Depois do encerramento do antigo Cinema King, em Alvalade, e dos rumores da sua potencial venda, o espaço cultural lisboeta pode agora ser caso de justiça. O proprietário do edifício, segundo a Lusa, citada pelo “Observador”, admite agora processar a Câmara Municipal de Lisboa, depois de a autarquia ter exercido o direito de preferência sobre o imóvel e, semanas depois, ter recuado “sem apresentar qualquer justificação”.
A informação foi avançada esta quarta-feira, 8 de outubro, pelo representante legal do proprietário, durante uma visita dos candidatos da coligação Viver Lisboa (PS/Livre/BE/PAN) ao espaço, encerrado desde 2013. Segundo o porta-voz, o negócio esteve praticamente fechado. A autarquia terá manifestado interesse na compra a 24 de agosto, com uma oferta de 1,7 milhões de euros, e terá mesmo pedido a documentação e marcado uma vistoria ao edifício. Mas, 35 dias depois, cancelou tudo.
“O proprietário perdeu o comprador, perdeu o negócio com a Câmara, perdeu mais uma proposta que tinha”, revela o advogado, que garantiu que já foram dadas instruções ao gabinete jurídico para avançar com uma ação judicial contra a autarquia. “A Câmara bloqueou o imóvel para possível negócio, criou um prejuízo e um problema”, resumiu.
De acordo com a mesma fonte, o recuo terá sido comunicado num ofício assinado pela Direção Municipal do Urbanismo, sem qualquer explicação para a mudança de posição. O gabinete do presidente Carlos Moedas terá sido informado, assim como todos os vereadores, mas nenhum se terá pronunciado, com exceção dos representantes do PS, que quiseram visitar o espaço, refere o representante do proprietário.
Alexandra Leitão, candidata socialista nas eleições autárquicas da capital, confirmou ter recebido informação de que a Câmara exerceu o direito de preferência e, mais tarde, voltou atrás na decisão. A comitiva incluiu ainda os co-porta-vozes do Livre, Isabel Mendes Lopes e Rui Tavares, e o dirigente do BE, Ricardo Moreira.
O antigo Cinema King tem uma área bruta de 2.211 metros quadrados e continua à venda no mercado. O valor baixou dos 1,95 milhões iniciais para os 1,7 milhões que a Câmara chegou a aceitar pagar, mas agora existem propostas mais baixas, sendo que nenhuma estará fechada.
No anúncio imobiliário ainda ativo, o imóvel é apresentado como “um espaço comercial de grande dimensão no coração de Alvalade”, com potencial para clínicas, centros de escritórios, ginásios, espaços educativos, culturais ou tecnológicos.
O King fechou portas a 24 de novembro de 2013, depois de décadas de história, primeiro como Cinema Vox, depois como Voxmania, e mais tarde como King Triplex. Foi sala de cinema de autor, espaço de concertos e até livraria. Desde então, tem sido alvo de nostalgia, partilhas virais nas redes sociais e ideias que vão desde cineclubes a espaços multidisciplinares. Nenhuma saiu do papel.

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