“Maestro”, realizado e protagonizado por Bradley Cooper, é um dos filmes mais esperados do ano e já há quem o aponte aos Óscares. A longa-metragem estreou este sábado, 2 de setembro, na 80ª edição do Festival de Veneza e as primeiras críticas são altamente elogiosas.
Trata-se de um filme biográfico sobre Leonard Bernstein, o maestro e compositor premiado mais conhecido por compor a banda sonora de “West Side Story”, o espetáculo que estreou na Broadway de 1957 e que deu origem ao filme de 1961 e ao recente remake de Steven Spielberg. Aliás, o biopic que agora está nas mãos de Bradley Cooper era inicialmente um projeto de Steven Spielberg, que continuou a desempenhar funções de produtor em “Maestro”, ao lado de Martin Scorsese e Todd Phillips.
A narrativa foca-se na relação do compositor com a atriz e ativista Felicia Montealegre, interpretada por Carey Mulligan, uma relação conturbada que durou de 1951 até à morte da mulher, em 1978. Durante e após o casamento, Bernstein manteve escondida a sua homossexualidade, mas teve vários casos amorosos com outros homens.
Mesmo antes de estrear, o filme já esteve envolto em polémica, tudo por causa de um nariz. Para interpretar o músico, Cooper deixou crescer e pintou os cabelos de branco, recorreu à maquilhagem e colocou uma prótese para conseguir ficar o nariz mais parecido possível com o de Bernstein. Esta última decisão moivou fortes críticas, com muitos a afirmarem que o gesto “perpetua estereótipos relativamente à aparência dos judeus”.
“Ampliando a força com o uso emocionante da música, esta é uma análise feita por camadas, de um relacionamento que pode ser hoje grosseiramente simplificado como o de um homem gay escondido na sua ‘barba’. Mas Cooper e Josh Singer vão mais fundo para retratar uma união única, repleta de conflitos, mas inquebrável — mesmo quando está quebrada”, escreveu o “The Hollywood Reporter”.
As primeiras críticas indicam que “Maestro” é um sucesso, mesmo que não inclua as ações políticas de Bernstein com os Black Panthers e outros ativistas. Em termos de arte, os elementos subtis dos desempenhos de Cooper e Mulligan são mencionados ao longo das críticas. A maioria dos críticos destaca a interpretação de Mulligan, o que lhe pode trazer algumas alegrias na altura das entregas dos prémios.
“Cooper mostra-nos a mistura de magnetismo, volatilidade e egoísmo infantil do seu sujeito, mas ele continua a ser uma figura estranhamente esquiva. Cabe à Felicia de Mulligan quebrar a fachada por vezes demasiado brilhante do filme e dar à sua história alguma profundidade emocional”, atirou Geoffrey Macnab, crítico ao serviço do jornal “The Independent”.
No entanto, para o “The Wrap” o ator e realizador “atingiu as notas certas”. “Como qualquer bom maestro, Cooper sabe que o menor dos gestos provoca a resposta mais estrondosa.”
Cooper revelou, numa conversa com Cate Blanchett, que interpretar o papel de Bernstein foi “a coisa mais assustadora” que já fez na carreira. “O nível de respeito que tenho por aquele mundo é a coisa mais assustadora que já experimentei. E é tão estranho porque muitas pessoas que conheci nos últimos cinco anos perguntavam: ‘bem, o que fazem os maestros? Não é só fazer gestos? E a minha resposta é: é a coisa mais difícil que poderiam querer fazer. É impossível”, disse.
Maya Hawke, Matt Bomer, Sarah Silverman, Josh Hamilton, Scott Ellis, Gideon Glick, Sam Nivola, Alexa Swinton e Miriam Shor também fazem parte do elenco. O filme estreia na Netflix a 20 de dezembro.