Não é um dos nomes mais famosos nomes de Hollywood, mas aos 73 anos, Ed Begley Jr. é uma cara bem conhecida do cinema e da televisão. No passada segunda-feira, 13 de março, compareceu mais uma vez na grande gala dos Óscares para cumprir uma velha tradição.
O ator que ficou conhecido pela sua participação na série “St. Elsewhere” e por filmes como “Oficial e Cavalheiro” fez-se acompanhar da sua filha. Juntos, posaram na red carpet com dois cartões na mão: os passes de metro que usaram para se deslocar até ao local do evento.
A forma de se deslocar — que já se tornou uma tradição — teve início em 2014. Pai e filha vestiram-se a rigor, saíram de casa e apanharam o metro de Los Angeles. Tiveram também de sair numa estação a centenas de metros do Dolby Theatre, porque a mais próxima está sempre encerrada em dia de cerimónia.
“Vou apanhar o metro até aos prémios da Academia, este ano com a minha filha, tal como fizemos em 2014”, escreveu o ator no Twitter. “A minha filha é a verdadeira campeã, fez a Hollywood Boulevard em saltos altos.”
Questionado sobre se tudo não passaria de uma manobra para dar nas vistas, Begley Jr. voltou às redes sociais para mostrar uma imagem do passe. “Como podem ver, é válido até junho de 2026. O que é que vos faz dizer que estaria descontinuado? Levou-me até à cerimónia e depois para casa.”
Em 2015, por exemplo, Begley Jr. trocou a habitual limusine por uma bicicleta elétrica carregada a painéis solares. “Perdoem o cabelo despenteado por causa do capacete”, disse na altura.
Ativista pelo ambiente há largos anos, o ator confessou que nem sempre essa sua faceta foi bem recebida em Hollyood. Ainda em fevereiro, em entrevista à “Page Six”, admitiu que as suas opiniões lhe dificultaram a vida profissional. “As pessoas ficavam melindradas. Achavam que eu ia ficar a apontar-lhes o dedo enquanto saíam da sua limusine ou do seu SUV”, contou. “Sempre lhes disse: ‘Isto é o que eu faço e se quiserem fazer o que eu faço, eu explico-vos como se faz’.”
Não é só em dia de Óscares que Begley Jr. usa a bicicleta ou meios de transporte alternativos. Tem-no feito repetidamente em vários eventos, quase sempre de bicicleta, sem nunca tirar o smoking. A persistência valeu-lhe inclusivamente avisos por parte do seu agente.
“Os agentes disseram-me que devia recuar um pouco. ‘É difícil arranjar-te trabalho'”, confessou. E recorda um episódio no set de gravações do filme “The Pagemaster”, em 1994, quando um produtor o chamou à parte: tinha medo que o ator reclamasse por causa de uma cena em que tinha que conduzir um carro.
O problema nunca foi Begley Jr., mas a ideia que as pessoas tinham dele. Achavam que era um ambientalista radical e que se tornaria num problema. Nunca foi isso que aconteceu, mas isso não o impediu de ver a sua carreira a abrandar a partir dos anos 90.
Apesar das dificuldades, teve a oportunidade de brilhar numa das melhores séries de televisão dos últimos anos, “Better Call Saul”. Mas apesar de admitir fazer pouco dinheiro com a profissão, garante que não passa dificuldades, sobretudo graças ao estilo de vida que adotou.
“As contas não são muito elevadas porque planto a minha comida, armazeno a água da chuva, produzo a minha eletricidade, aqueço a minha água com o sol. Tudo isso faz com que gaste muito pouco dinheiro.”
