Muitos dos seus papéis foram considerados memoráveis (“Moon — O Outro Lado da Lua”, “O Assassínio de Jessie James Pelo Cobarde Robert Ford”, “Confissões de Uma Mente Perigosa”) mas não passaram disso. O reconhecimento mundial chega agora, 30 anos depois de ter começado a aparecer no cinema e na televisão com “Três Cartazes à Beira da Estrada” — que estreia em Portugal a 11 de janeiro.
No filme de Martin McDonagh ( e “Em Bruges”) é o agente Dixon, um polícia burro e intolerante que pouco faz para ajudar uma mãe (interpretada por Frances McDormand) que tenta desesperadamente descobrir o homicida da filha e fazer com que ele seja condenado.
No domingo, dia 7, venceu o Globo de Ouro de Melhor Ator Secundário e os críticos da área garantem que o Óscar está quase garantido. Em miúdo achava que por esta altura, aos 49 anos, estaria na prisão ou a trabalhar numa bomba de gasolina. Chegou a entregar comida de bicicleta em Nova Iorque e a servir de assistente a um detetive privado. Contudo, um dos seus maiores talentos é dançar — e isso é aproveitado em muitos papéis. Descreve-se como um “nerd da cerveja”, às vezes os amigos chamam-lhe Sammy e Ben Affleck até lhe arranjou o nickname “the Rock” (a partir de Rockwell)
A NiT conta-lhe as histórias mais incríveis de Sam Rockwell, o ator de quem todos falam em Hollywood.
A quase inexistente infância
Cresceu em São Francisco e foi criado pelo pai desde os cinco anos — a mãe deixou a família nessa altura e mudou-se para Nova Iorque. Passou alguns verões com ela e convivia com muito poucas crianças. “Era tratado como um adulto quando tinha dez anos”, contou à revista “Slant” em 2013. Por essa altura achava também que a sua vida em adulto estava mais ou menos definida. O que estaria a fazer com a idade que tem agora? “Numa bomba a por gasolina em carros ou na prisão”, disse à revista “GQ” em 2014.
Duas vezes detido
Na adolescência foi, primeiro, apanhado a comprar cerveja com um bilhete de identidade falso. Depois pôs-se a gritar com uns amigos à porta de casa de outro membro do grupo. A polícia apareceu, fugiram de carro mas acabaram por ser parados. Ele ia no lugar do pendura mas passou para o espaço do condutor, sacrificando-se pelos outros. “Inicialmente a polícia pensou que o carro era roubado, algemaram-nos e tudo”, recordou à “GQ”.
O melhor amigo
Foi no secundário que conheceu Leroy, o melhor amigo afro-americano. O primeiro contacto foi durante uma aula na qual estavam os dois às gargalhadas. Porquê? “Estávamos os dois pedrados”, disse numa entrevista em outubro de 2017 ao jornal “The Guardian”. Sam preferia esta nova companhia aos outros miúdos brancos da escola, ou “a juventude nazi” como ainda lhe chama, e começou a ir com ele a festas. Foi assim que aprendeu a dançar para impressionar as raparigas.
A máquina de dança
Tornou-se tão bom que ainda hoje usa essa característica nos vários papéis. No YouTube há inúmeras compilação que o mostram a dançar em filmes como “À Boleia Pela Galáxia” (2005) ou “Moon — O Outro Lado da Lua” (2009).
Assistente de detetive
Andou numa escola de artes de São Francisco mas desistiu antes de terminar os estudos. Foi depois inscrito pelos pais numa escola alternativa e, depois do 12.º ano, mudou-se para Nova Iorque para ser ator. Para ter dinheiro trabalhou em restaurantes, entregou burritos de bicicleta mas foi também assistente de detetive. “Segui uma tipa que estava a ter um caso e tirei-lhe fotos num motel”, contou à “Rolling Stone” em 2002 sobre uma das experiências.