Quando os cineastas Celine Held e Logan George visitaram o Lago Caddo, nos Estados Unidos, foram invadidos por uma mistura de sentimentos. A deslumbrante beleza natural da região deixou-os sem palavras, mas, por outro lado, sentiram um certo receio. No coração da floresta, era fácil imaginar alguém a perder-se e a nunca mais ser encontrado. Esse temor foi a faísca que deu origem a “Caddo Lake”, um dos maiores sucessos da Max em Portugal. O filme estreou a 10 de outubro de 2024 na plataforma de streaming e permaneceu no top 10 dos mais vistos até esta terça-feira, 4 de fevereiro.
A narrativa centra-se no enigmático Lago Caddo, situado na fronteira entre o Texas e a Louisiana, onde o desaparecimento de uma menina de oito anos desencadeia uma série de eventos misteriosos que afetam uma família dilacerada. A trama, repleta de reviravoltas, explora as complexidades das relações familiares, além de revelar os segredos que o local esconde.
Paris, interpretado por Dylan O’Brien, é um jovem atormentado pela morte enigmática da mãe num acidente de viação, enquanto Ellie, encarnada por Eliza Scanlen, é uma adolescente rebelde que lida com a ausência do pai. Quando a menina desaparece, os caminhos destes dois jovens entrelaçam-se de forma inesperada, revelando uma teia de mistérios e segredos que se estende ao longo do tempo.
O’Brien, conhecido pelos seus papéis em “Teen Wolf” e na saga “Maze Runner”, revelou à “Variety” que este foi um dos papéis mais desafiadores da sua carreira. “Paris é alguém que tenta reerguer a sua vida, mas acaba por se ver imerso num mistério que o força a confrontar verdades ocultas”, descreveu.
Já Eliza Scanlen, que ganhou notoriedade pelo seu desempenho em “As Mulherzinhas”, de Greta Gerwig, traz uma “intensidade particular” ao filme. “É uma personagem com muitas camadas. Queria explorar a relação de Ellie com o lago e os segredos da família. Foi uma experiência incrível”, confessou ao “The Hollywood Reporter”.
A ideia para a história surgiu durante uma caminhada dos realizadores pela floresta e pelo lago. “A imagem daquele lugar, com os ciprestes e a névoa, parecia algo retirado de um conto de fadas sombrio. Sabíamos que este seria o cenário ideal para uma história de mistério e redescoberta”, contaram ao “IndieWire”.
“Queríamos que o filme fosse uma viagem, não só para os personagens, mas também para o público. O lago tem uma qualidade quase mágica, que utilizámos para criar uma atmosfera onde o passado e o presente se entrelaçam”, acrescentaram.
Com produção de M. Night Shyamalan, um dos grandes nomes do género, “Caddo Lake” era bastante aguardado pelos fãs de thrillers. “É uma história que vive da tensão e da descoberta. O meu principal papel foi ajudar Celine e Logan a manter o ritmo adequado, para que as revelações fossem impactantes e, ao mesmo tempo, orgânicas à narrativa”, contou à “Entertainment Weekly”.
O filme não capta apenas a tensão e o mistério, mas também aborda temas como perda, memória e identidade. As críticas foram mistas: muitos elogiaram as atuações e a realização, enquanto outros apontaram algumas incongruências na narrativa e um desfecho abrupto. Contudo, a maioria concorda que “Caddo Lake” é uma obra que merece ser apreciada com atenção.
“O’Brien e Scanlen oferecem interpretações que cativam o público, enquanto a direção de Held e George cria uma atmosfera que é tão bela quanto inquietante”, descreve o “The Guardian”.
A receção do público foi igualmente calorosa, com muitas comparações com a série “Dark”, da Netflix, graças à sua complexidade temporal. “Finalmente, um filme que não subestima a inteligência do público. Cada cena é uma peça do quebra-cabeças que queremos montar”, lê-se numa crítica de um utilizador na plataforma Letterboxd.
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