“É só uma história sobre tipos com fatos que conseguem voar.” Foi desta forma que, em conversa com a NiT, Harrison Ford descreveu o novo filme de um dos super-heróis mais famosos da história das bandas-desenhadas e do cinema. “Capitão América: Admirável Mundo Novo” estreou esta quinta-feira, 13 de fevereiro, nas salas de cinema nacionais. Na obra, Ford interpreta o presidente Thaddeus Ross, o vilão Hulk Vermelho.
O Capitão América já não é interpretado por Chris Evans, mas sim por Anthony Mackie, mais conhecido por ser Sam Wilson em filmes anteriores do estúdio. Após um encontro com o recém-eleito Presidente dos Estados Unidos, Thaddeus Ross, o protagonista vê-se envolvido num incidente internacional. O seu objetivo é desvendar uma conspiração global antes que o verdadeiro cérebro por detrás da operação coloque o mundo em perigo.
Curiosamente, esta não é a primeira vez que Harrison Ford, de 82 anos, interpreta um presidente no cinema — já o tinha feito em 1997 no filme “Força Aérea 1″, que foi nomeado a dois Óscares. “Admirável Novo Mundo”, garante o próprio ator, “não é um guia para os futuros presidentes”. “É só uma história sobre tipos com fatos que conseguem voar e a imaginação incrível que faz parte do Universo Cinematográfico da Marvel.”
Participar pela primeira vez numa produção da gigante do entretenimento “foi uma experiência muito divertida”. Embora as críticas estejam a ser duras — tem uma pontuação média de 52 por cento no agregador Rotten Tomatoes — Harrison Ford acredita que é um filme “que entretém facilmente, mas que também é muito humano”. O veterano sentiu-se fascinado por este papel devido à conturbada relação que Thaddeus tem com a filha. “Abordar este tópico num filme da Marvel atraiu-me bastante”, confessa.
A obra insere-se na Fase Cinco do Universo Cinematográfico Marvel e dá continuidade às narrativas estabelecidas anteriormente. Explora os desafios de Sam Wilson ao assumir o legado do Capitão América, abordando temas de identidade, responsabilidade e unidade. A introdução de personagens como o Presidente Ross e a Serpent Society, liderada por Sidewinder, expande o universo, ligando eventos passados enquanto prepara o terreno para futuras histórias.
A NiT participou numa conferência de imprensa online com o ator e vários meios internacionais. Leia agora a entrevista.
Antes de aceitar participar no “Capitão América”, já lhe tinham oferecido papéis de super-heróis durante a sua carreira?
Não. Nunca me ofereceram um fato que voa ou superpoderes. Só sou bom para ser presidente. Foi uma experiência muito divertida. Gostei muito de trabalhar com o Anthony Mackie e com os outros elementos da equipa. Acho que fizemos um filme que entretém facilmente, mas que também é muito humano. O que me atraiu para esta personagem foi o dilema que ele tem com a filha. Abordar este tópico num filme da Marvel atraiu-me bastante.
Interpretar um presidente dos Estados Unidos com um lado negro é algo bastante diferente das personagens icónicas que teve, como o Indiana Jones e o Han Solo, que são a personificação do heroísmo e moralidade. Porque é que aceitou o papel?
Nunca quis aceitar apenas papéis de personagens positivas. O que importa é o papel que a personagem tem na história geral do filme. Quero ser uma parte importante de um filme, quer a personagem seja boa ou má.
Quem é que o inspirou para criar esta personagem?
As pessoas com quem estava a trabalhar, as palavras no guião e a ideia por detrás de tudo. Eu não trabalho com inspirações. Trabalho com detalhes e com a junção de todas as peças. É bom ter um pouco de inspiração, mas o todo é ainda mais importante.
Como é que foi trabalhar com o Julius Onah, que fez a sua estreia como realizador neste filme da Marvel?
Todos os realizadores são diferentes e trabalharam através das suas próprias experiências e interesses. O Julius também desenvolveu o guião e estava familiarizado com a ambição do argumento. Ele procurava sempre algo específico em cada cena e isso foi muito útil. Gostei de ser guiado por ele porque não quero ser responsável por tudo. Só quero trabalhar.
Os outros atores do elenco disseram que aprenderam muito consigo. O Harrison também aprendeu algo com eles?
Não quero ficar responsável por dizer que aprendi algo com alguém. Acho que aprendemos todos com os nossos erros e aprendemos a trabalhar juntos para criar algo que é duradouro e que faz sentido para as outras pessoas. Não é um esforço individual. É um trabalho coletivo e é isso que eu gosto. Há muitas ideias a pairar vindas de pessoas inteligentes. Nunca sabemos o que vai acontecer quando estamos num estúdio e isso também é entusiasmante. Sabemos quais são as palavras no guião, mas não sabemos como é que vão soar até alguém as dizer. Não sabemos se as pessoas vão rir ou chorar com o que dizemos.
Das imagens que vimos, o presidente Thaddeus Ross é muito complicado e aborda a política dos Estados Unidos. O filme surge numa altura interessante. O que é que acha que o filme pode dizer às pessoas em termos políticos?
Nada. Isto é um filme e não política. Esta personagem é puro entretenimento e não é baseada em nenhuma realidade que vocês, enquanto jornalistas, podem querer abordar. Percebo essa responsabilidade e acho que é louvável, mas não foi por isso que vim e não é isso que estou a fazer.
Esta não é a primeira vez que interpreta um presidente dos Estados Unidos — toda a gente se lembra do seu icónico papel em “Força Aérea 1”. Há semelhanças entre ambos os personagens? E porque é que acha que os realizadores olham para si e dizem: “O Harrison devia interpretar um presidente”?
Acho que já devem ter dito que eu poderia interpretar um presidente porque, historicamente, há muitos presidentes. Alguns são bons e outros nem por isso. Mas o filme não é sobre isso, mas sim sobre um presidente que faz parte desta história. Claramente não é um guia para os futuros presidentes. É só uma história sobre tipos com fatos que conseguem voar e a imaginação incrível que faz parte do Universo Cinematográfico da Marvel. É incrível podermos criar filmes em que as pessoas podem voar e ter escudos com poderes mágicos. É uma fuga à realidade do dia a dia e pode-nos dar um enorme prazer.
A que questões é que um papel tem de dar resposta para o aceitar e de que forma é que isso mudou ao longo da sua carreira?
Isso está sempre a mudar e não é uma equação matemática. Depende muito do que está disponível para fazer quando sinto vontade de trabalhar ou do que já fiz que seja semelhante e se quero repetir essa experiência. É um conjunto complexo de fatores e não é tão simples como dizer: “Ah, vou interpretar um super-herói”. Tento perceber se há boas pessoas no filme, se o guião está bom e se existe vida dentro desta história que precisa de ser observada, cultivada e à qual é preciso dedicar tempo. Quero estar sempre envolvido com pessoas ambiciosas que, na minha opinião, são boas no que fazem e que me oferecem algo com um certo grau de intriga, algo que não compreendo totalmente, que ainda não explorei ou em que nunca tinha pensado.
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