Cinema

Sean Penn: “Will Smith nunca teria batido no Chris Rock se tivessem convidado o Zelensky”

O ator ameaçou derreter o Óscar se a Academia não convidasse o presidente ucraniano. Agora, Penn fala sobre a fatídica cerimónia.

A cerimónia de 2022 dos Óscares ficou marcada pela estalada que Will Smith deu ao apresentador Chris Rock. Mas na opinião de Sean Penn, a noite deveria ter sido de ovação ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Segundo o ator, todo o drama em torno da agressão poderia ter sido evitado.

“Os produtores devem ter pensado: ‘Oh, o Zelensky não suficientemente alegre’. Bem, adivinhem lá o que aconteceu a seguir? Will Smith”, disse numa entrevista à “Variety” onde falou sobre o seu documentário da invasão da Ucrânia intitulado “Superpower”, que co-realizou com Aaron Kaufman.

“Não conheço o Will Smith. Aliás, encontrei-me com ele uma vez. Pareceu-me um tipo muito simpático… então por que raio é que haverias de cuspir em ti próprio e em todos os outros a fazer uma coisa tão estúpida? Porque é que eu fui para a cadeia quando fiz o mesmo? E porque é que tu ainda estás aí sentado? Porque é que há tipos de pé a aplaudir o seu pior momento como pessoa?”

Penn foi o principal impulsionador de um convite para que o presidente ucraniano falasse em direto na cerimónia. O pedido terá sido recusado em 2022 e também em 2023. O produtor dos Óscares, Will Packer, terá, segundo algumas fontes, manifestado preocupação em dar tempo de antena a Zelensky, uma vez que todas as pessoas afetadas pelo conflito são brancas e os conflitos que envolvem pessoas de outras raças não recebem a mesma atenção de Hollywood.

“Esta porcaria não teria acontecido com Zelensky”, afirmou Penn na entrevista. “O Will Smith nunca teria saído daquela cadeira para fazer parte daquele ato violento e estúpido. Isso nunca teria acontecido.”

O ator chegou mesmo a ameaçar derreter os seus próprios Óscares se Zelensky não fosse convidado a falar em direto. Acabou por não o fazer, mas decidiu dá-los ao presidente da Ucrânia, num empréstimo simbólico até ao final do conflito.

No comentário, Penn fez menção à pena de prisão à qual foi condenado depois de ter sido considerado culpado, em 1987, por condução imprudente e agressão a um figurante no set do filme “Colors”. Penn terá agredido o figurante Jeffrey Klein, de 32 anos, durante uma pausa nas filmagens em Venice Beach.

Penn não quis que Klein o fotografasse, a si e a Robert Duvall. Vai daí, insultou-o e cuspiu-lhe. Klein devolveu a cuspidela, o que fez com que o ator partisse para a agressão a soco. Só parou quando foi retirado e controlado pelos membros do elenco.

O documentário de Penn, “Superpower”, estreia nos Estados Unidos a 18 de setembro. Penn foi apanhado de surpresa pela invasão à Ucrânia, quando estava no terreno a fazer um documentário sobre a ascensão de Zelensky.

Co-produzido por Penn e Aaron Kaufman, o projeto vai contar com várias entrevistas do ator ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ao longo de dois anos — e sete viagens ao país. O filme vai mostrar como era a vida no território antes da invasão por parte da Rússia, as horas antes de serem lançados os primeiros mísseis por Vladimir Putin e a vida atual dos cidadãos ucranianos.

“Partimos nesta aventura para contar uma história engraçada de como um ator de comédia tinha sido eleito presidente da Ucrânia e, em vez disso, passámos a acompanhar um líder histórico e a guerra no seu país”, disse Sean Penn, citado pelo site “The Wrap”. “Quando entramos num território com tanta união entre as pessoas, percebemos aquilo que nos tem faltado [nos Estados Unidos].”

Carregue na galeria para conhecer as novas séries que chegam à televisão em setembro.

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