Depois da morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins, vítima de um disparo feito pelo ator e produtor Alec Baldwin, chegou a público mais um incidente nas gravações do western “Rust”. O operador de luz Jason Miller foi mordido por uma aranha e está em risco de perder o braço.
O profissional estava a trabalhar no set, no estado americano do Novo México, quando foi atacado por uma loxosceles reclusa, espécie venenosa mais conhecida como aranha-violinista. Está internado no hospital e já foi submetido a múltiplas cirurgias.
Nos dias após ter sido internado, começou a desenvolver sintomas de necrose e septicemia. Os médicos têm estado a tentar travar a infeção, mas há o risco de o braço ter de ser amputado. De qualquer forma, Jason Miller terá de atravessar uma longa recuperação.
Em relação ao caso dos disparos que atingiram Halyna Hutchins e o realizador Joel Souza (que sobreviveu, embora tenha ficado ferido), Alec Baldwin foi processado por negligência. O processo foi interposto pelo chefe-técnico de iluminação Serge Svetnoy, amigo próximo de Hutchins.
A ação judicial inclui ainda a armeira Hannah Gutiérrez-Reed (cujos representantes legais disseram que estava a ser “incriminada” pela morte da diretora de fotografia), o assistente de realização David Halls (que já tinha sido alvo de várias queixas), e a responsável pelos adereços Sarah Zachry, entre outros profissionais.
Svetnoy diz que o incidente “foi causado por atos de negligência e omissões” de Alec Baldwin e outros membros da equipa de produção. “Não havia qualquer razão para colocar uma munição verdadeira naquele revólver ou sequer para que estivesse no set de ‘Rust’ — a presença de uma bala num revólver representa uma ameaça letal para todos à volta,” declara.
O responsável pela iluminação do filme diz que o protocolo de manuseio de armas durante as filmagens e as boas práticas da indústria nesse contexto não foram respeitadas.
O advogado de defesa de Hannah Gutiérrez-Reed, Jason Bowles, tem dito que a armeira não faz ideia de como é que munições reais foram parar ao set. “Estamos a pedir uma investigação completa de todos os factos, incluindo as balas reais e quem as colocou ali. Estamos convencidos de que foi uma sabotagem. Também acreditamos que o local da rodagem foi mexido antes da chegada da polícia.”
A procuradora do condado de Santa Fé, Mary Carmack-Altwies, responsável pelo ministério público local, descartou esta teoria numa entrevista ao programa da manhã “Good Morning America”. Mary Carmack-Altwies assegurou que o processo não vai ser apressado e que pode durar meses até receber todas as provas do departamento do xerife.
A grande dúvida envolve a origem das balas reais — e como foram parar à arma que Alec Baldwin estava a usar durante os ensaios para uma cena. “Sei que alguns advogados de defesa apareceram com teorias da conspiração e usaram a palavra ‘sabotagem’. Não temos quaisquer provas”, disse a procuradora.
Porém, caso esta hipótese se confirmasse, isso levaria “certamente a um nível mais elevado de acusação de homicídio do que potencialmente estaríamos a ponderar com os factos que temos agora”. Quanto a Alec Baldwin, está confirmado que o ator e produtor não sabia que a arma estava carregada com balas verdadeiras. Mas foram encontradas mais munições reais no local.
“Ainda não sabemos como apareceram no set e como lá chegaram será um dos fatores mais importantes a ponderar na tomada de decisão sobre as acusações. Provavelmente é mais importante prestar atenção ao que aconteceu até ao momento do disparo, porque sabemos que Baldwin desconhecia que a arma estava carregada no momento do disparo. Por isso, é mais [sobre] como esta arma foi carregada, se houve negligência no processo, que falhas aconteceram e se tiveram origem criminosa.”
A procuradora disse ainda que acredita que o incidente podia ter sido evitado. “O mais preocupante é que houve tantos níveis de falhas naquele set de gravações”. Também já se sabe quem foi o profissional que carregou a arma, mas não foram divulgados mais detalhes.
Leia também o artigo da NiT sobre a história de Halyna Hutchins.