Cinema

Channing Tatum inspirou-se nos seus tempos como stripper para criar “Magic Mike”

O novo — e último — filme da saga estreia esta quinta-feira nos cinemas portugueses. Salma Hayek é outras das protagonistas.
Channing Tatum tinha 18 anos quando foi stripper.

“Magic Mike – A Última Dança” estreia nos cinemas portugueses esta quinta-feira, 9 de fevereiro. Será o derradeiro filme desta trilogia que começou em 2012 e se tornou numa saga de enorme sucesso em Hollywood. Mike está de volta aos palcos depois de um negócio que correu mal e o deixou falido. Pelo meio, terá de ir a Londres com uma socialite abastada que o atrai com uma oferta que ele simplesmente não pode recusar. Channing Tatum protagoniza o filme com Salma Hayek.

11 anos depois do início, o que muitos fãs da saga realizada por Steven Soderbergh não sabem é que a história de “Magic Mike” inspira-se de algum modo nas experiências reais de Channing Tatum enquanto stripper. 

Nascido em 1980 e criado nos estados norte-americanos do Alabama e Mississipi, no seio de uma família modesta, Channing Tatum sempre se destacou nos desportos e chegou a ganhar uma bolsa universitária para jogar futebol americano — mas as coisas acabaram por não correr bem e teve de desistir. Regressou a casa e começou a fazer vários biscates.

Eventualmente, ouviu um anúncio na rádio, para uma empresa que procurava homens que soubessem dançar. Tatum encarou aquilo como algo que poderia ser divertido. Tinha 18 anos, um corpo atlético e queria fazer algum dinheiro. Respondeu ao anúncio e começou a trabalhar como stripper — fez lapdances e espetáculos em que tirava as roupas para plateias de mulheres durante oito meses.

Channing Tatum dava pelo nome de Chan Crawford. Ao contrário do que os fãs de “Magic Mike” possam pensar, o glamour que se vê nos filmes não tem nada de real. O ator já frisou isso em diversas entrevistas, sublinhando que, na verdade, era “apenas nojento”. “Era jovem e burro e estúpido e só queria fazer algum dinheiro”, disse à revista “The Hollywood Reporter”.

Certo dia participou numa convenção de strippers. “Não faço ideia porque é que se chama àquilo convenção. Não era sobre tecnologia de strippers nem nada disso. Era só um grande espetáculo com 50 ou 70 strippers para duas ou três mil mulheres. Foi insano. Atacavam-me todas as noites.”

channing tatum
Tatum inspirou-se nas suas vivências.

Um dos momentos mais estranhos por que passou foi quando uma cliente lhe disse que ele lhe fazia lembrar o seu sobrinho. “A senhora disse: ‘Oh meu Deus! Olha para ti! Fazes-me lembrar o meu sobrinho!’ Aquilo bateu-me como se fosse uma granada. Ela estava a agarrar o meu rabo e a dizer que lhe fazia lembrar o sobrinho.”

Durante aqueles oito meses, em que Channing Tatum fazia cerca de 600 dólares por semana por algumas horas de trabalho — o que era bastante dinheiro para si, na altura —, o futuro ator resolveu nunca contar à família. O seu pai só descobriu em 2010, mais de 10 anos depois, quando Tatum tocou no assunto numa entrevista no programa de Ellen DeGeneres.

“Estávamos a caminhar juntos e o meu pai disse: ‘Porquê? Tu não precisavas do dinheiro. Sempre assegurámos as coisas’. Isso partiu o meu coração”, disse noutra entrevista. “Disse-lhe que aquilo não tinha nada a ver com ele. Foi o meu caminho. Foi o caminho que tive de fazer.”

Eventualmente, Channing Tatum conseguiu arranjar trabalhos como modelo, até se tornar um ator. Deixou os trabalhos como stripper e todo esse mundo para trás. Até surgir a ideia de fazer um filme inspirado nas suas experiências. 

“Sempre pensei em fazer uma história sobre aquela vida porque sempre que o assunto surgia, o pessoal queria sempre saber coisas. ‘Como é que começaste? Como é que era? Quanto dinheiro fazias?’. Depois lemos um artigo sobre mim numa revista, e alguém tinha perguntado ao Steven Soderbergh se ele ponderaria realizar um filme sobre isto. E ele disse: ‘Absolutamente’. Eu li aquilo e fiquei do género ‘OK, ele meio que se comprometeu, agora posso perguntar-lhe a sério se ele o faria’. Liguei-lhe, e ele disse que sim, que era a sério”, disse Channing Tatum à “Flicks and Bits”.

Ao longo dos anos, Tatum não se mostrou orgulhoso do seu passado enquanto stripper — até porque não se sentia propriamente bem a fazer aquele tipo de trabalho. Começou a beber mais e a consumir drogas esporadicamente, já que muitos dos espetáculos se transformavam em festas épicas que se prolongavam pela noite fora. Mas também não teve problemas a falar sobre aquele trabalho. Quanto a “Magic Mike”, sempre sublinhou que as personagens e narrativas são fictícias — embora o ambiente seja inspirado na vida real.

“O que eu queria captar era aquela energia e ambiente, e aquela sensação de quando estás numa altura da vida em que estás a experimentar coisas, e estás disposto a tudo. Podes ter um plano para o futuro, mas por agora é sobre o próximo cheque, a próxima festa, e simplesmente passar um bom bocado. Nenhuma das personagens é baseada em pessoas reais, nem mesmo a minha. Tudo o que acontece é fictício, e fizemos isso de forma intencional porque queríamos ter a liberdade para criar as nossas próprias situações e contar a melhor história.”

A partir de um orçamento de sete milhões de dólares (equivalente a 6,5 milhões de euros), o primeiro “Magic Mike” acabou por gerar uma receita de 167 milhões de dólares (155 milhões de euros). É aquilo a que se chama um projeto vencedor na indústria de Hollywood. Daí que se tenham feito mais dois filmes e, pelo meio, um espetáculo em Las Vegas, “Magic Mike Live”.

Contudo, o sucesso da saga gerou as críticas de Michael Sorrentino, alegadamente um mentor de Channing Tatum na área do strip-tease, que se chamava a si próprio “Magic Mike” e que, segundo o próprio, terá sido a grande fonte de inspiração para os filmes. 

“Sou o verdadeiro Magic Mike. Foi o meu nome de palco durante oito anos. É uma parte da minha vida que nunca vou esquecer”, disse Sorrentino, citado pelo jornal “Mirror”. “Só queria ter os devidos créditos porque este filme foi baseado numa parte da minha vida”, alegou. “Acolhi-o e ajudei-o, como um bom amigo, e agora sou deixado para trás.”

Leia também este artigo da NiT sobre os segredos dos abdominais de sonho do strip dancer Enzo Carvalho, conhecido como o Magic Mike português.

 

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