Alguns previra a reviravolta final, outros nem por isso. Mas todos ficaram chocados com a cena final de “Se7en — Sete Pecados Mortais”, que concluiu a investigação trágica e macabra dos detetives interpretados por Brad Pitt e Morgan Freeman. No interior de uma caixa deixada no meio do nada estava a cabeça de Tracy, personagem interpretada por Gwyneth Paltrow no filme nomeado a um Óscar — e que regressa agora aos cinemas nacionais, 30 anos depois da estreia.
À época, especulou-se que durante as gravações, teria sido usada uma prótese ensanguentada da cabeça da atriz. O realizador David Fincher esperou três décadas para tirar tudo a limpo. “É completamente ridículo”, disse Fincher à “Entertainment Weekly” em janeiro de 2025, quando questionado sobre o boato.
“Acho que tínhamos um saco de peso de cerca de três ou quatro quilos. Fizemos a pesquisa para calcular. Se o índice de massa corporal da Gwyneth Paltrow fosse X, que parte disso seria atribuída à cabeça dela. Assim, tínhamos uma ideia do peso que teria e acho que colocámos um peso correspondente na caixa”, explicou o cineasta de 62 anos que, ao longo da carreira, foi nomeado a três Óscares
Embora pudesse causar uma reação maior mostrar a cabeça decapitada de Tracy, Fincher acreditou que não mostrar o conteúdo da caixa tornaria a cena ainda mais arrepiante e perturbadora — e não estava enganado, visto que a cena final de “Se7en” continua a ser comentada até aos dias de hoje. Mas afinal, o que é que estava realmente lá dentro além dos sacos de peso?
“Colocámos uma peruca, para que, quando o Morgan abrisse a caixa, caso houvesse alguma fita adesiva usada para a selar, ele tivesse algo tangível para ver”, respondeu. “Acho que era um saco de peso e uma peruca, e penso que a peruca tinha um pouco de sangue para que alguns fios de cabelo ficassem colados. Acho que o Morgan abriu umas 16 ou 17 dessas caixas. Mas, como sempre digo, não é preciso ver o que está na caixa se tiverem o Morgan Freeman.”
Não era só Fincher que queria que o interior da caixa nunca fosse mostrado aos espectadores. Esse desejo também era partilhado por Brad Pitt — e foi uma das razões pelas quais aceitou protagonizar “Se7en”. Em entrevista à “GQ”, dada em agosto do ano passado, o ator revelou que essa foi mesmo uma condição inegociável. “Coloquei isso no meu contrato depois de ter tido uma má experiência num filme anterior em que editaram cenas que achava essenciais”, explicou. “No ‘Se7en’ coloquei no contrato que a cabeça da mulher fica apenas na caixa.”
Pitt também insistiu que David Mills, a sua personagem, executasse o assassino no final da obra. “Também foi incluído no meu contrato. E claro, quando chegou o momento, eles vieram dizer-me: ‘Sabes, ele seria muito mais heroico se não o matasse.’ E eu respondi: ‘Sim, seria. Mas ele não o é.’ Depois sugeriram que ‘seria demasiado com a mulher’ e que podíamos ‘usar cabeças dos cães’. Disse-lhes que não.”
A história acompanha dois detetives: o veterano William Somerset e o impulsivo David Mills, que investigam uma série de homicídios brutais. Cada crime é meticulosamente executado e inspirado nos sete pecados mortais: gula, avareza, preguiça, luxúria, soberba, inveja e ira. A investigação torna-se um jogo psicológico quando o misterioso assassino, conhecido como John Doe, manipula os detetives, conduzindo-os para um desfecho imprevisível e devastador.
“Se7en” foi amplamente aclamado pela crítica e pelo público. A realização de David Fincher foi elogiada pelo seu estilo visual sombrio e opressivo, que complementa perfeitamente o tom do enredo. A cinematografia de Darius Khondji, com o uso de tons escuros e uma atmosfera chuvosa, contribui para a sensação de desconforto constante. Além disso, o argumento de Andrew Kevin Walker é frequentemente citado como um dos mais bem escritos no género e explora temas como a moralidade, obsessão e o impacto do mal na sociedade.
Apesar de não ter vencido nenhum Óscar (mas concorreu na categoria de Melhor Edição), muitos consideram-no um dos melhores filmes da história. Num ranking do IMDb, aparece em 20.º lugar. Além disso, foi um sucesso comercial: com um orçamento de 28 milhões de euros, conseguiu arrecadar 314 milhões de euros. Curiosamente, foi o sétimo filme que mais dinheiro fez em 1995.
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