Para um jovem Greg Kwedar, os prisioneiros eram pessoas invisíveis, meros vilões colocados atrás das grades. A perspetiva do realizador mudou em 2016, quando um novo filme o obrigou a mergulhar na realidade das prisões. “Quando vemos a humanidade de alguém dentro das celas e por detrás das paredes, começa a corroer-nos a alma. Senti que tinha uma responsabilidade moral e pessoal, como cidadão deste país e do mundo, em contar as suas histórias”, disse o cineasta à “Rolling Stone”.
Depois de anos de trabalho e de conversas com ex-reclusos, lançou “Sing Sing” em 2024, nos Estados Unidos. Esta quinta-feira, 6 de fevereiro, o drama chega finalmente aos cinemas nacionais. A obra acompanha Divine G, um homem que é preso em Sing Sing, uma prisão de segurança máxima em Nova Iorque, por um crime que não cometeu. O recluso acaba por encontrar um novo propósito na cadeia, ao juntar-se a um grupo de teatro onde contracena ao lado de outros prisioneiros, parte de um programa do complexo prisional que procura a “reabilitação através das artes”.
Parte do elenco é composto por ex-presidiários, muitos deles participantes desse programa de reabilitação durante o tempo em que estiveram encarcerados. Clarence “Divine Eye” Maclin, por exemplo, interpreta uma versão ficcional de si mesmo na história.
O protagonista é Colman Domingo, que assume o papel de Divine G. Através do teatro, o homem encontra um novo sentido de vida, uma história que, para o ator, é uma com a qual muitos se conseguirão identificar. “Não é um filme sobre prisão, mas sim da humanidade que existe em todos nós e da capacidade de transformação e reabilitação através da arte”, disse ao “Texas Standard”.
O norte-americano de 55 anos acredita que “Sing Sing” não teria o mesmo impacto caso tivessem usado apenas atores escolhidos em castings, uma opinião partilhada pelo realizador Greg Kwedar. O cineasta decidiu incluir ex-presidiários para “mostrar a verdadeira essência do programa e o impacto transformador que a arte pode ter na vida daqueles que estão encarcerados”, disse à “People”.
Esta inclusão não só enriqueceu a narrativa, mas também “proporcionou uma oportunidade para estes indivíduos partilharem as suas histórias e talentos com um público mais amplo”, confessa. Segundo vários críticos, como os da revista “Variety”, a abordagem colaborativa entre atores profissionais e ex-presidiários resultou numa representação poderosa e comovente da “capacidade humana de mudança e crescimento”.
Para conter uma dose acrescida de realismo, a obra foi filmada em ambientes prisionais reais. “Gravarem prisões reais trouxe uma autenticidade à história que não poderia ser replicada de outra forma. Sentimos o peso das histórias e das vidas que ali passaram”, disse Colman Domingo à “Entertainment Weekly”.
Graças ao seu papel, Colman foi nomeado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Principal num Filme de Drama. Na gala deste ano, o filme também está nomeado para três Óscares: Melhor Canção Original, Melhor Ator Principal e Melhor Argumento. No agregador “Rotten Tomatoes”, tem uma pontuação de 97 por cento, tanto dos críticos como do público. “Repleto de compaixão e pontuado por humor, este é um olhar comovente sobre a prisão e os prisioneiros. É tanto revoltante como inspirador ver tanta beleza num ambiente tão duro”, disse a revista “Empire”.
O elenco também conta com Clarence Maclin, Sean San Jose, Paul Raci, David “Dap” Giraudy, Patrick “Preme” Griffin, Mosi Eagle, James “Big E” Williams, Sean Dino Johnson, Cornell “Nate” Alston e Camillo “Carmine” LoVacco.
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