Quando não está em gravações, Sydney Sweeney tem uma grande paixão: restaurar carros antigos. A atriz reconhecida pela participação em “Euphoria” e na comédia romântica “Todos Menos Tu” é agora a protagonista de “Reality”, um drama que chegou esta quinta-feira, 12 de setembro, às salas de cinema nacionais.
Habitualmente reconhecida pela sua beleza, Sweeney começou a desenvolver a paixão pelos bólides clássicos ainda miúda.
“Sempre fui uma grande fã de veículos antigos”, revelou numa entrevista à “Harper’s Bazaar”. “Tinha duas babysitters que eram irmãs gémeas e também pilotavam automóveis de corrida. Ia muito às pistas e pensava: ‘Quando crescer também quero ser piloto de corrida’”, recordou. O objetivo profissional acabou por ser descartado, mas a paixão por automóveis nunca esmoreceu.
Nos últimos tempos, a norte-americana de 27 anos “ganhou” um espaço para trabalhar nos seus veículos na garagem de um amigo da família. Recentemente restaurou um Ford Bronco de 1969, com pintura vermelho cereja.
“O pai do meu melhor amigo, Rod Emory, reconstrói e repara Porches clássicos”, explicou Sweeney. “Levei o Bronco para a garagem dele e ele arranjou-me uma secção só para mim. Mudei a transmissão, os travões, todo o interior – praticamente tudo no carro é novo”, revelou, confessando que, entretanto, comprou um segundo automóvel deste modelo, mas em azul bebé. A nova aquisição recebeu o carinhoso nome de Britney.
A atriz criou até uma conta no TikTok, a @syds_garage, para publicar os vídeos dos vários veículos que tem restaurado. A dedicação de Sweeney chamou a atenção de marcas como a Ford e a Dickies, tendo recebido um convite para colaborar numa linha de peças para usar na garagem.
O desejo de aprender o ofício do restauro foi espicaçado pela mãe, que sempre a incentivou a ser independente. “Quando andava a tirar a carta de condução só me deixava conduzir carros com caixa manual. Só me deixava guiar os que tinham mudanças”, revelou no talk-show da cantora Kelly Clarkson, acrescentando que também aprendeu a trocar os pneus.
No programa, Sydney recordou que durante as gravações de “Todos Menos Tu”, que decorreram na Austrália, alguns elementos do elenco tinham de conduzir veículos com caixa manual e no sentido contrário ao que estavam habituados. “Fui a única da equipa capaz de o fazer”, vangloriou-se.
Uma história que parou os EUA
Em “Reality”, estas habilidades não foram postas à prova, mas, mesmo assim, a atriz mostra ao público toda a sua versatilidade. Isto porque a obra é diferente de tudo aquilo que fez anteriormente. A narrativa, por sua vez, é inspirada numa história real.
A 3 de junho de 2017, Reality Winner (a jovem que Sweeney interpreta) chegou a casa e foi recebida por dois agentes do FBI que a interrogaram durante 104 minutos. A ex-tradutora da Força Aérea norte-americana era suspeita de ter revelado informações sensíveis sobre a possível interferência russa nas eleições de 2016.
Detida nesse mesmo dia, foi formalmente acusada em 2018 por “retirar material classificado de instalações governamentais e enviá-lo a um meio de comunicação”. A pena de cinco anos de prisão a que foi condenada foi negociada graças a um acordo mas, em 2021, já estava em liberdade condicional por bom comportamento, revelou a revista “Time”.
O caso foi amplamente noticiado na altura — inclusive pelo “The Intercept”, o exato órgão de comunicação com o qual Winner foi acusada de colaborar e que inadvertidamente a denunciou às autoridades. Após a saída da prisão, revelou ao programa “60 Minutos” que enviou os documentos por crer que os americanos “estavam a ser enganados”. Mas quer se considere que agiu bem ou não, a sua história caiu no esquecimento, até agora.
Em “Reality”, Sydney Sweeney encarna Winner ao longo desses mesmos 104 minutos a que foi sujeita ao interrogatório. Aliás, o diálogo do filme foi construído com base nas transcrições dessas duas horas de perguntas dos agentes do FBI. Após adaptar este material para a multipremiada peça de teatro “Is This a Room”, a dramaturga Tina Satter fez a sua estreia na realização com a mesma história.
A produção é um retrato da “crueldade do estado vigilante”, escreveu o “The New Republic”. E tem sido um sucesso junto da crítica. “É o tipo de filme em que as pessoas estão apenas a conversar. E é por isso que funciona”, escreveu Alissa Wilkinson na “Vox”.
Contudo, o grande destaque deste thriller psicológico é a atuação de Sweeney. A sua “performance fenomenal de culpa escondida sob pressão é a arma secreta”, apontou Kevin Maher no “The Times”. Apesar de já ter construído currículo em “Euphoria” e “The White Lotus”, é com “Reality” que a atriz “teve de subir a parada e dominar um papel que carrega um filme”, sublinhou David Fear na “Rolling Stone”.
Sydney Sweeney reconheceu que a prestação foi um momento marcante na sua carreira. Para se preparar para o papel, chegou mesmo a falar com Winner, contou à “Variety”. E acrescentou que participar neste filme possibilitou livrar-se do rótulo que ganhou ao interpretar Cassie em “Euphoria”.
“Apenas me mandam guiões parecidos. Aqueles pelos quais tenho de lutar são os que são diferentes. Em ‘Reality’ tive de fazer uma audição. Tive de gravar a minha atuação e mandá-la como toda a gente”, revela.
Tratando-se de um filme minimal, Sweeney é acompanhada no elenco por um conjunto diminuto de atores, como Josh Hamilton e Marchánt Davis, que interpretam os dois agentes do FBI.
O filme tem uma avaliação de 94 por cento no Rotten Tomatoes, sendo o título melhor avaliado da sua carreira. “O desempenho fenomenal de Sydney Sweeney, cuja personagem tenta ocultar o sentimento de culpa, é a arma secreta do filme”, descreve a “Times”.
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