Quando a atriz Kelly Preston morreu aos 57 anos, de cancro da mama, após uma batalha de dois anos contra a doença, Olivia Newton-John determinou-se a criar uma fundação com o próprio nome para ajudar a combater o problema.
“Perdi demasiados amigos e familiares para o cancro. Este é o meu sonho. A minha paixão é ver um mundo além do cancro”, disse Newton-John em declarações à “People”, em 2020. “Ela era uma pessoa linda, por dentro e por fora”, comentou com a “US Weekly”. Kelly Preston era mulher de um dos seus grandes amigos, John Travolta, com quem brilhara em “Grease” (1978).
Esta segunda-feira, 8 de agosto, foi a própria Olivia Newton-John que não resistiu ao cancro da mama. A cantora e atriz australiana faleceu aos 73 anos, na sua casa na Califórnia, junto da família e amigos mais próximos, anunciou o seu marido, John Easterling.
Não foi a primeira vez que Newton-John foi diagnosticada com cancro, já o havia sido em 1992. Conseguiu ultrapassar o problema de saúde, mas o cancro voltaria mais forte em 2013. À terceira, não conseguiu resistir.
De qualquer forma, estava empenhada em contribuir para a solução. Durante o mais recente ciclo de tratamentos, decidiu leiloar diversos bens pessoais — inclusive adereços que usara em “Grease” — para angariar dinheiro para a investigação sobre o cancro.
Aliás, após a sua morte, foi pedido aos fãs que não enviassem flores mas que fizessem doações para a Fundação Olivia Newton-John. “A sua inspiração e experiência pioneira com plantas medicinais continuará com o Fundo da Fundação Olivia Newton-John, dedicado à investigação de plantas medicinais e cancro.”
John Travolta reagiu à morte da grande amiga nas redes sociais. “Minha querida Olivia, tornaste as nossas vidas muito melhores. O teu impacto foi incrível. Amo-te muito. Estaremos todos juntos novamente. Teu, desde o momento em que te vi e para sempre! O teu Danny, o teu John!”, escreveu no Instagram, quando publicou uma foto da atriz.
Ao longo dos anos, os dois mantiveram uma relação próxima. “Fizemos algo que mudou as nossas vidas, aquele filme”, contou Olivia Newton-John à “People” em 2018, quando “Grease” fez 40 anos. “Na estreia tinhas a sensação, pela energia, de que algo estava a acontecer. Foi uma grande reação. Sinto-me grata por ter feito parte daquilo e por ter trabalhado com ele. Ficámos amigos desde então. [Nas alturas difíceis] John sempre veio falar comigo.”
Travolta acrescentou à mesma publicação: “Quando partilhas aquele tipo de sucesso meteórico, formas uma ligação. Acompanhei-a quando ela teve uma filha, quando se divorciou, quando perdeu a irmã. Ela acompanhou o meu casamento e quando tive filhos. É maravilhoso termos todas estas memórias partilhadas”. Em 1987, foi o ator quem convenceu Newton-John a ficar com o papel.
Em 2019, Travolta também demonstrou apoio quando questionado num evento sobre como Newton-John estava a lidar com o novo diagnóstico. “Ela parece incrível”, respondeu o ator à “Entertainment Tonight”. “Não parece estar diferente em relação aos últimos anos. E tenho muito orgulho nela.” Nesse mesmo ano, Travolta e Newton-John reuniram-se em palco para uma interpretação especial de algumas canções de “Grease”. E partilharam alguns vídeos onde recriaram os visuais deste filme icónico.
Quando a mulher Kelly Preston morreu, o ator evitou falar publicamente sobre o assunto. “Ela protagonizou uma luta corajosa ao lado da família e do apoio de tantos outros”, frisou nas redes sociais. O trauma obrigou Travolta a recolher-se e a optar por fazer uma pausa na carreira durante “as semanas e meses” de que precisava para conseguir “sarar as feridas”.
Contudo, esta não foi a primeira vez que perdeu alguém próximo para o cancro da mama. Diana Hyland tinha mais 18 anos do que Travolta quando contracenaram no filme de 1976 “O Rapaz na Redoma”. Ela interpretava a mãe, ele o filho. Atrás das câmaras, apaixonaram-se. Foi o seu primeiro grande amor.
“Nunca estive tão apaixonado na minha vida. Pensei que já tinha estado apaixonado, mas afinal não”, revelou em 1977. “Senti-me atraído desde o momento em que a vi. Parecíamos dois loucos, falávamos o tempo todo durante as gravações. Ao fim de um mês, tornou-se romântico.”
Hyland contou-lhe que tinha lutado contra um cancro. Havia feito uma mastectomia em 1975 e, aparentemente, tinha escapado à ameaça mortal da doença. “Quando a conheci pela primeira vez, havia a hipótese de que [a morte] nunca chegasse”, diria Travolta.
Só que a doença regressou de forma brusca e acabou por vitimar Hyland aos 41 anos. “Ela só soube que iria mesmo morrer duas semanas antes de acontecer”, confessou o ator que, assim que soube do cancro, deixou as gravações do icónico “Febre de Sábado à Noite” para se manter ao lado da atriz. Estava lá quando Hyland morreu. “Senti o último suspiro que deu”, revelou. “Diverti-me mais com a Diana do que alguma vez o tinha feito na minha vida. Dei-lhe momentos de pura alegria nos últimos meses de vida. Sinto sempre que ela está comigo.”