Hollywood costuma ser sinónimo de riqueza e glamour, mas nem sempre é assim. Brady Corbet, realizador de “O Brutalista”, revelou esta segunda-feira, 17 de fevereiro, que não ganhou “um único dólar” com o filme e que teve de realizar anúncios em Portugal para ganhar algum dinheiro.
O cineasta norte-americano de 36 anos partilhou as dificuldades financeiras pelas quais tem passado numa entrevista ao podcast WTF, conduzido pelo humorista Marc Maron. Apesar das dez nomeações aos Óscares e da vitória nos BAFTA, garante que nem ele nem a mulher, a cineasta Mona Fastvold — com quem co-dirigiu o filme —, ganharam dinheiro com as duas últimas produções em que trabalharam.
“Sim, foi mesmo zero. Tivemos de sobreviver com um pagamento feito há três anos”, afirmou, referindo-se ao trabalho em “No Meio da Multidão” (2023), uma minissérie da Apple TV+ com Tom Holland e Amanda Seyfried.
Para conseguir algum rendimento, Corbet revelou que esteve recentemente em Portugal. “Acabei de realizar três anúncios em Portugal. É a primeira vez que faço algum dinheiro há anos”, disse, sem especificar as marcas ou o conteúdo das produções.
O orçamento de “O Brutalista” foi de 9,4 milhões de euros e os direitos de distribuição foram vendidos pela mesma quantia após a apresentação no Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 2024. Até ao momento, o filme já arrecadou 31,1 milhões de euros nas bilheteiras.
O realizador garante que esta realidade não é um caso isolado. “Falei com vários cineastas que têm filmes nomeados este ano e que não conseguem pagar a renda”, revela. O problema agrava-se com a intensa promoção das obras após o lançamento, um processo não remunerado que pode durar meses.
“São viagens constantes e também tens de trabalhar aos sábados e domingos. Não tenho um dia de folga desde as férias de Natal, que foram só quatro dias. O nosso filme estreou em setembro, por isso já lá vão seis meses e continuo sem rendimentos, porque não tenho tempo para trabalhar. Nem sequer consigo escrever um argumento neste momento”, acrescentou.
Nomeado para algumas das principais categorias dos Óscares, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Realização e Melhor Argumento, “O Brutalista” acompanha a história de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto judeu húngaro que emigra para os EUA depois de sobreviver ao Holocausto.
Instalado na Pensilvânia, tenta reconstruir a vida enquanto aguarda a chegada da sua esposa, Erzsébet (Felicity Jones). No entanto, tudo muda quando é descoberto por um rico industrialista, interpretado por Guy Pearce.
A narrativa estende-se por três décadas da América do pós-guerra, inclui um intervalo de 15 minutos e aborda de forma crítica as ligações entre criatividade, exploração e alienação.