A série espanhola “La Casa de Papel” terminou há alguns meses deixando um vazio no coração de muitos fãs. A 24 de junho estreia a versão coreana da série, mas, até lá, pode ver “Assalto à Casa-Forte”, um projeto norte-americano protagonizado por Freddie Highmore (de “The Good Doctor”) com muitas semelhanças. Tem estreia marcada na televisão portuguesa para 3 de junho, pelas 21h30, no TVCine Top.
Highmore interpreta Thom, um jovem engenheiro bastante cobiçado entre vários recrutadores de empresas relacionadas com a indústria do petróleo. Todas as ofertas de emprego incluem salários elevados e regalias únicas. Nenhuma das propostas cativa o jovem estudante da Universidade de Cambridge, devido a uma razão bastante simples: a vida que uma carreira nesse ramo lhe traria não é o quer para o seu futuro. Porém, quando surge o convite para participar num golpe, Thom não consegue resistir.
“Assalto à Casa Forte”, tal como “La Casa de Papel”, acompanha um grupo de ladrões que pretende assaltar o famoso e tão protegido Banco de Espanha. Não é só o objetivo final das equipas que aproxima ambos os projetos. Ao longo do filme, vamos vendo diferentes paralelismos entre as duas produções.
Ambas têm um líder a recrutar novos membros
Já todos estamos familiarizados com o Professor (Álvaro Morte). Em “La Casa de Papel”, é o cérebro por trás de todas as operações, desde o assalto à Casa da Moeda ao golpe no Banco de Espanha. Outras das suas principais funções é recrutar os melhores membros para a quadrilha de ladrões.
Claro que uma equipa precisa de versatilidade, e é isso mesmo que o Professor pretende com cada um dos seus recrutamentos. Moscovo (Paco Tous), era um ex-mineiro que foi afastado do trabalho devido aos problemas de asma. No grupo ficou responsável pela construção do túnel que serviria como rota de fuga do assalto à Casa da Moeda.
Nairóbi, interpretada por Alba Flores, é especialista em falsificações, e foi isso que a trouxe para a equipa. No assalto à Casa da Moeda coordenou a impressão do dinheiro.
Todas as bandos de ladrões precisam de um bom brutamontes, e é aí que entra Helsínquia (Darko Perić). A personagem, embora tenha uma grande capacidade de lutar, é bastante sensível.
Já o papel de hacker é desempenhado por Rio (Miguel Herrán), que foi recrutado graças ao seu passado no mundo do cibercrime. A equipa é constituída por outros membros, como Tóquio (Úrsula Corberó) e Denver (Jaime Lorente), que acabam sempre por dar o seu contributo ao coletivo.
Em “Assalto à Casa Forte”, também existe um recrutador. Neste caso, não tem uma alcunha como o Professor. Chama-se Walter (Liam Cunningham, que interpretava Sor Davos Seaworth em “A Guerra dos Tronos”) e gere uma empresa de resgate de peças valiosas, que recuperou o “tesouro de Guadalupe”. Foi confiscado pelo governo espanhol, está guardado no Banco de Espanha e é o principal alvo da equipa. A atual localização do tesouro está relacionada com do o facto de o resgate não ter sido feito de forma legal.
Para conseguir concretizar o ambicioso plano, Walter, tal como o Professor, precisa de uma equipa forte e versátil, e é a pensar nisso que começa a recrutar os novos membros.
Klaus, à semelhança de Rio, é um hacker, este primeiro com técnicas mais aprimoradas. É graças a ele que as câmaras e os protocolos de segurança do Banco de Espanha são desligados, permitindo a entrada fácil dos ladrões num dos espaços mais impenetráveis da Europa.
Lorraine é a Nairóbi de “Assalto à Casa Forte”, ambas caracterizadas pelas suas técnicas de falsificação e engano dos demais.
Thom é um dos elementos mais cruciais à operação. Enquanto Walter é o cérebro, Thom é aquele que permite o acesso dentro do próprio cofre, onde se encontra o tesouro que procuram. Claro que o enredeo não podia ficar por aqui, havendo depois uma armadilha que coloca em risco as suas vidas.
A grande distração
Um feito tão grandioso quanto assaltar uma das instalações mais protegidas da Europa só pode ser realizado com um minucioso plano. Por vezes, o projeto que devia ser discreto, acaba por recorrer a distrações inimagináveis.
Em “La Casa de Papel”, a distração usada no Dia D — era assim que se referiam ao dia do assalto ao Banco de Espanha — foi algo que se acontecesse na vida real, levaria a população à loucura. Naquela tarde, um dirigível começou a sobrevoar Madrid e as pessoas ficaram interessadas no que estava a acontecer. No momento depois, já não tinham tempo para pensar e apenas seguiam os seus instintos, visto que começou a chover dinheiro sobre as suas cabeças — no total, caíram 140 milhões de euros do dirigível da equipa liderada pelo Professor.
Já em “Assalto à Casa Forte”, a distração também de grandes dimensões, não foi provocada pelo grupo de Thom. Na verdade, os ladrões aproveitaram um jogo de futebol em 2010, onde Espanha estava na corrida para ganhar a Copa do Mundo. Como sabemos, o futebol move multidões, e foi isso mesmo que aconteceu. A poucos metros do Banco de Espanha, um enorme oceano de pessoas parava para assistir aos ecrãs gigantes, onde torciam audivelmente pela seleção nacional. Foi este acontecimento que fez com que o assalto fosse possível. A janela de oportunidade estava condicionada à duração do jogo, o que colocava uma maior pressão na operação.
O cofre armadilhado
Em ambos os projetos o cofre é um dos principais inimigos do grupo protagonista, visto que coloca em riscos a vida de todos eles. Porquê? Porque pode ficar completamente inundado em poucos minutos. Em “La Casa de Papel” a inundação é desencadeada assim que abrirem a porta. Já no filme de Freddie Highmore, o forte começa a encher-se de água à mínima diferença do peso exercido em cima de uma balança onde o cofre se situa.
Isto pode parecer apenas uma cena de séries e filmes, mas a verdade é que o Banco de Espanha tem mesmo um cofre que se inunda quando o tentam roubar — daí nunca ninguém o ter tentado. Além disso, é também protegido por três portas de aço, que, para se abrirem, necessitam que dois seguranças séniores do Banco de Espanha insiram um cartão e um código ao mesmo tempo.
O filme realizado por Jaume Balagueró conta com Freddie Highmore, Astrid Bergès-Frisbey, Sam Riley, Liam Cunningham, Jose Coronado, Luis Tosar e Axel Stein.