Cinema

Novo filme de Kieran Culkin tem “a cena final mais devastadora que verá este ano”

"A Verdadeira Dor" estreia em Portugal esta quinta-feira e é escrito e co-protagonizado por Jesse Eisenberg.
Prepare os lenços.

O peso do Holocausto foi sempre um intruso silencioso na vida de Jesse Eisenberg. O massacre que vitimou os primos e tios do avô paterno era simplesmente algo sobre o qual não se falava. “O meu avô sentia-se culpado porque tinha sobrevivido e foi o único que teve a sorte de conseguir fugir a tempo para os Estados Unidos”, conta Jesse Eisenberg, que decidiu usar o tema como pano de fundo para o seu novo filme.

“A Verdade Dor” é o segundo filme escrito e realizado pelo ator de 41 anos, que acaba por ser também co-protagonista com Kieran Culkin. “Chegou a altura de usar este trauma intergeracional para contar uma história que realmente importa”, concluiu sobre a produção que chega aos cinemas nacionais esta quinta-feira, 16 de janeiro.

A obra acompanha David (Jesse Eisenberg), no papel de um nova-iorquino neurótico, introvertido e ansioso; e Benji (Kieran Culkin), que encarna o seu primo e amigo íntimo de infância, conhecido pelo seu caráter extrovertido.

Depois da morte da avó de ambos, uma sobrevivente do Holocausto que desempenhou um papel crucial na infância dos dois rapazes, David e Benji decidem partir numa viagem à Polónia para visitarem as raízes familiares e os dramas do Holocausto.

Esta aventura leva-os até ao campo de concentração Majdanek, onde se confrontam com o passado da família e com as suas próprias identidades. Apesar de ser um lugar bastante popular na Polónia, “A Verdadeira Dor” é o primeiro filme gravado no local. “Parece-me impossível, mas é verdade. Tenho a certeza de que já devem ter deixado entrar equipas de documentários, mas não de filmes”, notou Eisenberg à revista “Kveller”.

Este é, para o ator, o melhor trabalho da sua vida, mas confessa que não o poderia ter feito sem a ajuda de Culkin, que, inicialmente, se mostrou reticente em aceitar o papel, isto porque não é judeu e queria evitar qualquer tipo de controvérsia. “O Jesse disse-me que isso não importava. É o bebé dele e o facto de ele não se importar foi a motivação de que eu precisava para aceitar”, conta ao “The Guardian”. “Já pensei mil vezes sobre isto e a verdade é que ele foi uma grande ajuda para conseguir contar esta história que é tão pessoal para a minha família”, acrescenta Eisenberg, desta vez em entrevista à “New York Magazine”.

De certa forma, as gravações de “A Verdadeira Dor” fizeram com que Culkin, de 42 anos, se lembrasse do tempo passado em “Succession”, fenómeno da HBO onde era incentivado a improvisar. “Esta abordagem foi algo que mantive mesmo após a conclusão da série. Estudo bem as personagens e, de forma livre, acrescento algumas frases ao guião.”

Por outro lado, confessa que o argumento escrito por Jesse Eisenberg já era “incrível” e que não precisava de qualquer alteração. “A forma como mistura o humor e a reflexão foi o desafio de que eu precisa porque deu-me a oportunidade de explorar a complexidade das emoções”, diz à “Variety”.

A comédia é um género que Jesse Eisenberg tenta sempre incluir nos seus projetos, especialmente quando está na cadeira de realizador. Quando era miúdo, era graças ao humor que arranjava amigos e chamava a atenção dos familiares. “Tínhamos de ser engraçados. Isso era uma prioridade. Mas também consigo ser uma pessoa séria que faz coisas que impactam — e é isso que o filme faz”, conta à “Kveller”.

O elenco de “A Verdadeira Dor” também conta com Banner, o filho de oito anos de Jesse Eisenberg que interpreta precisamente o papel do filho da sua personagem. “Queria que a minha personagem tivesse um filho para que o Benji se sentisse substituído”, explica à “Vulture”.

A razão para ter escolhido Banner é bastante simples: “Fazer castings com miúdos parece ser um processo horroroso”. Além de não querer destruir os sonhos de uma criança que só queria ser uma estrela de Hollywood, tem também outro motivo. “É uma história muito pessoal e queria partilhar este momento com ele. É um pedaço da memória da minha família que eu espero que fique para sempre na história do cinema”, conclui.

O filme estreou no Festival de Cinema de Sundance em 2024, onde recebeu o prémio de Melhor Guião. O orçamento foi de 2,92 milhões de euros e, apesar de inicialmente ter tido um lançamento limitado, já conseguiu arrecadar 10 milhões. 

Além de já ser um sucesso comercial, “A Verdadeira Dor” está a ser um fenómeno entre os críticos. No agregador Rotten Tomatoes conta com uma avaliação de 96 por cento. “É uma jornada emocionante que contém, graças ao Culkin, talvez a cena final mais devastadora de qualquer filme que verá este ano”, descreveu o “Observer”.

Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em janeiro nas plataformas de streaming e canais de televisão.

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