Cinema

“Nunca mais devia passar na TV”: jovens acusam “Grease” de ser racista e homofóbico

Depois de ser exibido na televisão britânica em dezembro de 2020, o clássico levantou uma onda de indignação nas redes sociais.
Sandy e Danny.

Foi um dos maiores blockbusters dos anos 70 e tem conquistado audiências por este mundo fora ao longo das últimas décadas, mas parece que se está a tornar a tornar desatualizado para os padrões do século XXI. “Grease“, um dos grandes musicais da história do cinema, foi recentemente alvo de duras críticas por parte dos espectadores mais jovens no Reino Unido. 

Quando o canal britânico BBC1 transmitiu o filme a 26 de dezembro de 2020, provocou uma onda de indignação que invadiu em força as redes sociais. Segundo o “Daily Mail“, os maiores críticos foram os espectadores mais novos, que consideraram o filme “racista”, “sexista”, “homofóbico”, “misógino” e impulsionador de uma “cultura de violação”.

Um dos aspetos mais criticados foi a famosa transformação de Sandy, interpretada por Olivia Newton-John, numa vamp sedutora para conquistar o homem dos seus sonhos, Danny Zuko, protagonizado por John Travolta. Nas últimas cenas de “Grease”, a boa menina troca as suas roupas largas e certinhas por umas calças bem justas ao corpo e um top revelador para impressionar o herói.

“‘Grease’ é demasiado sexista e exageradamente branco e devia ser banido dos ecrãs. Já estamos quase em 2021, afinal de contas”, escreveu um utilizador do Twitter em dezembro, uma opinião que foi ecoada nas redes sociais por muitos outros britânicos, segundo a mesma publicação.

Outra das cenas mais polémicas acontece quando Putzie, um dos melhores amigos de Danny e membro do seu gangue de bad boys, se põe debaixo das bancadas para poder ver para dentro das saias das raparigas sentadas no campo de futebol daquela escola secundária ficcional. 

Já a personagem feminina Rizzo foi acusada de ser uma bully, mas também deixou muitos jovens indignados ao ser envergonhada pelos seus pares e acusada de “dormir com muitos homens”, incluindo uma das personagens do filme. Aqui, a principal questão foi o “slut-shaming”, isto é, a cultura tóxica que envergonha uma mulher por se envolver com demasiados homens (algo que, tradicionalmente, não acontece no sentido contrário).

Por outro lado, também foram apontados momentos homofóbicos, mais especificamente quando Vince Fontaine, o locutor de rádio que apresentou o baile do liceu, disse a todos os estudantes que não poderiam formar pares de dança com membros do mesmo género.

Apesar de ter sido lançado em 1978, “Grease” pretende retratar a sociedade em 1958, 45 anos antes de a homossexualidade ser universalmente descriminalizada nos Estados Unidos, onde a história se desenrola. Olivia Newton-John já veio desvalorizar as acusações de sexismo no passado, defendendo que “é um filme e uma história divertida e nunca o levei muito a sério.”

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