Cinema

Produtores reagem à alegada agressão de Adam Driver a Lídia Franco

Terá acontecido em “O Homem que Matou Dom Quixote”. A produtora desmente os figurantes despedidos e o filme estreia este ano em Portugal.
Lídia Franco tem uma pequena participação no filme.

“O Homem que Matou Dom Quixote” tem sido um filme com uma história muito atribulada fora do ecrã. Primeiro, foi o caso judicial que opôs o realizador Terry Gilliam ao produtor português Paulo Branco — e que causou, até, que o filme nunca tenha estreado nos cinemas nacionais até agora. O caso mais recente é o da alegada agressão de Adam Driver a Lídia Franco.

A atriz portuguesa de 76 anos acusou Adam Driver de a ter agredido durante a rodagem — além de ter demonstrado outros comportamentos tóxicos — numa entrevista ao programa da Rádio Comercial “Era o que Faltava”. Nos dias que se seguiram, a imprensa nacional noticiou as alegações — e agora a história já está lá fora.

A notícia já começou a circular nos sites internacionais que se dedicam a histórias sobre celebridades. É o caso do “Perez Hilton”, o “Primetime Zone”, o “PopCulture” ou o “Lipstick Alley”. Mais: nas redes sociais sucedem-se os comentários de fãs de Adam Driver no mundo inteiro.

Alguns defendem o ator, outros mostram-se desapontados com os seus alegados comportamentos. No Reddit, o tema de conversa tem dezenas e dezenas de comentários — e o assunto promete continuar a ser falado à medida a que chega a mais pessoas lá fora.

A NiT tentou de imediato entrar em contacto com as partes envolvidas para esclarecer a situação. Num comunicado enviado à nossa redação pela produtora portuguesa Ukbar Filmes, que trabalhou em “O Homem que Matou Dom Quixote”, os produtores Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola reagem às declarações de Lídia Franco no sentido de “esclarecer algumas imprecisões que possam ter sido tomadas fora do contexto dos usos e costumes das rodagens de obras cinematográficas”. O filme foi gravado sobretudo em Espanha, mas também em Portugal.

“Os grandes projetos internacionais com elenco de várias nacionalidades e com várias dinâmicas de star systems podem conduzir a incompreensões ou mal interpretações de parte a parte”, defende a Ukbar Filmes, sem nunca se pronunciar sobre a alegada agressão de Adam Driver a Lídia Franco.

A produtora escolheu não falar sobre o assunto, embora diga que, ao contrário do que Lídia Franco alegou, não houve quaisquer figurantes despedidos. “Durante a rodagem em Portugal, não houve quaisquer despedimentos ou insultos aos figurantes, apenas lhes foi dirigido o pedido para que não tirassem fotografias ou interferissem com o trabalho do ator americano (Adam Driver).”

“O único inconveniente a perturbar o decorrer das gravações, foi, efetivamente, a presença de alguns turistas que se encontravam no local de rodagem (Tomar). Por estarmos diante de uma personalidade conhecida do grande público, a reação imediata foi de tirarem fotografias ao ator, ação obviamente intercetada pela produção, por forma a prosseguir com o bom decorrer das filmagens”, acrescentam os produtores.

Lídia Franco tinha acusado Adam Driver de exigir que ninguém olhasse para ele durante as gravações. “Uma das coisas que ele começou por fazer em Espanha foi exigir que nos ensaios, todos os técnicos saíssem do plateau. Ele exigia isso e continuou a fazê-lo em Portugal, mas alguns técnicos portugueses negaram-se. Dizia ‘virem-se de costas’, e vi pelo menos um a sair do estúdio. Ele exigia, acho que por contrato, que ninguém podia olhar para ele. Se olhassem, os figurantes eram imediatamente despedidos — o que aconteceu”, disse a atriz portuguesa.

A Ukbar Filmes responde desta forma. “Os ensaios técnico criativos, por defeito, não têm técnicos nem figuração, precisamente com o objetivo de criar uma maior relação entre realizador e elenco, e tal como faz parte dos usos e costumes do cinema, existem realizadores e atores que necessitam de mais tranquilidade nos ensaios. São métodos distintos e adequados a cada profissional da área e ao seu percurso. Enquanto produtores, cabe-nos a nós respeitar, dentro do bom senso e do profissionalismo, o melhor trabalho do elenco, da realização, de toda a equipa envolvida e de reportar quaisquer comportamentos inadequados.”

Lídia Franco tinha dito que a produção, que envolve várias entidades e nacionalidades, até lhe tinha pedido desculpa. “Vieram ter comigo e disseram: ‘Lídia, é horrível isto que ele lhe está a fazer, mas por contrato não podemos fazer nada. Você é livre, se quiser, de abandonar. E eu disse que não abandono este filme. Fiquei ali a levar com ele, salvo seja.”

Numa declaração posterior à NiT, Lídia Franco assumiu ter passado “uma ideia errada”. “Durante as filmagens de ‘O Homem que Matou Dom Quixote’, apesar de não ter tido uma boa relação com o ator Adam Driver, situação que pode acontecer em qualquer produção, gostaria de ressalvar, o que me parece ser o mais importante: que foi um enorme prazer fazer parte de uma equipa fantástica, liderada pelo realizador Terry Gilliam, que a par com a produtora, técnicos e atores nos proporcionaram uma experiência extraordinária e enriquecedora.”

Até à hora da publicação deste artigo, a atriz portuguesa e os respetivos representantes não quiseram confirmar à NiT a ocorrência da “agressão camuflada com uma cadeira” de que terá sido alvo de Adam Driver, e que foi caraterizado pela atriz como uma “péssima pessoa”. 

Há, no entanto, uma novidade confirmada por Lídia Franco. Três anos depois de o filme estrear lá fora, “O Homem que Matou Dom Quixote” vai chegar aos cinemas nacionais em 2021.

Atualização: entretanto, Lídia Franco desmentiu-se a si própria e afirmou que não se tratou de uma agressão.

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