A história de um amor que termina e de um reencontro inesperado. É esta a premissa do novo filme de Stéphane Brizé, “A Vida Entre Nós”, que estreia nas salas de cinema nacionais esta quinta-feira, 14 de novembro.
A narrativa acompanha Mathieu, um ator parisiense na casa dos cinquenta, e Alice, uma professora de piano que trocou a capital por uma pequena vila na costa oeste da França.
Apesar das atuais vidas profissionais e geográficas distintas, Mathieu e Alice partilharam um passado: há cerca de 15 anos construíram uma relação estável.
O fim do relacionamento, embora inevitável, deixou marcas profundas em ambos. Tudo recomeça quando se reencontram por acaso numa estância termal, reacendendo sentimentos adormecidos.
Brizé confia a Guillaume Canet e Alba Rohrwacher a interpretação de Mathieu e Alice, permitindo que a história seja contada com uma mistura de drama e humor. Canet, conhecido pela sua melancolia, e Rohrwacher, com a sua capacidade de brincadeira, parecem ser as escolhas perfeitas para os papéis.
“No Guillaume há algo em que me projeto muito: ele diz sem rodeios que ‘nasceu triste’. Eu nasci melancólico, então havia essa proximidade. A Alba é um milagre da brincadeira, é uma ótima atriz”, confessou o realizador à plataforma francesa “Stimento”.
“A Vida Entre Nós” é a décima longa-metragem de Brizé, que se dedicou ao longo da sua carreira a temas como a política e a ação em filmes como “Mademoiselle Chambon” (2009), “A Lei do Mercado” (2015) e “Em Guerra” (2018). Este novo projeto, apresentado no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2023, assume uma abordagem mais íntima e profunda, demonstrando a versatilidade do realizador e escritor.
A música do filme, composta por Philipe Delerm, foi cuidadosamente escolhida para complementar a narrativa, criando uma atmosfera melancólica e comovente, mas sem cair no sentimentalismo.
“Para ‘A Vida Entre Nós’ não havia nada escrito relativamente ao tom do filme, ou seja, eu queria algo melancólico, mas não queria que isso ofuscasse tido o resto. Queria algo ridículo, lindo, comovente. E Philipe Delerm tem isso na sua música: há algo que ressoa no inconsciente coletivo. Não é triste, é melancólico, mas também não vamos chorar”, descreve o cineasta.
Curiosamente, Brizé assume o papel de diretor numa peça encenada por Mathieu (Guillaume Canet), uma participação invulgar para o realizador, mas que justifica como uma opção “especialmente mais barata”.
A produção explora a passagem do tempo e as consequências da separação, focando-se em momentos de silêncio e de introspeção, como revela Brizé: “O filme esforça-se para capturar algo da fase [da relação] em que não sentimos raiva. O que me interessa é conseguir recriar momentos como se nós, os espectadores, estivéssemos num lugar de hiper-voyeurismo, em situações hiper íntimas.”
E acrescenta: “A vida passa por muitos silêncios. Existe uma espécie de logorreia [imediatismo] que, muitas vezes, serve para mascarar as coisas. Devemos acolher os silêncios que surgem”.
Além de Guillaume Canet e Alba Rohrwacher, o elenco inclui nomes como Sharif Andoura, Marie Drucker, Emmy Boissard Paumelle, Lucette Beudin, Gilberte Bellus, Hugo Dillon, Johnny Rasse, Jean Boucault e Pauline Tamestit-Le Morlec. Marie Drucker também colaborou com Brizé na escrita do filme.
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