton o salvou da ruína.

Keaton acompanhou-o a uma reunião com o advogado e interveio furiosa. “Tu sabes quem ele é? Vais dizer-me que ele ‘é um artista’. Não. Ele é um i-di-o-ta. É um ignorante e, no que toca a estes assuntos, tens que tomar conta dele.” A atriz foi a voz da razão: o advogado ajudou Pacino e o ator decidiu voltar ao trabalho após uma década pouco produtiva, onde fez apenas cinco filmes.

Mesmo depois do fim da relação, a ligação nunca desapareceu. Em 2017, quando Keaton recebeu o prémio de carreira do AFI, Pacino prestou-lhe uma homenagem emocionada. Elogiou-lhe o chapéu e relembrou um conselho antigo: “Lembra-te sempre disto: faças o que fizeres, nunca digas que és uma artista”. “Amo-te para sempre”, concluiu.

Diane Keaton dedicou-se à maternidade nos anos 90, com a adoção de dois rapazes. Pacino teve filhos com outras mulheres, mas nunca deixou de manter Keaton num lugar especial. “Ela sentia que ele era uma espécie de órfão que necessitava de amor. E ela sabia que ele nunca lhe tiraria a sua independência, até porque ele precisava que ela fosse assim, forte”, concluiu um amigo do ator.

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