Um insuspeito militar dá por si envolvido numa operação secreta. A aparente missão, que tem tudo para não dar problemas, acaba por se transformar num desastre. Sob fogo inimigo, o militar vê-se sozinho e sem apoio, a tentar sobreviver à perseguição desenfreada dos malfeitores. Desenha-se assim a trama de “Zona de Risco”, aparentemente semelhante à de muitas outras produções do seu género. No caso do filme, que chegou esta quinta-feira, 5 de setembro, aos cinemas portugueses, o combate fica nas mãos de um elenco que junta dois dos irmãos Hemsworth, uma aparição de Milo Ventimiglia e uma surpreendente presença de Russell Crowe.
Liam foi, sem surpresa, o irmão escolhido para assumir o papel de JJ Kinney, o militar que acaba por se juntar à Força Delta e se vê envolvido numa corrida pela sobrevivência. Já Crowe assume-se como o ex-piloto da Força Aérea que, a milhares de quilómetros de distância, comanda os drones que servem de único apoio ao militar no terreno.
Apesar de apenas agora chegar a Portugal, “Zona de Risco” estreou-se nos EUA e na Netflix a 18 de julho. E, contrariamente ao que seria de esperar para um filme de ação, o orçamento foi surpreendentemente curto. De produção independente, necessitou apenas de 20 milhões de euros para se tornar num sucesso no streaming, onde rapidamente ascendeu aos primeiros lugares do ranking dos mais vistos.
O segredo, dizem os produtores, é fazer um filme que parece muito mais caro do que aquilo que realmente foi. E como se faz isso? Com muito engenho, cálculo financeiro e escolha de locais de filmagens com bons incentivos financeiros. “Andávamos à procura de locais, inicialmente na Tailândia, mas depois vimos o orçamento para filmar na Austrália e ficamos estupefactos”, revela à “IndieWire“ o produtor Michael Jefferson. E explicam o sucesso também por via do elenco, sobretudo pelo “star power” de Russell Crowe.
“Já todos vimos enxertos de estrelas em filmes fracos, que recebem imenso dinheiro para o elenco, mas depois a produção recebe cinco dólares”, nota o produtor David Frigerio. “E o Russell é muito específico. É um mestre nesta arte e continua sempre muito envolvido em tudo o que faz. A decisão dele não foi meramente financeira. Adorou a personagem.”
Quanto à história, o argumentista e realizador William Eubank recorda um dos seus filmes, “O Sinal”, lançado em 2014, como o ponto de partida. “Era um filme tão louco e estranho, que enquanto o fazia pensei que estava na altura de fazer algo mais realista”, conta. “Nessa altura os conflitos com drones estavam no início e pensei em criar algo que pudesse retratar o cenário de estares a combater à distância, mas ainda assim juntar-lhe a ação no terreno.”
Mais uma vez, também Eubank aponta para a presença fulcral de Crowe, garantida com um telefonema pessoal. “Liguei-lhe e disse: ‘Sei que estás super ocupado, já não falámos há muito tempo, mas adorava que visses isto para saber se estás interessado’. No dia seguinte respondeu-me e disse que gostou muito. Que se eu conseguisse pôr tudo a avançar, que ele teria todo o gosto em participar. Com o Crowe no elenco, estávamos prontos para arrancar.”
Infelizmente, nem todos ficaram tão entusiasmados com o resultado. Se a popularidade no streaming foi positiva, a reação da crítica especializada foi tudo menos simpática. “Os criadores do filme reduzem os antagonistas de Kinney a meros obstáculos genéricos, exceção feita a um par de cenas que servem para mostrar que são realmente os piores”, atira o crítico do RogerEbert. “Momentos presumivelmente criados para gerar suspense, servem apenas para contribuir para situações entediantes”, conclui o “The New York Times”. Elogios, poucos, e quase todos para Crowe. “Está na sua fase de ‘experimentar tudo uma vez na vida’ e parece estar a correr-lhe bem”, nota o “The Guardian”.
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