Cinema

A comédia romântica portuguesa gravada nos Açores que está a correr o mundo

Todas as semanas, o autor açoriano Luís Filipe Borges escreve a crónica Embaixada dos Açores. Desta vez, fala sobre a sua curta "First Date".

Jamais imaginei começar um texto, qual influencer, a dizer “muita gente me tem perguntado“, mas a verdade é que muita gente me tem perguntado quando e onde podem ver o nosso “First Date”, a curta-metragem com a qual me estreei enquanto realizador e sobre cuja aventura escrevi na NiT.

Aprendi, com este extraordinário processo envolvendo a curta, que o circuito dos festivais — de onde temos recebido grandes notícias a um ritmo semanal — dura pelo menos um ano. Ou seja, durante esse largo período o movie não pode ter distribuição comercial enquanto se encontrar candidato a certames um pouco por todo o mundo.

Hoje, por exemplo, o meu coração está — como diria o magnífico escritor e intelectual açoriano Onésimo Teotónio de Almeida, vulto do país e da nossa Diáspora — na outra margem do Rio Atlântico. É dia de estreia norte-americana para “First Date”, na Steeple Playhouse, e no âmbito do New Bedford Film Festival. O meu extraordinário co-produtor, Terry Costa, lá estará, em representação da mais extraordinária equipa com que já tive o privilégio de trabalhar.

Desde a antestreia na ilha do Pico, a 4 de janeiro, onde toda a narrativa se passa, e através de uma “extended version” (com mais três minutos do que a versão candidata a festivais), temos recebido ânimo, nomeações, prémios e seleções oficiais um pouco de todo o mundo, o que me comove até à medula.

Se, por um lado, o filminho é exatamente aquilo que desejava que fosse (e me orgulhe imenso de o enviar — em privado — para amigos e pessoas que admiro neste meio), não deixa de ser uma romcom. Ora, se tradicionalmente o humor já é o parente pobre da crítica cinematográfica, quando lhe juntamos romance, bem, é como se exortássemos os críticos do “Público” a uma convulsão de orgasmos múltiplos — expressos via bolinhas negras e textos de esfrangalhar o ego ao próprio Cristiano.

De maneira que é para lá de maravilhoso poder guardar (para quando os meus filhos tiverem idade e pachorra para ler), críticas positivas que já chegaram de países como a Escócia e a Itália. Em pouco mais de três meses, recebemos notícias incríveis de três certames indianos, dois escoceses, um italiano, dos EUA, das Filipinas, do Canadá (se alguma vez me passara pela cabeça ser nomeado como “First Time Filmmaker” no Montreal Independent Film Festival…), etc, e os quase nove meses de périplo que ainda temos pela frente deixam inevitavelmente água na boca.

Curiosamente (ou talvez não), para o único certame português a que candidatámos até agora a curta (o prestigiado FEST, em Espinho, do qual já fui jurado), não conseguimos sequer obter uma resposta ao email onde propúnhamos simplesmente a antestreia do filme no continente português, e fora da competição oficial. Enfim. 

Não será isso que nos desmoralizará minimamente. Aos 47 anos, já estou fartinho de saber com o que se pode contar cá pelo burgo. No entretanto, só queria estar hoje na Costa Leste dos EUA e poder viver de novo a experiência de testemunhar em sala a reação de uma plateia ao que escrevi, realizei e coproduzi com tanta paixão. Bem como abraçar as pessoas da Diáspora que tiveram a amabilidade de me contactar via redes sociais para saber se nos encontraríamos lá. Não é desta, com muita pena, mas será numa próxima.

Leia o artigo da NiT e conheça melhor esta curta-metragem.