Cinema

Julianne Moore é protagonista de um escândalo de pedofilia em “May December”

Conta também com Natalie Portman e chegou esta quinta-feira, 30 de novembro, às salas de cinema nacionais.
Julianne Moore e Natalie Portman são as protagonistas deste filme

“A minha personagem ultrapassou uma barreira.” Sublinha Julianne Moore sobre Gracie, a personagem que desempenha em “May December”, que chegou quinta-feira, 30 de novembro, às salas de cinema nacionais.

O filme de Todd Haynes conta a história de uma mulher de 36 anos que se apaixonou por um jovem de 13, Joe Yoo, com quem acabou por ter um filho. É baseada no caso real de Mary Kay Letourneau.

A ação da longa-metragem desenrola-se 20 anos após o escândalo, quando a atriz Elizabeth (representada por Natalie Portman) conhece a controversa Gracie para estudar os comportamentos para a representar.

A história real que inspirou o filme é ainda mais chocante. Letourneau, de 34 anos, foi professora de Vili Fualaau do segundo ao sexto ano, numa escola em Seattle. Casada e mãe de quatro filhos começou a ter relações sexuais com o aluno quando este tinha apenas 12, em 1996. Envolveram-se pela primeira vez no verão anterior a Fualaau iniciar o sétimo ano.

Os dois foram apanhados em flagrante no carro pela polícia. Segundo relatos das autoridades, Letourneau saltou para o banco da frente quando percebeu que os agentes se aproximavam do carro, enquanto o menor fingia que dormia. Mais tarde, quando lhes foi pedido para se identificarem, ambos mentiram e o rapaz disse que tinha 18 anos.

Mary Kay Letourneau foi detida a 4 de março de 1997 e acabou condenada por violação de menor em segundo grau após se declarar culpada de duas acusações. No entanto, a sentença judicial não ditou o fim do relacionamento de ambos. Vili ainda não tinha feito 15 anos e já era pai de dois filhos da professora. Um nasceu enquanto esperava pela sentença e outro quando Letourneau já se encontrava na prisão. O segundo foi gerado quando a antiga professora ter violado as regras da pena suspensa.

O advogado tinha conseguido um acordo em que apenas teria de ficar três meses detida. Precisava também de completar um programa de reabilitação para criminosos sexuais, que duraria três anos, e assim evitava ser registada como agressora sexual. A acusada quebrou a regra duas semanas antes de cumprir a ordem.

Quando voltou a viver em liberdade, em 2004, Fualaau já era maior de idade e o casal retomou a relação. Em tribunal, conseguiram derrubar uma proibição de contacto e, um ano depois, casaram-se. Viveram juntos até 2019, data em que se divorciaram. Mary Kay Letourneau morreu em 2020, vítima de cancro colorretal.

“A beleza de Letourneau e a luta contra a bipolaridade colocaram o relacionamento ilícito nos tabloides e revistas femininas em todo o mundo”, descreveu a revista “Time”, num artigo de 2007, acrescentando que a insistência em manter a relação com o menor tinha um lado “tocante”.

O caso chega agora aos cinemas e vai ser disponibilizado na Netflix a 1 de dezembro, mas apenas nos Estados Unidos. “May December” apresenta algumas diferenças relativamente à história real onde se inspira. No filme, o casal conhece-se na loja de animais de estimação onde ambos trabalham.

descreveu que foi bastante complexo interpretar esta personagem.

“Ela é fascinante”, descreveu Julianne Moore ao blogue “Moviefone”. “Engoliu toda a cultura feminina, independentemente da forma como foi criada (…) E aprendeu a navegar pelo mundo a partir de um ponto de vista hiperfeminino”, explicou. “Contudo, fez algo realmente transgressor e ultrapassou uma barreira. A história sobre como isso aconteceu e quem ela era estão refletidas neste filme.”

“May December” é uma expressão usada para descrever uma relação entre duas pessoas com uma grande diferença de idades, explicou o realizador durante uma entrevista no festival de Cannes, onde a longa-metragem estreou. “Em França chamam a isto um ‘Macron’”, referindo-se, de forma irónica, à relação que o Presidente mantém com a sua esposa Brigitte, 25 anos mais velha.

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