O amor foi um tema bastante fulcral na carreira de Bob Marley. Este pode ter diferentes significados: pode referir-se à própria vida do artista, à mulher, aos filhos ou às diversas amantes que teve ao longo do seu casamento com Rita. A traição era quase vista como algo banal na relação entre ambos — a própria mulher já o admitiu várias vezes. “Foi uma dor que tive de carregar porque eu estava desesperadamente apaixonada por aquele homem, e o sentimento apenas crescia, não enfraquecia”, contou à “BBC Caribbean”.
A história conturbada entre ambos é um dos tópicos abordados no filme “Bob Marley: One Love”, que chegou à SkyShowtime, este sábado, 27 de julho. Conta outros episódios da vida do cantor e conta com Kingsley Ben-Adir, Lashana Lynch e James Norton no elenco.
A produção retrata a realidade do rastafari, especialmente a que vivia ao lado de Rita — que sempre foi descrita como sendo “muito complicada”, especialmente pelos filhos (e são muitos).
Alguns eram fruto do casamento entre ambos, outros não. Devido às inúmeras relações extraconjugais, a mulher, Rita, chegou a recusar envolver-se sexualmente com o jamaicano. “Às vezes não tinha relações sexuais com ele porque sabia que fazia sexo desprotegido com outras parceiras. Apesar disso, continuava muito, muito apaixonada por ele”, recordou a cantora à revista “The Voice”.
À medida que o tempo avançou, a dinâmica entre os dois mudou. “A certa altura, era mais como uma irmã, uma mãe ou um anjo da guarda. Tinha a responsabilidade de tomar conta dele. Penso que foi por isso que Deus nos juntou”, acrescenta.
Rita e Bob conheceram-se em meados da década de 1960. Ela pertencia a um grupo chamado The Soulettes. O mentor e treinador da banda era Marley — que naquela altura pertencia aos Wailing Wailers.
“Quando os nossos caminhos se cruzaram, éramos ambos pobres e tínhamos uma vida difícil. Não havia riqueza e glamour. Éramos apenas duas pessoas do gueto que se apaixonaram de forma genuína”, sublinhou Rita num documentário, em 2012.
À “Rolling Stone” acrescentou alguns detalhes: “Ele mandava-me cartas através dos amigos, para dizer que gostava de mim e que queria vir a minha casa para falarmos”.
Casaram- em 1966. À data, a Rita já tinha uma filha, Sharon, de um relacionamento anterior. O cantor, por sua vez, ainda não tinha sido pai. No entanto, isto mudou em 1967, com o nascimento de Cedella. Seguiram-se Ziggy (1968) e Stephen (1972).
Pelo meio — e nos anos seguintes —, a família cresceu consideravelmente. Juntaram-se Robbie (1972), Rohan Anthony (1972), Karen (1973), Julian (1975), Ky-Mani (1976) e Damien Robert Nesta (1978) — todos nascidos de relações extraconjugais que Bob teve durante as viagens de trabalho ao Reino Unido. “Os bebés são fantásticos e não é preciso muito para os trazermos ao mundo. Só é necessária uma rapariga jeitosa que não tome a pílula. O sexo é uma coisa maravilhosa”, disse numa entrevista a uma publicação jamaicana.
Os miúdos eram as provas vivas que não deixavam Rita esquecer que Marley não encarava o casamento como uma relação de exclusividade. Ela, porém, fez o mesmo. Em 1974, foi mãe de Stephanie, fruto de um relacionamento com outro homem. A bebé acabou por ser adotada pelo rastafari, que a criou como se fosse sua.
“Fez-me sentir especial quando o Bob me passou o legado dos seus outros filhos. E nunca me intrometi na vida das outras mulheres. Eu sabia que era a menina especial dele”, contou Rita, em 1984, à “People”.
O artista morreu em 1981 devido a um cancro na pele. Tinha 36 anos. A sua história de vida permanece muito presente na memória coletiva e o seu legado continua a ser transmitido pelos homens e mulheres que trouxe ao mundo.
Muitos seguiram uma carreira na música, sendo Ziggy um dos nomes de maior destaque. “Ele significa muito para nós e para os fãs. Para alguns, é um amigo, para outros, um pai ou um irmão. Foi uma lenda, um profeta e, muitas vezes, era apenas uma pessoa normal que se divertia bastante”, disse à “Rolling Stone” em 2014.
Ziggy sublinha também que a sua mãe é uma figura fulcral para preservar o legado deixado pelo jamaicano. “Sem ela, nada disto seria possível, e o percurso profissional dele só foi possível graças a ela. Eles complementavam-se, e acho que toda a gente devia ter alguém assim ao seu lado”, sublinhou, desta vez à “People”, numa entrevista dada em fevereiro deste ano.
“Bob Marley: One Love” conta com uma pontuação de 44 por cento por parte dos críticos e 92 por cento do público no Rotten Tomatoes. Face a um orçamento de 65 milhões de euros conseguiu arrecadar 165 milhões.
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