Cenários paradisíacos, liberdade sexual e muita emoção. Luca Guadagnino tem um estilo próprio em quase todos os filmes da sua carreira — sobretudo “Chama-me Pelo Teu Nome”, “A Biggler Splash” e “Suspiria” — e é quase impossível não o identificar quando o vemos no ecrã. Com a nova aposta, “Queer”, parece não ter fugido à regra.
O filme do realizador e produtor italiano chegou esta quinta-feira, 19 de junho, às salas de cinema portuguesas. É protagonizado por Drew Starkey e Daniel Craig, naquela que está a ser descrita como uma das melhores interpretações da sua carreira.
A história passa-se na Cidade do México, nos anos 50, e baseia-se no conto com o mesmo nome do escritor norte-americano William S. Burroughs, publicado em 1985.
O filme acompanha Lee (Craig), um imigrante norte-americano de quase 50 anos que leva uma vida solitária no meio de uma pequena comunidade. No entanto, a chegada do jovem estudante Eugene (Starkey) instiga-o a estabelecer finalmente uma ligação significativa com alguém.
Guadagnino explicou que leu o conto de Burroughs aos 17 anos e se sentiu completamente consumido por aquele universo. Desde então, sempre sonhou criar uma versão cinematográfica inspirada na obra.
Apesar de o conto ter um princípio e um fim, muitos leitores consideram-no “inacabado”. Foi precisamente isso que inspirou o realizador a trabalhar em conjunto com o argumentista Justin Kuritzkes para criar um ato final que fizesse sentido.
“Em ‘Chama-me Pelo Teu Nome’ teria sido demasiado fácil adotar um tom seco, irónico, sarcástico e distante. No caso de ‘Queer’, é um filme sobre o sonho febril de conexão e desconexão. E a única forma de realmente comunicarmos a profundidade desta ligação”, disse ao portal “AOL”.
O cineasta considerou o argumento de “Queer” algo “único” e, desde o início, quis um nome icónico associado ao projeto. No entanto, nunca imaginou que este seria Daniel Craig, o último ator a interpretar James Bond na saga de ação.
O seu agente, Bryan Lourd, foi o primeiro a nomear Craig, mas o realizador mostrou-se hesitante porque “nunca ousaria pedir” à estrela de Hollywood que se juntasse ao projeto. No entanto, acabou por ser convencido por Bryan e o ator aceitou sem hesitações.
“O Daniel é um ícone incrível que atrai plateias de todo o mundo. É, honestamente, um dos grandes atores da sua geração: é subtil, profundo e, ainda assim, belamente universal. Por isso, quando ele disse: ‘Sim, estou pronto para tudo o que for necessário’, pensei mesmo: ‘Sabem que mais?’ Sou um tipo com sorte.'”
O filme foi elogiado por alguns críticos, mas também recebeu comentários mais negativos. Um dos mais comuns diz respeito a falta de emoção e o excesso de componentes estéticas. A “Vulture” escreve que há “um fosso significativo entre a história e a ressonância emocional”.
A edição norte-americana da “GQ” apelidou-o de “o filme mais controverso do ano”, estando dividido entre a aclamação pela ambição estética e a crítica por “diluir a crueza” de Burroughs.
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