Quem vê Russell Crowe no novo filme “Sleeping Dogs: A Teia” — que estreou esta sexta-feira, 9 de agosto, na Prime Video — terá dificuldade em se recordar do jovem musculado que deu a vida a Maximus Decimus Meridius, em “O Gladiador”, nos anos 2000. O ator passou por várias oscilações de peso para dar vida a personagens específicas ao longo da carreira. Mas agora que tem 60 anos isso tornou-se, como disse à USA Today “extremamente difícil”.
Crowe tornou-se um sex symbol e uma das principais estrelas da indústria no início do século e assim se manteve durante vários anos. Apesar do envelhecimento ser inevitável, conseguiu sempre manter um aspeto jovial — embora nunca se tenha alongado muito sobre o assunto em entrevistas. Porém, a verdade é que, nos últimos tempos, o tronco mais ou menos liso deu lugar a uma barriga proeminente e o cabelo farto e escuro virou grisalho, ao estilo avô.
O novo thriller protagonizado por Russell acompanha Roy Freeman, um homem que está a submeter-se a um tratamento de ponta para a doença de Alzheimer. Ao mesmo tempo, é forçado a lidar com o impacto de uma investigação da sua vida enquanto polícia quando um condenado à morte que ele prendeu 10 anos antes começa a proclamar a sua inocência.
Intrigado e com dificuldades em recuperar a memória, o protagonista pede ajuda ao antigo parceiro para reavivar o caso e descobrir a verdade. Juntos, começam a desvendar um emaranhado de segredos que obrigam Freeman a lidar com algumas descobertas terríveis.
A dedicação à profissão e as oscilações de peso
Para chegar à imagem do padre em “O Exorcista do Vaticano”, (filme de terror que protagonizou em 2023), o ator teve de, mais uma vez, passar por uma mudança radical — algo que já tinha acontecido para outros filmes e que é muito comum na indústria do cinema. Em 1999, para dar vida a Jeffrey Wigand em “O Informador”, Crowe teve de engordar 30 quilos e ainda pintou o cabelo de loiro. Num espaço de meses viu-se obrigado a um esforço inacreditável para perder o mesmo número de quilos que tinha ganho, desta vez para entrar em “O Gladiador”. Na altura voltou a pesar 70 quilos.
Nas produções que entrou durante a primeira década dos anos 2000 — “Cinderella Man” ou “Gangster Americano”, por exemplo— a figura esguia manteve-se. Porém, em 2008, para interpretar o agente da CIA Ed Hoffman, em “Rede de Mentiras”, Crowe passou a comer “tudo o que lhe apetecia”. Mais uma vez, voltou para a casa dos 100 quilos.
Em 2013, depois de alguns anos sem ter de trabalhar em prol da sua forma física, o ator voltou a enfrentar o drama das transformações. Tudo para interpretar Jor-El em “Super-Homem: O Homem de Aço”. A meta eram os 84 quilos, que conseguiu com sucesso.
Mais tarde, em 2019, teve de deixar de vez os músculos darem lugar à gordura para entrar na série “Showtime The Loudest Voice”, como Roger Ailes, o falecido presidente e CEO da Fox News. Mas, ao contrário do que já tínhamos visto, a grande diferença estava no aspeto cansado e mais velho, conseguido pela barba grisalha e comprida, que adotou.
A batalha contra a perda de peso
O ator australiano está habituado a fazer diferentes transformações, mas isso não significa que tenha sido fácil. Quando era preciso ganhar peso, Crowe admite que “até era divertido”. “Levava uma vida completamente sedentária e comia tudo que me aparecia à frente”, disse sobre o facto de engordar para dar vida a Ailes. Mas perdê-lo não era assim tão entusiasmante: “Os cinco meses que levei para perder todo aquele peso não foram tão excitantes”.
Na altura, Russell Crowe ficou irreconhecível e, como o metabolismo já não era o mesmo de outrora, nunca conseguiu recuperar a antiga forma. O que, no final, até deu jeito, porque para ser Tom Cooper, em “Unhinged”, precisava de apresentar uma figura mais roliça. Apesar de adorar o que faz e de estar em constantes transformações, tal não significa que alguma vez tenha sido feliz ao olhar-se ao espelho com mais 40 quilos em cima.
Os comentários sobre o seu peso nunca pararam, sobretudo porque ninguém consegue pensar no nome de Crowe sem se lembrar da figura esguia, mas musculada dos tempos de Gladiador. Ele sempre tentou desvalorizar as oscilações dos números da balança e de como ficava irreconhecível, afirmado que adorava a profissão. Em 2019, quando sofreu aquela que seria, até então, a transformação mais drástica de todas, Crowe disse à “Intouch Weekly” que estava “aborrecido” porque o foco da crítica estava no seu peso em prejuízo da forma como interpretou o papel.
A verdade é que, desde aí, nunca mais conseguiu recuperar. E o motivo não se prende só à idade, mas também ao estilo de vida que o ator leva. Russel Crowe não gosta de treinar e continua a ser um fumador compulsivo. Se a isto juntarmos o facto de ser fã de comida processada, percebemos melhor a sua condição física. No entanto, uma das explicações mais plausíveis está relacionada com a luta contra a depressão e a ansiedade, que o levam, por vezes, a comer muito mais do que consegue controlar.
Numa entrevista recente à revista “Men’s Health”, o ator revelou mesmo que fica “enojado” ao ver-se ao espelho e admitiu que o peso tem sido “uma batalha constante” na sua vida. E revelou ainda que já tentou diferentes dietas e rotinas de treino, “mas nada parece resultar”.
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