Quando saiu o primeiro trailer de “O Campeão” — o novo filme da Netflix que subiu esta terça-feira, 16 de julho, para o número três do top 10 da plataforma —, muitos começaram a fazer comparações entre Diego, interpretado por Swit Eme (rapper cujo nome real é Marcel Serrano), e o português João Félix. Isto porque ambos são jovens talentos do futebol e jogaram no Atlético de Madrid. Na verdade, é dentro deste clube que a narrativa se desenrola.
A história segue o miúdo promissor que, infelizmente, é igualmente problemático. Após um episódio de agressões, a direção decidiu pô-lo no banco até melhorar a sua atitude fora do campo. Para isso, juntam-no a Álex (Dani Rovira), um académico e antigo jogador que o ensina a enfrentar os seus medos.
Tal como a sua personagem, também Dani, de 43 anos, era um grande fã desta modalidade quando era mais novo. No entanto, decidiu dedicar o seu tempo a outros passatempos. “Foram surgindo outras coisas e o futebol foi perdendo prioridade, mas era apaixonado pela bola até aos meus 20 anos.”
As tardes passadas em casa a ver filmes, as noitadas com os amigos nos bares e as horas passadas a falar da vida ganharam um destaque maior no seu dia a dia. “Apetecia-me muito mais fazer isto do que estar em campo. Continuo a gostar de praticar desporto, mas atualmente prefiro pegar na bicicleta e subir os montes de Málaga”, conta ao “El Mundo”.
Gravar este filme representou, então, uma união entre o seu passado e o presente. No entanto, confessa que já não tem aquela paixão de antigamente pelo futebol. Apesar disso, consegue valorizar a importância que tem na sociedade e admite que “tem uma parte social muito bonita e há pessoas que se conseguem conectar de forma sã através deste gosto partilhado”.
Álex, a sua personagem, é um homem triste que se refugia nos seus conhecimentos porque é um pária social, sofre de ansiedade e tem muitos traumas de infância. Estes são outros traços de personalidades com os quais se consegue identificar, visto que também ele tem “feridas do passado” e faz terapia há dez anos.
“Acredito que as feridas que sofremos em miúdos voltam ao de cima em adultos. Para combatermos isto temos de mergulhar nos nossos traumas. O Álex sabe isso e é por isto mesmo que é uma personagem muito profunda”, descreve.
Marcel Serrano, de 25 anos, aponta que “o futebol é só uma pequena parte da trama”, ou seja, mesmo aqueles que não são apaixonados pela modalidade vão conseguir gostar do filme. “É um complemento e o contexto a partir do qual se conta esta história de personagens que se ajudam mutuamente. Há uma história intergeracional muito bonita”, garante.
Quanto às comparações com João Félix e outros ex-jogador do Atlético de Madrid, o ator e rapper diz que são apenas teorias e que não se inspirou em nenhum caso real, tendo criado a personagem do zero. “Não conheci nenhum futebolista em particular para me inspirar, mas ele é parecido com muitos profissionais da indústria. Tem o número 7 como um que esteve no Real Madrid [Cristiano Ronaldo], foi o melhor do mundo como um que esteve no Barça e chama-se Diego como o Maradona”, brinca.
Durante as gravações, contude, esteve com alguns dos nomes mais sonantes do desporto, nomeadamente Gabi, do Atlético de Madrid. Isto porque a produção decorreu, em parte, no estádio do clube. “Veio entregar-me uma T-shirt da equipa”, recorda.
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