Nos últimos anos, ver Angelina Jolie num filme tem sido cada vez mais raro. Entre os dez projetos onde participou desde 2012, há duas curtas-metragens e noutros três a atriz apenas emprestou a voz.
Esta semana, Jolie surge em modo estrela na revista “Vogue”, agora a pretexto da criação do Atelier Jolie, o seu novo estúdio de moda. Na entrevista publicada esta quarta-feira, 27 de setembro, a atriz de 48 anos conta que começou a fazer menos trabalhos cinematográficos “há sete anos”, altura em que começou a “aceitar apenas projetos que não exijam longas filmagens”.
“Tínhamos muito para resolver. Ainda estamos a encontrar o nosso equilíbrio”, disse, referindo-se implicitamente a si própria e aos filhos. Sem entrar em detalhes, basta fazer a cronologia para perceber que esta pausa coincide com o fim do seu casamento com Brad Pitt. Jolie pediu o divórcio há precisamente sete anos, em setembro de 2016, após um alegado confronto físico com o ex-marido num avião.
Jolie confessou que esteve “um pouco em baixo nos últimos tempos”. “Sinto que há uma década que, de certa forma, não sou eu mesma”, comentou, antes de acrescentar que não queria aprofundar o assunto.
Após protagonizar o bem-sucedido filme da Disney “Maléfica”, em 2014, e de dirigir e contracenar com Pitt no fracasso “By the Sea”, de 2015, a cadência dos trabalhos cinematográficos de Jolie reduziu drasticamente. De lá para cá, teve apenas dois papéis principais, na sequela de “Maléfica, em 2019, e em “Aqueles Que Me Desejam a Morte”, de 2021.
A triz aproveitou também para falar sobre o Atelier Jolie, estúdio que seguirá uma linha de moda com preocupações sociais e ambientais. Terá sido também este novo negócio que a ajudou a recuperar. “Isto também tem sido terapêutico para mim — o facto de trabalhar num espaço criativo com pessoas de confiança. Redescobri quem sou, disse Jolie. “Espero mudar muitos aspetos da minha vida.”
“Às vezes, a maneira como te vestes diz: ‘Não te metas comigo. Tenho a minha armadura’. Ainda assim, quero que uma mulher se sinta suficientemente segura para que também possa ser mais suave.”
De certa forma, Jolie associa a roupa a um efeito de cura. “Após um evento que me magoou, um terapeuta perguntou-me se experimentaria uma peça de roupa feita num tecido fluido. Parecia uma coisa tola, mas o facto de usar calças e botas ajudava-me a projetar uma aparência mais forte, como se eu própria fosse mais forte. Mas será que era suficientemente forte para ser suave? À época, não. Sentia-me vulnerável. Por vezes, sinto que talvez ainda não saiba qual é o meu estilo. Aos 48, continuo a tentar percebê-lo. Continuo em transição.”
A relação pós-divórcio de Pitt e Jolie tem sido complicada. Em fevereiro de 2022, os dois continuam em rota de colisão devido à prestigiada quinta francesa que compraram juntos e onde produzem os vinhos Miraval. Poucos meses depois, a saga continuava com Pitt a processar Jolie pela venda de parte da quinta. Segundo o ator, trata-se de um projeto que o apaixona — facto que a ex-mulher conhecia bem.
