Nos últimos meses a adaptação tem sido transversal a quase todos os setores da sociedade. Nos EUA, vários filmes previstos para chegarem aos cinemas (ou que tinham estado nas salas por menos tempo do que o suposto) foram disponibilizados nos videoclubes digitais — bastante em voga para os cinéfilos do outro lado do oceano.
Por cá, também com os cinemas encerrados, temos confiado nas produções originais do streaming para fornecerem esse serviço de alimentarem os espectadores com filmes novos. Depois de estrear no prestigiado festival de cinema de Toronto em setembro do ano passado, “Bad Education” estreou internacionalmente na HBO a 26 de abril, sem grande alarido nem campanhas de promoção.
Realizado por Cory Finley, e baseado num artigo da “The New York Magazine” escrito por Robert Kolker, “Bad Education” conta uma história real protagonizada por Hugh Jackman. Do elenco fazem ainda parte Allison Janney, Ray Romano, Geraldine Viswanathan, Welker White, Annaleigh Ashford e Stephanie Kurtzuba, entre outros.
Jackman interpreta Frank Tassone, o supervisor do distrito escolar de Roslyn, em Long Island, cujo liceu estava nos melhores lugares do ranking desta região do estado americano de Nova Iorque. No início do milénio, este homem era amplamente admirado pela comunidade e era visto como um exemplo para todos.
Frank Tassone tinha sido professor, conhecia todos os alunos e falava com os pais, lutava para que conseguissem entrar em boas faculdades depois de passarem pela sua escola, e era uma voz importante nos debates regionais ou nacionais do ensino. Era viúvo há muitos anos, e Tassone vivia para o trabalho — era o modelo perfeito de um alto funcionário público de excelência.
Curiosamente, toda esta perceção sobre Tassone mudou depois de um artigo escrito por uma aluna precisamente para o jornal da escola de Roslyn. O texto mostrava, com várias provas recolhidas depois de uma análise profunda às contas da escola, que Tassone tinha desviado milhões de dólares ao longo dos anos. Isto aconteceu em 2002.
Sim, ele tinha feito grandes coisas pela sua comunidade — sendo que a qualidade da escola tinha ainda contribuído para que o valor das casas naquela zona aumentasse, o que era positivo para os moradores — mas ao mesmo tempo tinha estado a defraudá-la.
Pouco tempo antes da publicação do artigo, a antiga assistente de Frank Tassone, Pam Gluckin, tinha sido despedida de forma bastante discreta por também ter desviado fundos. Na investigação que resultou desta publicação jornalística, descobriu-se que Gluckin tinha roubado muito mais do que aquilo que tinha sido inicialmente indicado, e que Tassone tinha não uma vida dupla, mas tripla.
Frank Tassone era, às escondidas, um homossexual com dois maridos — um em Nova Iorque, que o tinha ajudado nos crimes, e outro em Las Vegas, que era um antigo aluno. Este foi o maior caso de desvio de fundos na história escolar dos EUA — com o choque adicional de ter sido cometido por um homem que aparentemente era exemplar.
O filme mostra como Frank Tassone e Pam Gluckin foram investigados — e que não sentiam que estavam a cometer crimes assim tão grandes, porque ao mesmo tempo estavam a fazer um bom trabalho — apesar de não explicar exatamente como é que eles tiveram a ideia de roubar tantos milhões de dólares ao longo dos anos, e de como pensaram que nunca seriam apanhados.
“Bad Education” relata, no entanto, que começaram com pequenas coisas — como Frank Tassone a, por engano, pagar uma pizza com o cartão de crédito da escola e depois reparar que ninguém na equipa de contabilidade tinha dado pelo erro.
A grande heroína da história é a jovem estudante Rachel Bhargava, a quem é pedido que faça uma peça sobre um conjunto de passadiços que iam ser construídos para ligarem as várias escolas de Long Island, mas que, encorajada por um supervisor, decide levar o trabalho a sério, investigar mais a fundo e começar a olhar para as contas — o que resultou na descoberta dos crimes. O filme tem 1h48 de duração.
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