É bem possível que nunca tenha imaginado ouvir Glenn Close afirmar: “Consigo cheirar a tua vagina malcheirosa”. Esta, no entanto, é uma das frases de “A Salvação” proferidas pela atriz, que conta com oito nomeações para os Óscares no currículo. O filme de terror estreou a 31 de agosto na Netflix, mas só atingiu o topo esta segunda-feira, 2 de setembro.
A intrigante fala da intérprete de “Atração Fatal” rapidamente se tornou viral nas redes sociais. Uma das publicações já soma mais de 300 mil ‘gostos’, fenómeno que contribuiu para a crescente popularidade do filme, atualmente o mais visto na plataforma de streaming em todo o mundo — incluindo em Portugal.
A premissa da história é bastante familiar, especialmente para os aficionados deste estilo cinematográfico. A trama gira em torno de uma família que se muda para uma nova residência, apenas para descobrir que foi invadida por uma força sobrenatural e altamente maligna. Daí em diante começam a ser assediados por vários espíritos.
“Não vejo este filme como sendo de terror, pelo menos, não o é de uma forma mais convencional”, explica Lee Daniels, o realizador, à Netflix. Para a equipa, “A Salvação” não é apenas um “festival de sustos”. Na realidade, trata-se de uma narrativa sobre uma família em crise, com assombrações a permear os acontecimentos.
“Esta é uma narrativa com uma mensagem social poderosa. Aborda traumas, transtorno de stress pós-traumático e uma rutura cíclica e geracional”, considera Andra Day, uma das protagonistas. E acrescenta: “É uma história sobre família, fé, restauração e reconciliação. Retrata uma mãe que faz o que pode com os poucos recursos de que dispõe para proteger e cuidar dos seus filhos. Tem muitas camadas e, o melhor de tudo, é que também se trata de um filme de terror.”
A narrativa do filme é parcialmente inspirada no caso real de LaToya Ammons, cuja residência no estado do Indiana, nos EUA, era supostamente assombrada por espíritos. Lee Daniels, o realizador de 64 anos, admite ter sentido algum receio ao abordar o tema: “Como esta história é baseada em factos verídicos, hesitei um pouco.” Contudo, ao perceber que poderia também explorar a fé dos membros da família, decidiu avançar. “No filme, LaToya Ammons encontra Jesus. Senti que, com tudo o que está a acontecer no mundo, precisávamos de algo assim. Precisamos de um poder superior.”
O cineasta inspirou-se em vários fenómenos do terror — embora acredite que “nunca foi feito nada assim” — como o recente “Fala Comigo” e os clássicos “O Exorcista”, “O Presságio” e “A Semente do Diabo”.
Lee não hesita em admitir que acredita na existência de espíritos, fantasmas e demónios. No estúdio de gravação, chamava diariamente um padre para rezar com toda a equipa. “Para não ofender ninguém, dizia que quem não acreditasse podia sair e voltar mais tarde”, relata Glenn Close, de 77 anos, ao site “Bloody Disgusting”. “Às tantas, ele começava a falar línguas diferentes, nunca tinha visto nada assim num set. Amei cada momento desta experiência, porque me ajudou a encarnar a personagem.”
No que diz respeito às críticas, o filme apresenta uma avaliação de 30 por cento no agregador Rotten Tomatoes, proveniente dos críticos, e 54 por cento do público. “Em ‘A Salvação’, quase tudo relacionado com o sobrenatural, designadamente o Diabo, é algo que já presenciámos com frequência e, por isso, tem um resultado muito menos aterrador do que o que se esperava”, afirma a revista “Variety”.
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