A mais recente aventura no cinema de Sam Esmail, criador de “Mr. Robot”, chegou a bom porto graças a um apoio de peso. E não, os piratas informáticos que queriam destruir a Evil Corp nada fizeram. “Leave the World Behind” chega esta sexta-feira, 8 de dezembro, à Netflix e conta com o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na ficha técnica.
Baseado no livro homónimo de Rumaan Alam, publicado em 2020, a adaptação cinematográfica começou a ser trabalhada poucos depois do lançamento. A plataforma de streaming comprou os direitos da obra e trouxe Esmail e Julia Roberts, que protagoniza a longa-metragem, para o projeto.
“Leave the World Behind” ganhou visibilidade quando o ex-presidente dos EUA o incluiu na sua famosa lista de livros para ler durante o verão. O escritor descreveu a referência de Obama como uma “experiência fora de corpo”, mas o melhor estaria para vir.
Barack e Michelle passaram a ser produtores da mais recente aposta da Netflix. Após colaborarem em documentários como “American Factory”, “Crip Camp,” ou “Rustin”, o casal que costumava viver na Casa Branca sentia que este era o projeto ideal para darem o salto para o mundo da ficção.
O realizador reconheceu que o ex-presidente “deu uma preciosa ajuda” na criação do guião. “Foi surreal e transformador”, afirmou, citado pelo “San Francisco Chronicle”. “Leu vários rascunhos e acrescentou notas excelentes. É um grande amante de cinema e a prioridade sempre foi aprofundar e criar um grande filme.”
Esmail detalhou que a experiência de Obama relativamente à preparação para desastres foi útil. O ex-presidente partilhou uma experiência em primeira mão como alguém que já foi informado, diariamente, sobre possíveis atos de ciberterrorismo e incidentes geopolíticos.
“Fez anotações muito úteis sobre os elementos do desastre”, revelou, acrescentando que ficou abalado ao saber que os cenários fictícios que criou na sua mente, sob ataques cibernéticos não eram totalmente errados. “Mas, honestamente, Obama estava mais interessado nos personagens e na empatia que sentíamos por eles”, clarificou.
Em entrevista à “Vanity Fair”, o realizador referiu ainda que as contribuições de Obama o assustaram uma vez que colocou em perspetiva os conhecimentos que tinha sobre a realidade.
“Escrevi o que considero ser ficção. Tentei manter o argumento o mais fiel possível à realidade, mas sei que exagerei e dramatizei”, explicou Esmail. “No entanto, ouvir um ex-presidente dizer que apenas falhei nalguns detalhes… Pensei que tinha errado muito! Isso foi algo que me assustou imenso”, confessou.
O filme acompanha um casal que vai de férias, para uma área remota de Long Island com os dois filhos adolescentes. No entanto, quando os proprietários da casa onde deveriam ficar regressam em pânico, afirmando que houve um apagão que deixou a cidade entregue ao caos. Esta relevação instala a confusão e o medo, enquanto as duas famílias são forçadas a lidar com a situação tensa.
“O género de desastre é um dos meus favoritos e o que fizemos de diferente neste filme, em comparação com a maioria dos filmes de desastre, é que, no género, o foco da narrativa está nas cenas de ação”, disse Esmail à “Vanity Fair”. “O espetáculo do desastre está no centro da história e as personagens são secundárias. Eles estão lá apenas para reagir e representar o público. O que Rumaan fez tão bem no romance e o que tentei captar no filme foi inverter tudo isso e focar-me nas personagens e nas suas reações. O espetáculo do desastre fica em segundo plano.”
O filme conta com um elenco de luxo, com atores como Julia Roberts, Mahershala Ali, Ethan Hawke, Myha’la, e Kevin Bacon.
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