Quando era miúda, a atriz Lucy Liu viu a mãe ser desprezada apenas por ser asiática. Marcada pelos atos de discriminação a que assistiu, prometeu que não deixaria que isso acontecesse consigo: uma regra que aplica até aos atores mais famosos de Hollywood. Em 2021, durante uma entrevista com o “Los Angeles Times”, revelou que teve um confronto com Bill Murray durante as gravações de “Os Anjos de Charlie”.
A discussão começou durante os ensaios de uma cena do filme que tinha sido recentemente alterada sem o conhecimento de Murray. “Mudaram aquela cena em particular durante o fim de semana e o Bill não veio às gravações porque tinha compromissos familiares. Ele não estava presente, mas a cena ficou mais fluida”, contou a atriz que agora é a estrela de “A Presença”, um novo filme de terror que chegou esta quinta-feira, 6 de fevereiro, aos cinemas em Portugal.
“Gostava de ter estado mais envolvida no momento em que reescreveram o guião de ‘Os Anjos de Charlie’, mas não estive porque fui a última a ser selecionada para o elenco e não tinha tanta liberdade criativa”, acrescenta. Embora não tenha revelado o que lhe foi dito pelo ator, garante que ouviu “insultos inacreditáveis” porque ele a culpou pelas mudanças.
No momento, a atriz teve dificuldade em processar o que estava a acontecer. “Fiquei tipo, ‘Uau, ele parece estar a olhar diretamente para mim.’ Não conseguia acreditar que os comentários dele poderiam ser dirigidos a mim, porque eu não tinha nada a ver com as alterações.”
Sem medo, perguntou a Murray se estava realmente a falar com ela, o que o enfureceu ainda mais. Rapidamente começou a usar “uma linguagem horrível”, recorda Liu. “Foi imperdoável e inaceitável. Defendi-me e não me arrependo disso. Independentemente do quão alto estejas na hierarquia, não há necessidade de ser condescendente ou de rebaixar outras pessoas.”
Quando esta história chegou ao público, em 2021, muitos elogiaram Lucy Liu pela forma como se defendeu e por ter arriscado a carreira ao falar publicamente sobre o tema. Desde então que é frequente falar sobre a polémica em entrevistas.
A mais recente foi ao “The Guardian”, a 13 de janeiro deste ano. “Quando sinto que algo não está certo, protejo-me. É algo instintivo quando percebo que há injustiça, e sempre fui assim”, disse ao jornal britânico.
Além de ter sido aplaudida pelo público, a atitude da atriz foi elogiada por trabalhadores de Hollywood. Uns anos após o confronto, Lucy Liu estava a trabalhar noutro filme quando membros da equipa de gravações, que a atriz nem sequer conhecia na altura, lhe disseram que estavam lá naquele momento e que ficaram gratos por ela ter falado.
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