Situado no pós-Segunda Guerra Mundial, “O Comboio das Crianças”, lançado a 6 de dezembro e baseado no romance homónimo de Viola Ardone, tornou-se no novo sucesso da Netflix. O filme ocupa atualmente o quinto lugar no ranking mundial e em Portugal.
Com realização de Cristina Comencini, a produção aborda uma história pouco conhecida: os comboios que transportaram milhares de crianças do sul devastado da Itália para famílias adotivas temporárias no norte, como parte de uma tentativa de reconstrução nacional. O protagonista, Amerigo Speranza, é um menino de sete anos que deixa a sua casa para embarcar numa jornada que muda a sua vida.
A narrativa começa em 1946, num cenário de pobreza e devastação em Nápoles, onde Amerigo e a sua mãe, Derna, lutam para sobreviver. Apesar de relutante, Derna aceita separar-se do filho para lhe proporcionar uma vida melhor.
A atriz Barbara Ronchi, que interpreta Derna, descreve a personagem como “uma mulher dividida entre o amor pelo filho e a dura realidade da sua incapacidade de lhe oferecer um futuro melhor”. “Este conflito foi um enorme desafio emocional”, afirmou ao “Corriere de la Sera”.
Ao chegar ao norte de Itália, Amerigo encontra mais do que conforto material: descobre novas possibilidades e relações que o levam a questionar o seu lugar no mundo. A narrativa, marcada por fortes contrastes culturais e emocionais, oferece “uma visão sensível e honesta sobre a reconstrução de identidades em tempos de crise”, comenta Cristina Comencini.
Christian Cervone interpreta Amerigo na infância, enquanto Stefano Accorsi assume a personagem na idade adulta, numa fase em que começa a revisitar as memórias de uma infância difícil. “Apesar de ser novo, ele carrega a dor e a esperança de uma geração inteira”, descreve Accorsi sobre o jovem Amerigo.
A realização de Cristina Comencini tem sido amplamente elogiada por captar a essência do livro de Viola Ardone, publicado em 2019, e por amplificar o impacto emocional da obra através de cenários cuidadosamente escolhidos. “Foi um desafio encontrar o equilíbrio entre a fidelidade histórica e a emoção universal da história”, revela a cineasta. “Queríamos que o público sentisse a jornada de Amerigo como algo íntimo e, ao mesmo tempo, representativo de uma época.”
Além do contexto histórico, “O Comboio das Crianças” é, sobretudo, uma história sobre escolhas e sacrifícios. Amerigo vive dividido entre o amor pela mãe e o desejo de permanecer num ambiente que lhe oferece novas oportunidades. A decisão que toma molda não só o seu futuro, mas também a sua identidade. “No filme tentámos explorar estas nuances de maneira comovente, para mostrarmos que o crescimento pessoal vem, muitas vezes, acompanhado de dor”, observa Stefano Accorsi.
A obra não conquistou apenas os críticos e o público. Foi também elogiada pela própria autora do livro, Viola Ardone. “O Amerigo sempre foi uma personagem muito próxima do meu coração. Vê-lo a ser representado com tanto cuidado e autenticidade é algo incrível.”
Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em dezembro nas plataformas de streaming e canais de televisão.