“Brilhante” é o adjetivo usado por uma das muitas críticas elogiosas que se têm multiplicado desde que Ralph Fiennes voltou aos cinemas com o seu mais recente papel. De tal forma que a prestação do ator começa a dar origem a conversas sobre os Óscares.
“Conclave”, filme que estreou esta quinta-feira, 7 de novembro, no cinema em Portugal, tem a assinatura de Edward Berger, responsável por “A Oeste Nada de Novo”, que, em 2023, ganhou quatro prémios da Academia, incluindo Melhor Filme Internacional. A narrativa arranca após a morte do Papa, quando o Cardeal Thomas Lawrence (interpretado por Fiennes) se vê responsável por organizar o conclave no Vaticano, enquanto batalha com uma crise de fé e se vê confrontado com as intrigas dos seus colegas.
De um lado está o liberal Cardeal Bellini (Stanley Tucci), que propõe mudanças progressistas na Igreja; do outro, o conservador Cardeal Tedesco (Sergio Castellitto), que simboliza a defesa das tradições.
Com o surgimento de candidatos inesperados e a explosão de revelações surpreendentes sobre o passado dos cardeais, a trama desenrola-se num ambiente onde o desejo pelo poder se sobrepõe aos valores religiosos. Durante 72 horas, terão que decidir qual deles se tornará na mais poderosa autoridade espiritual da Terra.
“Encarregado de dirigir o processo, o Cardeal Lawrence tem os líderes da Igreja Católica reunidos e encerrados entre as paredes do Vaticano. Subitamente, vê-se no centro de uma conspiração e descobre um segredo que pode abalar os alicerces da Igreja”, lê-se na sinopse.
Para o papel, o ator britânico teve que mergulhar em debates filosóficos e espirituais, especialmente num cenário tão recluso como o conclave. O papel foi “uma reflexão intensa sobre a fé e o impacto do poder sobre a humanidade”, comentou.
Interpretar Lawrence foi particularmente envolvente e a prestação tem como objetivo que os “espectadores se aproximem das contradições e dilemas internos que surgem na vida de qualquer figura religiosa”, explica Fiennes.
O ator acredita que isso só se tornou possível graças ao argumento adaptado por Peter Straughan a partir do romance de Robert Harris lançado em 2016. “Ambos conseguiram explorar perfeitamente a tensão interna da Igreja e o Peter acabou por trazer muita complexidade e nuances às personagens.”
Ao comparar “Conclave” com “A Oeste Nada de Novo”, o realizador Edward Berger garante que são trabalhos completamente diferentes. O primeiro é uma “guerra de mentes”, enquanto o segundo “explora a guerra física”, explicou ao “Cinemablend”.
As obras têm algo em comum: ambas abordam o “processo de libertação” das personagens centrais, que procuram um propósito no meio do caos. O cineasta suíço de 54 anos retrata um Vaticano histórico e tradicional perturbado por elementos modernos como telemóveis e tecnologia. O objetivo era “mostrar o choque entre o passado e o presente”. “Esta justaposição ajuda a deixar clara a disputa de valores e visões do mundo que, de alguma forma, ressoam com os conflitos contemporâneos.”
Outro aspeto importante para o cineasta foi a escolha do elenco, especialmente da personagem interpretada por Carlos Diehz, um ator relativamente desconhecido que, antes de encarnar Benitez, apenas tinha aparecido em duas curtas-metragens, ambas de 2022.
Berger queria alguém que trouxesse uma perspetiva de “outsider” ao ambiente fechado do Vaticano. “Ele tem um desempenho bastante convincente. Quis escolher uma figura fora do círculo tradicional do cinema para enfatizar este elemento surpresa”, assegura ao mesmo meio.
Além de Fiennes, há outros atores a receber elogios graças aos papéis em “Conclave”, caso de Stanley Tucci, que interpreta o calculista Bellini, e Isabella Rossellini, que encarna a Irmã Agnes, uma freira que auxilia na organização do encontro, mas que está cheia de segredos sombrios.
No Rotten Tomatoes, o título tem uma avaliação de 92 por cento dos críticos e 85 por cento dos espectadores, tornando-se assim o 12.º filme mais bem avaliado da carreira de Ralph, que foi nomeado a dois Óscares graças a “O Paciente Inglês” (1996) e “A Lista de Schindler” (1993).
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