Cinema

“Eternals” é um dos filmes mais bonitos da Marvel — mas não é realmente bom

A produção dirigida por Chloé Zhao estreia nos cinemas esta quinta-feira. Leia a crítica da NiT.
O filme tem 2h37 de duração.
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Os super-heróis dominam a cultura pop dos últimos anos. Representam uma indústria multimilionária que é transversal ao cinema, ao merchandise, aos videojogos e, claro, ao que deu origem a tudo: a banda desenhada. Por isso, a tendência será para o fenómeno crescer (ainda mais) até atingir o ponto de saturação.

Depois dos Vingadores, dos X-Men, do Quarteto Fantástico, do Esquadrão Suicida, dos Guardiões da Galáxia ou da Liga da Justiça, agora estão aí os Eternals — mais um coletivo de super-heróis. O filme homónimo estreia nos cinemas esta quinta-feira, 4 de novembro. 

Curiosamente, desta vez a Marvel foi contratar alguém com créditos firmados no cinema de autor para dirigir este filme. Chloé Zhao (que venceu o Óscar de Melhor Realização este ano depois de ter feito “Nomadland – Sobreviver na América”) foi a responsável por colocar os Eternals no grande ecrã.

Quem são estes Eternals? São um grupo de super-heróis eternos — mas não imortais — enviados para a Terra por um Celestial, uma criatura divina. A sua missão é proteger a humanidade dos Deviants, monstros destruidores. Além desse objetivo, não devem fazer mais nada: foram instruídos para não interferir noutros conflitos. Assim se justifica a sua ausência em todos os acontecimentos retratados nos restantes filmes da Marvel.

Ou seja, estes Eternals vivem como se fossem vampiros, escondidos entre os humanos. Mudam de identidade ao longo dos anos, tendem a esconder os super-poderes, e o filme leva-nos a percorrer a história do mundo e das civilizações. A invenção do arado? A prosperidade da Babilónia? A bomba atómica de Hiroshima? De uma forma ou outra, os Eternals estiveram sempre envolvidos. Muitas vezes, os humanos confundem os seus atos com lendas. Julgam ser obra de criaturas mitológicas.

Os Eternals são muitos. Sersi (Gemma Chan) consegue transformar objetos e convertê-los noutras substâncias. Ikaris (Richard Madden) voa e dispara lasers dos olhos. Kingo (Kumail Nanjiani) consegue disparar bolas de fogo com as mãos. Sprite (Lia McHugh) cria ilusões, enquanto Gilgamesh (Ma Dong-seok) tem uma força sobrenatural. Thena (Angelina Jolie) é uma super guerreira especialista em armas. Druig (Barry Keoghan) tem poderes de controlo da mente. Phastos (Brian Tyree Henry) é um inventor sobrehumano. E Makkari (Lauren Ridloff) é super rápida.

Ajak (Salma Hayek) lidera este conjunto de heróis. Tem habilidades de cura e é ela que faz a ponte com o Celestial que coordena o propósito destes Eternals. Só que Ajak guardou durante muito tempo um segredo — que coloca a estes protagonistas um dilema profundo, numa altura que coincide com o regresso dos Deviants. Deverão defender os humanos, aqueles que protegem há sete mil anos? Ou obedecer às ordens a que estão obrigados a cumprir?

O filme torna-se interessante quando esta tensão é explorada. Mas antes de chegarmos à melhor parte levamos com uma explicação introdutória sobre os Eternals; acompanhamo-los ao longo de várias épocas na Terra; assistimos ao momento em que se afastam; e vemo-los a reunirem-se, agora que há uma nova ameaça dos Deviants.

Com duas horas e 37 minutos de duração, é o segundo filme mais longo de sempre da Marvel. E o ritmo é um dos maiores problemas de “Eternals”. Por vezes, somos arrastados por momentos mortos que servem para dar algum contexto a cada personagem. Noutras ocasiões, a ação arranca mais depressa de que deveria e acontecem demasiadas coisas num curto espaço tempo.

Contudo, o toque de Chloé Zhao está lá. A cineasta traz uma estética mais apelativa ao universo da Marvel — por exemplo, filmou muito mais em locais reais e evitou cenas em ecrã verde — e assim conseguiu produzir um dos mais bonitos filmes do MCU. Porém, não consegue esticar o suficiente os limites convencionais do género para podermos considerar que “Eternals” seja de alguma forma revolucionário. 

Há pontos a favor. As cenas de ação (que por momentos quase se assemelham às dos videojogos) estão num outro nível de efeitos visuais. Os momentos de humor são bastante divertidos — aplausos para Kingo, que construiu uma dinastia em Bollywood, e para o seu side-kick Karun (Harish Patel). Mas o guião fica aquém da escala que esta história merecia. 

O filme é demasiado longo e não gere bem o tempo. As diversas dinâmicas entre personagens, os seus diferentes objetivos e lealdades precisavam de mais tempo para serem aprimoradas. Assim, são apresentadas à pressa, de forma pouco lógica. De qualquer forma, “Eternals” entretém e será certamente bem recebido pela enorme comunidade de fãs dos filmes da Marvel.

Carregue na galeria para conhecer outros dos principais filmes que vão estrear até ao final do ano.

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