Millie Bobby Brown tinha 11 ou 12 anos quando começou a ler com a irmã mais velha os livros de “The Enola Holmes Mysteries”, saga de Nancy Springer que se foca numa irmã mais nova de Sherlock Holmes, provavelmente o detetive fictício mais famoso do mundo, personagem inventada por Arthur Conan Doyle.
Esta saga de livros, em vez de se focar em Sherlock (que existe em diversas formas no cinema, na televisão e na literatura), centra-se em Enola, uma adolescente cujas aventuras têm um espírito semelhante às investigações clássicas do irmão mais velho. Neste caso, a sua perspetiva é necessariamente diferente por ser uma personagem mais nova e por ser mulher na sociedade vitoriana.
Millie Bobby Brown adorou os livros e pensou de imediato: “quero interpretar esta personagem”, como explica numa entrevista à revista “Deadline”. “Mas eu tinha 11 ou 12 anos, a personagem tinha 16, por isso sempre soube que seria uma ambição para o futuro.”
A pequena atriz estava a preparar-se para entrar em “Stranger Things” e estava prestes a participar no seu primeiro filme, “Godzilla: King of the Monsters”. A ideia ficou na gaveta, mas certo dia contou ao pai como adorava adaptar os livros de “Enola Holmes” ao cinema.
O pai de Millie Bobby Brown conseguiu que a produtora de “Godzilla: King of the Monsters”, a Legendary, ficasse com o projeto. O passo seguinte foi encontrarem um argumentista que pudesse construir o guião a partir dos livros. Jack Thorne (“Mundos Paralelos”) foi o nome escolhido.
Depois, o realizador. Harry Bradbeer (que tinha trabalhado em “Killing Eve” e em “Fleabag”) ficou com o projeto. Tal como na série “Fleabag”, em “Enola Holmes” há momentos da narrativa em que a protagonista fala diretamente para as câmaras e para os espectadores. O resultado chegou esta quarta-feira, 23 de setembro, à Netflix: é o dia da estreia de “Enola Holmes”.
Além de Millie Bobby Brown, o elenco inclui nomes como Henry Cavill, Sam Claflin, Helena Bonham Carter, Fiona Shaw, Louis Partridge, Susan Wokoma ou Burn Gorman.
“Já trabalhei com vários jovens atores, e a Millie não estudou representação, mas tem um instinto inato e um talento com o qual eu sabia que podíamos trabalhar”, contou o realizador Harry Bradbeer na mesma entrevista com a “Deadline”, antes de explicar que a jovem atriz de 16 anos (que agora tem a mesma idade que a personagem) teve liberdade para improvisar várias falas durante as gravações.
“Tenho de estar mesmo confortável com uma equipa para poder improvisar, acho eu. Não me quero sentir envergonhada. É uma coisa da minha cabeça”, diz Millie Bobby Brown. “No primeiro dia de gravações, senti-me imediatamente tão confortável, senti que podia explorar os limites sem ser julgada por isso. Foi um grande espaço criativo.”
A atriz explicou ainda como se identifica tanto com a personagem. “Acho que qualquer pessoa que me conheça e que veja o filme, como a minha família e amigos, dizem: ‘Ela é tão parecida contigo. Às vezes olho para ela e sinto que é como se estivesse a ver-te a falar’. E quando eu li o guião, eu senti que me estava a ler a mim mesma. Ela tem um grande sentido de humor, muito britânico, e eu tenho esse sentido de humor. Ela está a crescer num mundo louco à volta dela, eu estou a crescer com um mundo louco à minha volta, e é sobre como nos encontramos.”
O filme tem sido descrito como pensado para um público de jovens adultos, com um tom e espírito otimista, embora revele o lado mais vulnerável e frágil da personagem principal. Na entrevista com a “Deadline”, tanto a atriz como o realizador assumiram que gostavam de fazer uma sequela, já que a saga literária conta com seis livros publicados.
“Há mais desta história para contar”, diz Millie Bobby Brown. “A história ainda não acabou. Ela ainda não cresceu, não há uma conclusão. Acho que ela vai ser sempre alguém que está a evoluir, mas há definitivamente mais para mostrar no ecrã. O Harry e eu adorámos trabalhar juntos, por isso isto tem que acontecer. Harry, temos de enviar um email.”