Alejandro González Iñárritu é um dos grandes (e mais populares) cineastas da sua geração. Aos 59 anos, o mexicano conta no currículo com filmes como “Amor Cão”, “21 Gramas”, “Babel”, “Biutiful”, “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” ou “The Revenant: O Renascido”.
Venceu quatro Óscares, três BAFTA, entre inúmeros outros prémios. Depois da aclamação mundial e de estabelecer uma carreira nos EUA, Iñárritu regressa agora ao México com “Bardo, Falsa Crónica de umas Quantas Verdades”.
O seu novo filme é uma produção da Netflix, que chega à plataforma de streaming a 16 de dezembro. Mas já vai poder vê-lo nos cinemas a partir desta quinta-feira, 17 de novembro — é um modelo em que a empresa americana tem apostado para as suas produções de prestígio, com cineastas conceituados, para levar espectadores às salas e ao mesmo tempo cumprir os requisitos para que possa ser nomeado aos prémios de cinema.
“Bardo, Falsa Crónica de umas Quantas Verdades” é uma comédia de contornos dramáticos que afasta Iñárritu de Hollywood — e de tudo o que isso implica — e o leva por uma jornada mais artística e singular. A narrativa emula o próprio processo de Iñárritu regressar ao México.
O protagonista é Silverio, um reconhecido jornalista e documentarista mexicano, que construiu uma carreira de sucesso em Los Angeles. Depois de conquistar um prestigiado galardão internacional, decide regressar à Cidade do México — sem saber que uma viagem simples o irá levar a uma certa crise existencial, obrigando-o a confrontar-se com tudo aquilo que o atormenta.
Silverio acaba por representar, claro, o seu autor — Iñárritu. É retratado como um bom tipo, que tem uma boa relação com os dois filhos crescidos e ainda está profundamente apaixonado pela mulher. Mas ao mesmo tempo vive angustiado por uma série de questões.
A morte do primeiro filho, a forma como é percecionado entre os dois países, tudo isso é retratado através de uma série de catástrofes históricas — que refletem a história do próprio México, desde a invasão violenta dos espanhóis até à guerra com os americanos no século XIX, passando pelo poder que os cartéis de droga conquistaram nas últimas décadas.
Entre cenas bem-dispostas e outras mais dramáticas, pelo meio há uma série de fantasias, de elementos impressionistas, uma coleção de memórias relatadas de forma pouco linear. É, por isso, uma produção mais experimental e menos convencional.
A crítica tem-se dividido. Há quem defenda as virtudes de “Bardo, Falsa Crónica de umas Quantas Verdades”, mas também quem o aponte como um filme demasiado pretensioso e auto-indulgente. Por algumas das discussões incluídas no guião — de personagens baseadas no México que criticam Silverio por se esquecer de onde veio e por apenas se importar com a sua imagem de artista perante os americanos — parece que o próprio Iñárritu previu e quis responder a algumas das críticas.
O elenco inclui nomes como Daniel Giménez Cacho, Griselda Siciliani, Ximena Lamadrid, Íker Sánchez Solano, Luis Couturier, Luz Jiménez, Andrés Almeida, Clementina Guadarrama, Jay O. Sanders ou Francisco Rubio, entre outros.
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