Um dos filmes mais esperados do ano chega aos cinemas portugueses esta quinta-feira, 3 de março. Falamos do novo “The Batman”, que estreia 10 anos depois de “O Cavaleiro das Trevas Renasce”, o último capítulo da trilogia de Christian Bale como o vigilante de Gotham.
Realizado por Matt Reeves, tem Robert Pattinson como protagonista. Para quem está familiarizado com o universo de Batman, este novo filme segue a estrutura clássica da história — e todos os elementos característicos estão lá.
A narrativa começa por enquadrar a posição do herói: um vigilante anónimo que é convocado pelo comissário da polícia James Gordon através de um holofote com o símbolo de um morcego. Numa cidade marcada desde sempre por uma enorme criminalidade e corrupção, Batman é a única entidade que os criminosos receiam. Mas ele também não é consensual — não é bem visto pela maioria dos polícias, por exemplo.
Por trás da máscara e do fato, está Bruce Wayne, o homem. É o filho órfão dos Wayne, uma das famílias milionárias que fundaram a cidade e que ficaram conhecidas pela sua filantropia. A maneira que encontrou para retribuir à sua comunidade foi criar Batman. Neste caso, a única pessoa que conhece a sua identidade é Alfred, o mordomo de longa data da família.
Com o fato, Batman é poderoso e glorioso — é através desta persona que tem um propósito na vida. Como Bruce Wayne, o protagonista é frágil e vulnerável — muito mais aqui do que no caso da trilogia de Christian Bale, que foi realizada por Christopher Nolan.
O antagonista deste filme é Riddler, um órfão pobre de Gotham, amargurado e enfurecido com a sociedade, que é apresentado quase como se fosse um atirador em série de um qualquer liceu americano. Só que, aqui, a vítima é toda a cidade.
Como o nome indica, Riddler vai deixar uma série de enigmas com as suas vítimas — algumas das principais figuras de Gotham. A partir daí, as autoridades (mas sobretudo Batman, a quem o criminoso se dirige diretamente), vão descobrindo mais sobre o autor dos tenebrosos homicídios. À medida que os crimes acontecem, vai também sendo desvendada uma enorme teia de corrupção que liga altas instituições políticas e judiciais à máfia italiana.
Em paralelo, Batman aproxima-se de uma personagem que está no centro da ação — Catwoman, que trabalha numa discoteca controlada pela máfia, vai acabar envolvida de uma forma muito pessoal no enredo. Curiosamente, o filme não explora assim tanto o lado mais romântico de Batman. Ficamos bem entregues tal como está.
A história não é particularmente surpreendente, mas cumpre bem e honra a tradição de Batman. Aquilo que mais podemos elogiar é o tom distinto deste filme. O realizador e co-argumentista Matt Reeves disse em entrevistas que esta versão tinha contornos de terror. E que quando estava a pensar no protagonista lembrava-se da figura de Kurt Cobain, vocalista dos Nirvana, um jovem fragilizado e deprimido, atormentado pelos males da sociedade.
Robert Pattinson é este tipo de Batman, cheio de inseguranças — e durante todo o filme busca cumprir o seu propósito, de realmente poder ter um efeito positivo na cidade a que chama casa. O grande tema da banda sonora é “Something in the Way”, balada melancólica dos Nirvana, que assenta na perfeição.
Durante quase três horas (e o filme poderia não ser tão longo), não nos deparamos com cenas à luz do dia. Este Batman é um animal ainda mais noturno do que os anteriores. Matt Reeves apostou (e muito bem) numa estética obscura, que é beneficiada por uma direção de fotografia muito inspirada. A utilização da luz e das cores é magistral. Essa escuridão sente-se nas ruas sujas e lamacentas de Gotham, onde em qualquer esquina sombria pode estar um criminoso escondido, mas também num clube pesado de techno onde se desenrolam várias sequências de ação.
Seja no ar, com uma mota, um carro ou em combate, este “The Batman” também não desilude no que toca à ação. Há menos gadgets envolvidos do que na trilogia de Christian Bale, mas também não se perde nada. As sequências estão muito bem gravadas e há uma espetacularidade visual — podendo, recomenda-se a ida a uma sala IMAX. O facto de Batman manter uma política anti-armas também é importante num país como os EUA.
Robert Pattinson está bastante bem como Batman, e vem acompanhado por uma série de personagens secundárias de luxo. Jeffrey Wright é um ótimo sucessor de Gary Oldman como James Gordon. Paul Dano é a pessoa certa para o papel do bizarro e sinistro Riddler. John Turturro está, como sempre, impecável — neste caso enquanto Carmine Falcon. Zoë Kravitz é uma excelente Catwoman. E Colin Farrell está 100 por cento irreconhecível como o Pinguim. Só não ficámos tão convencidos com o Alfred de Andy Serkis. Mas é impossível igualar Michael Caine.
A história conclui com uma mensagem de esperança — afinal, Batman pode ser o farol de que Gotham precisa. E existe um claro paralelismo com a sociedade atual, sobretudo a americana, onde existe uma grande desconfiança das pessoas em relação às instituições, o que é perigoso. De qualquer forma, Gotham não está completamente segura. O final dá bastante a entender que pode vir aí uma sequela com um determinado vilão icónico de Batman…
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