Em Hollywood, o nome de Francis Ford Coppola tornou-se sinónimo de lenda. Na década de 70, o toque dourado do realizador, de 85 anos, levou-o a criar obra-prima atrás de obra-prima, desde a trilogia “O Padrinho” ao épico “Apocalypse Now”. Porém, também circulam acusações de comportamento inadequado que têm dado origem a inúmeras polémicas.
Em maio, dias antes da estreia do filme “Megalopolis” no cinema, o cineasta foi acusado de uma conduta questionável em relação a várias pessoas que participaram no filme. Uma testemunha garantiu que tentou beijar alguma das mulheres “que estavam em topless ou seminuas”, revelou, na altura, a fonte citada pelo “Daily Mirror”.
Volvidos dois meses, foi divulgado um vídeo na qual Coppola é visto a forçar contacto físico com várias figurantes no set de gravações. As imagens onde o artista surge a beijar o pescoço de uma das figuras femininas, partilhadas pelo site “Variety”, tornaram-se logo virais nas redes sociais.
Antes da filmagem das cenas, o realizador terá avisado ao microfone que podia intervir a meio das gravações para interagir com as atrizes, revelaram duas fontes anónimas que integraram a produção. “Desculpem, se eu chegar ao pé de vocês e vos beijar. Saibam que é apenas para meu prazer”, disse.
Outra fonte revelou à mesma publicação que, uma vez que Coppola financiou o filme, não havia “não havia departamento de RH para controlar as coisas”.
A new video of Francis Ford Coppola grabbing and kissing female extras on the set of ‘MEGALOPOLIS’ has surfaced online.
He reportedly announced with a microphone to the entire set, “Sorry, if I come up to you and kiss you. Just know it’s solely for my pleasure.”
Another source… pic.twitter.com/ZVaLZNgyj6
— DiscussingFilm (@DiscussingFilm) July 26, 2024
Quando a polémica começou a surgir, durante o Festival de Cannes, o produtor de “Megalopolis”, Darren Demetre, saiu em defesa do realizador. “Houve dois dias em que filmámos uma cena de celebração no clube, ao estilo do Studio 54 em que Francis andou pelo cenário para estabelecer o espírito da cena, dando abraços e beijos na cara ao elenco e aos actores secundários”, justificou ao “The Guardian”.
Além disso, acrescentou que nunca teve conhecimento de quaisquer reclamações de assédio ou mau comportamento”, recordando que trabalha com Coppola há vários anos. As demonstrações de afeto “foram a forma que Coppola encontrou de ajudar a inspirar e a criar o ambiente de discoteca, que era tão importante para o filme”.
Apesar da antecipação, a estreia do “filme da vida” do cineasta, lançado a 28 de março, não foi bem recebido pela crítica. “[O filme] não é nada bom. É triste assistir a isto”, confessou o diretor de um estúdio ao “The Hollywood Reporter”. “Não era assim que Coppola deveria terminar a sua carreira como realizador.”
Entre os críticos especializados, há duas frentes: a que ataca impiedosamente a produção; e a que procura olhar para o filme sem a expectativa que o nome de Coppola traz. Mas todos concordam: está longe de ser uma obra-prima digna do cineasta. “Uma egoísta e confusa amálgama de ideias — no melhor dos sentidos”, atirou a “Time”.
Leia o artigo da NiT acerca das respostas à produção que custou 100 milhões de euros ao cineasta.