Os principais estúdios de cinema e televisão e os argumentistas em greve chegaram a um acordo provisório no domingo, 24 de setembro, após dias de intensas negociações, anunciou o Writers Guild of America (WGA) na mesma noite. Um avanço que abre caminho para terminar a histórica paralisação que tem interrompido produções e paralisado grande parte de Hollywood.
“O que conquistámos neste contrato – mais especificamente, tudo o que ganhámos desde 2 de maio – deve-se à vontade desta associação em exercer o seu poder, demonstrar a sua solidariedade, caminhar lado a lado, suportar a dor e incerteza dos últimos 146 dias”, comunicou o WGA num email enviado aos membros. “Foi a pressão gerada pela vossa greve, juntamente com o extraordinário apoio dos nossos irmãos sindicalistas, que finalmente trouxe as empresas de volta à mesa para fechar um acordo.” Os termos do acordo não foram divulgados.
Embora o acordo ainda necessite de ser ratificado pelos membros do WGA, que representa mais de 11.000 argumentistas, o avanço significa um ponto de viragem na greve que já dura há quase cinco meses. A atual paralisação esteve perto de superar a greve mais longa da história do WGA, uma greve de 1988 que durou 154 dias.
“Podemos dizer, com grande orgulho, que este acordo é excecional – com ganhos significativos e proteções para os argumentistas em todos os setores da associação”, afirmou o WGA na sua mensagem aos membros. No entanto, o acordo provisório não termina imediatamente a greve.
“Para ser claro, ninguém deve regressar ao trabalho até estar especificamente autorizado pelo sindicato. Continuamos em greve até lá. Mas, a partir de hoje, estamos a suspender os piquetes do WGA.” O sindicato incentivou os membros a juntarem-se à linha de piquete da greve dos atores durante esta semana.
O sindicato dos atores, SAG-AFTRA, também está em greve desde meados de julho; o SAG-AFTRA representa cerca de 160.000 atores. Ambas as greves em Hollywood têm sido prolongadas e dispendiosas, com um impacto económico nacional estimado em mais de 4,3 mil milhões de euros.
Indústrias como restaurantes, empresas de serviços e lojas de adereços também têm sentido os efeitos secundários dos contínuos conflitos e tiveram de reduzir pessoal como resultado. Em Nova Iorque, a interrupção de 11 grandes produções resultou numa perda de cerca de 1,1 mil milhões de euros e 17.000 empregos, segundo o Empire State Development.
O WGA poderá na terça-feira, 26 de setembro, autorizar os seus membros a regressar ao trabalho antes de o acordo ser oficialmente ratificado pelos membros do sindicato. Muitos revelam-se otimistas e esperam que o acordo dos estúdios com os argumentistas também permita aos atores chegarem igualmente a um acordo.
As receitas provenientes da televisão linear tradicional têm vindo a diminuir e os serviços de streaming – apesar de estarem em crescimento – estão a perder dinheiro. As temporadas para programas de streaming também tendem a ser mais curtas, o que significa menos trabalho para os argumentistas.
Os argumentistas têm reclamado que não conseguem viver com a atual economia e estrutura salarial da indústria televisiva e cinematográfica, que tem redundado em menos oportunidades de emprego em muitos programas e salários mais baixos para muitos argumentistas que conseguem encontrar trabalho. Os argumentistas também estão preocupados com o aumento da inteligência artificial e querem proteções para garantir que filmes e programas são escritos por humanos e não por máquinas.
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