Muitos argumentistas e realizadores definem a história de um filme e, depois, procuram atores que encaixem nas personagens. Por outro lado, há outros cineastas que criam uma obra já a pensar num intérprete em específico. É nesta opção que se enquadra Hallie Meyers-Shyer, que escreveu o argumento de “Goodrich” (em Portugal “Pai do Ano) com o ator Michael Keaton em mente.
Na produção, que chegou a 23 de junho à Prime Video, o norte-americano interpreta Andy Goodrich, um negociante de arte que vê a sua vida alterada quando a segunda mulher o abandona para entrar num programa de reabilitação de 90 dias — e ameaça divorciar-se.
O protagonista fica a cuidar dos filhos gémeos de nove anos e lança-se no mundo da paternidade moderna, algo para o qual não está preparado. Com a carreira em queda livre, apoia-se na filha Grace, que já é adulta e está grávida — e com a qual sempre teve uma relação conturbada.
Michael Keaton, nomeado para Óscar de Melhor Ator Principal em 2015 por “Birdman”, teve outros papéis de sucesso como Bruce Wayne em “Batman” e Robby em “O Caso Spotlight”. Desta vez, porém, trouxe uma atuação mais descontraída e, com o desenrolar da história, mais afetuosa.
“Às vezes, adoro interpretar personagens que são cegos relativamente a certos assuntos, porque é engraçado e triste ao mesmo tempo”, disse ao “Moviefone”.
“Pai do Ano” tem vários momentos dramáticos, mas também cómicos, assegura o próprio protagonista. “É uma história muito interessante porque o Andy não consegue ver os problemas que estão mesmo à frente dele. É isso que é cómico e comovente.”
Keaton, de 73 anos, contracena com Mila Kunis, de 41, que interpreta Grace, a filha grávida que se vê no papel de “mãe” do próprio pai enquanto ele tenta retomar o contacto. A atriz não poupa nos elogios ao veterano. “Trabalhar com o Michael foi incrível. Ele é naturalmente carismático e trouxe muita autenticidade a esta dinâmica de pai e filha”, contou à “Vanity Fair”.
Para ela, “Pai do Ano” também mostra como as relações familiares podem ser extremamente disfuncionais e, mesmo assim, afetivas. “Penso que a maioria dos espectadores vai conseguir identificar-se com esta família.”
O processo de criação do filme foi demorado. Meyers-Shyer revelou à mesma publicação que a ideia surgiu em 2018, mas levou seis anos a concretizar. Filmado em Los Angeles ao longo de 25 dias, a produção manteve-se fiel à visão original da realizadora. “Não fui influenciada pelos grandes estúdios e isso permitiu manter a autenticidade da história e do guião original”, reforçou.
Os fãs de Michael Keaton têm uma agradável surpresa: a participação de Andie MacDowell, com quem o ator contracenou em 1996 em “Os meus Duplos, a Minha Mulher e Eu”. Desta vez, a norte-americana interpreta a primeira mulher de Andy.
“Quando estávamos à procura de alguém para interpretar esta mulher, pensámos logo em escolher uma atriz que já tivesse trabalhado com ele. Assim que ela entra em cena, agarra a atenção de toda a gente porque os espectadores já sabem que são fantásticos juntos”, disse a realizadora ao “Screen Rant”.
No agregador Rotten Tomatoes, “Pai do Ano” está a ter um bom desempenho, contando com uma avaliação de 81 por cento dos críticos e de 8885 por cento do público. “A interpretação subtil de Keaton nesta comédia inteligente e comovente prova que Hollywood ainda tem espaço para protagonistas masculinos complexos e emocionalmente ricos”, descreveu o “Observer”.
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